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14/07/2014

As Religiões no Rio, de João do Rio

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João do Rio: uma novidade do século xx
           
A concepção da imprensa como uma empresa visando ao lucro chegou ao Brasil na medida em que o próprio sistema capitalista começava a se compor no país. Muito por isso, o jornal brasileiro vai demorar mais de cem anos para consolidar a técnica da pirâmide invertida nos textos (década de 1950), em comparação com o jornal produzido nos Estados Unidos.

Essa mudança começou a dar-se, substancialmente, na virada do século XIX para o século XX, como atesta Nelson Werneck Sodré:

Nos fins do século XIX, estava se tornando evidente, assim, a mudança na imprensa brasileira: a imprensa artesanal estava sendo substituída pela imprensa industrial. A imprensa brasileira se aproximava, pouco a pouco, dos padrões e das características peculiares a uma sociedade burguesa (SODRÉ, 1983, p. 281).

A transição do modelo de jornal partidário para uma empresa de comunicação começa já nas últimas décadas do século XIX. No entanto, trata-se de uma lenta passagem, muito devido ao momento turbulento em que se vivia. Com a ainda incipiente República que fora instaurada em 1889, os jornais de cunho político, com a predominância do artigo de fundo e da opinião, ainda tinham a sua função, uma vez que serviam como arma aos defensores do regime que fora combalido, o monárquico.

A imprensa se consolida como uma grande estrutura quando o regime republicano começa a se legitimar, pelos menos nas aparências. Como afirma Nelson Werneck Sodré, era uma República consolidada “em suas exterioridades formais”, pois o país passava por uma estagnação econômica, uma elevada carga tributária, além da estagnação política, com oligarquias absolutas gerindo o Estado como se fossem “fazendas particulares” (SODRÉ, 1983).

A imprensa de caráter artesanal, neste momento, predominava somente no interior, nas pequenas cidades, apenas circundando os jornais mais prósperos. Isso porque, nas grandes metrópoles, nas capitais, “já não havia lugar para esse tipo de imprensa”, pois o “jornal ingressara, efetiva e definitivamente, na fase industrial, era agora empresa” (SODRÉ 1983, p. 275).

Embora nessa época seja inegável o crescimento da imprensa como indústria de
notícias, que ali houve o princípio do soterramento do jornal individual em que a opinião valia mais do que qualquer outra coisa, a época dos 1900 no Brasil é ainda assim experimental, como atesta Carlos Eduardo Lins da Silva:

[...] a falta de condições na economia local de sustentar essa vontade faz com que ela se frustre, embora alguns jornais consigam sobreviver (como o Jornal do Brasil e o Estado de São Paulo, ambos inaugurados no século 19 e ainda hoje entre os 4 maiores diários do país). A fragilidade dessa ‗aventura industrial‘ até a segunda metade deste século é inquestionável (Apud Sales, 2006, p. 80).

Tem-se, ao mesmo tempo, no Brasil de 1900, um lento processo de desenvolvimento do capitalismo. E, como o jornalismo lida com o poder, essas mudanças refletem no jornal, e denotam uma contradição: há jornais com feições empresariais inseridos num contexto em que o poder se encontra numa fase pré-capitalista. Nelson Werneck Sodré aponta essa defasagem como forma de explicar o quão, à época, soava natural ao presidente Campos Sales13 comprar a opinião da imprensa “e de confessar nuamente essa conduta” (1983, p. 277).

Com a nova imprensa, muda-se, portanto, até como se compra o lado editorial de um jornal. Não há mais como comprar monetariamente o dono, haja vista a complexidade que foi atribuída à empresa jornalística; é preciso mais: o jornal a ser corrompido passou a receber negócios que proporcionassem dinheiro (SODRÉ, 1983).


Diante desse quadro, tem-se, nos primórdios do século XX, uma imprensa dividida pelo servilismo ao governo ou pela oposição ferrenha. Luís Edmundo apresentava um imenso pessimismo em relação ao jornalismo que se praticava à época, inclusive com uma carga de saudosismo do modo que se fazia jornalismo, que ele denomina de “aquele jornalismo desenvolto, após o grito do Ipiranga”. Segundo ele, o jornalismo, “na assomada do século em que vivemos, nada mais é do que um tráfico de espertos [...] à revelia das aspirações e interesses do país” (EDMUNDO Apud SODRÉ, 1983, p.279).



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Fonte:
Lucas Osório Rizzatti: “João do Rio: o escritor da vida real: a apuração jornalística e o texto de reportagem em A alma encantadora das ruas”. (Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo. Orientadora: Prof.ª Mestre Rosa Nívea Pedroso). Porto Alegre, 2009.

12/07/2014

A Bela Madame Vargas (Teatro), de João do Rio

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A questão do intelectual e o poder em João do Rio

João do Rio tem sido visto pela crítica como um intelectual mais alinhado à burguesia que às classes subalternas. No que se reporta às suas crônicas, em muitos momentos ele se manifesta sensível aos sujeitos que se encontram à margem do tecido social, como será mostrado mais aqui. Parece-me bastante significativo considerar que o mesmo dilema que se exerceu em Lima Barreto, ante os problemas de classificação e formação identitária, produziu em João do Rio um recalque, não suficiente para calar o seu discurso em relação à República, mas forte o bastante para silenciar, em muitos momentos, o discurso étnico.

Ressalto, porém, que o jornalista parece, não obstante o seu dilema, ter usado em alguns momentos estratégia discursiva semelhante à utilizada por Machado de Assis, acusado por muitos de silenciar em relação à questão étnica, mas que, conforme Eduardo de Assis Duarte (2005), representa uma estética da dissimulação, “escritos de caramujo”, uma crítica indireta e irônica. Acredito que João do Rio, nesse contexto, busca o caminho da escrita machadiana, o caminho da dissimulação, na construção de um discurso contra-hegemônico, e, se não o faz conscientemente, o faz por força do dilema vivido. Em A Alma encantadora das ruas, há uma sequência de seis crônicas, sob o título de “Onde s vezes terminam as ruas”. Nessas crônicas, João do Rio descreve, com riqueza de detalhes, as prisões e os seus habitantes, grande parte deles negros, inominados. Ao final da crônica “As quatro ideias capitais dos presos” o narrador declara: 

Esses quatro ideais de generalidade dos presos fizeram-me pensar num país dirigido por eles. Um rei perpétuo governaria os vassalos, por vontade de Deus. Os vassalos teriam a liberdade de cometer todos os desatinos, confiantes na proteção divina, e a imprensa continuaria impassível no seu louvável papel de fazer celebridades. Seria muito interessante? Seria quase a mesma coisa que os governos normais - apenas com a diferença da polícia na cadeia, como medida de precaução. Tanto as ideias do povo são idênticas, quer seja ele criminoso quer seja honesto” (JOÃO DO RIO, 2008, p. 226).

O cronista vale-se de ironia para contestar o Estado. Aparentemente, a descrição dos fatos ocorridos na prisão não tem maiores pretensões. No entanto, o narrador inverte a ordem das coisas, ao imaginar um outro Estado. Os excluídos é que teriam o domínio das estruturas de poder. Esse enfoque permite-nos observar que João do Rio estava sempre interessado em desmistificar os universos da aparência e da essência das coisas.

A esse propósito, é preciso relembrar a percepção de João do Rio acerca da artificialidade do sujeito em sua época, o que pode ser evidenciado na conferência “O figurino”, publicada no volume Psicologia  urbana, da qual, a partir das considerações de Renato Cordeiro Gomes, assinalo: “Tudo no mundo é cada vez mais figurino, obsessão contemporânea [...] Estamos na era da exasperante ilusão, do artificialismo, do papel pintado, das casas pintadas, das almas pintadas” (JOÃO DO RIO, apud GOMES, 1996, p. 16). O que seriam essas almas pintadas? Talvez, uma representação da artificialidade da vida dos sujeitos que tentam se adequar às demandas da modernização. O papel, que o indivíduo assume em algumas circunstâncias, é um “papel pintado”, falseado, simulado. João do Rio consegue registrar a artificialidade da cidade letrada, mas vive o dilema da fascinação e da oposição a ela. A própria República parecia pintada, artificial, como as pessoas que a habitavam.

De acordo com a filósofa Marilena Chauí, em "Cultura e Democracia", a sociedade brasileira “ uma sociedade que opera por exclusão, pela prática da violência e pelo poder hierarquicamente estabelecido e justificado” (CHAUÍ, 2008, p. 43), e é preciso lembrar pelo menos três coisas importantes para entendermos a nossa república. A primeira é que a noção de república não é idêntica à de democracia.

A república, originalmente, é um governo aristocrático, ou seja, é uma oligarquia. Apenas aqueles que são definidos, no caso de Roma, como romanos, isto é, participantes da propriedade da terra, é que são considerados politicamente válidos. Isso significa, ao contrário do que muitos pensam, que não podemos considerar república e democracia como a mesma coisa. A república, tal como pensada em Roma, exige a separação entre o espaço privado e o espaço público, além da existência da constituição escrita, mas ela não compreende propriamente um direito universal à participação política e ao exercício do Poder que, na verdade, diz respeito à democracia. Essa compreensão é o que torna mais claro o tipo de organização política brasileira que dá lugar à república, sem se ater a princípios democráticos, ou seja, constituindo uma república onde a população pobre não tem voz. Outro aspecto diz respeito à ausência de luta popular para constituir a república brasileira, assim como ocorre com outros eventos históricos, o que denota que, na verdade, a República é constituída da disposição das próprias classes dominantes para atender aos seus interesses.

Segundo Marilena Chauí, no Brasil, tanto a independência, quanto depois a república, foram constituídas por golpe de estado. A observação acurada do processo republicano em outros países da América Latina demonstra a presença de revoluções e guerras civis. Não que isso seja um componente essencial, mas se não há participação das classes que se encontram alijadas, não será possível pensar na observação do seu direito. Não estamos esquecendo aqui as diversas revoltas sociais ocorridas no período de transição entre Império e República. No entanto, parece-nos que, na hora de implantar a República, esses atores sociais foram esquecidos, ou postos à margem do processo. A república no Brasil é implantada de cima pra baixo, diferentemente dos outros processos republicanos, em que ela vai da ação popular ao do poder político.

O terceiro ponto é que a nossa república sempre foi oligárquica, à maneira dos romanos, e, dada a sua origem de implantação, de cima para baixo, ela sempre foi uma república autoritária. Ela corresponde ao autoritarismo da sociedade brasileira. A sociedade brasileira, à época de Lima Barreto e Paulo Barreto, era uma sociedade vertical, hierárquica, que distinguia as pessoas em superiores e inferiores, com uma enorme dificuldade para assimilar a noção de direitos, para trabalhar com a noção de soberania, com as ideias de liberdade, igualdade e participação, mesmo com os ventos da abolição impelindo a nação para novos rumos. A sociedade republicana operava por exclusão, pela prática da violência e pelo poder hierarquicamente estabelecido e justificado pela força econômica.

O lugar de que falam os cronistas constitui uma diferença marcante em seus textos. Enquanto Lima Barreto parece se instalar ao lado das pessoas comuns, partilhando dos seus dramas, Paulo Barreto, ainda que penetre em alguns lugares como o Morro de Santo Antônio de “Os livres acampamentos da Mis ria”, seu olhar de outro lugar, como se observa em:

Certo já ouvira falar das habitações do morro de Santo Antônio, quando encontrei, depois da meia-noite, aquele grupo curioso – um soldado sem número no boné, três ou quatro mulatos de violão em punho. Como olhasse com insistência tal gente, os mulatos que tocavam, de súbito emudeceram os pinhos, e o soldado, que era um rapazola gigante, ficou perplexo, com um evidente medo. Era no largo da Carioca. Alguns elegantes nevralgicamente conquistadores passavam de ouvir uma companhia deoperetas italiana e paravam a ver os malandros que me olhavam e eu que olhava os malandros num evidente início de escandalosa simpatia. Acerquei-me (JOÃO DO RIO, 1911, p. 27).

A sua presença, como observador no Morro de Santo Antônio, representa o lugar do outro, apesar da “escandalosa simpatia”. A reportagem, escrita na primeira pessoa do singular, já desde o início estabelece o signo da diferença entre o narrador, pertencente a um grupo de “elegantes” e o seu outro, composto por mulatos e um soldado sem número no boné. A ausência do número e o tom da pele representam aqui uma identidade inconclusa. Os personagens aqui constituem a esfera da inclusão e da exclusão. O olhar marca a posição de cada sujeito na narrativa: “parava a ver os malandros que me olhavam e eu que olhava os malandros num evidente início de escandalosa simpatia”.

Conforme Gutemberg Medeiros, “Os livres acampamentos da mis ria” constitui uma narrativa extremamente simbólica para problematizar a questão da exclusão social no Rio de Janeiro. É narrada a realidade do morro de Santo Antônio como espaço de alijamento e ausência do Estado, onde se vê uma mis ria endêmica, ou “indolente”, nas palavras do próprio João do Rio. Para o autor, o texto mencionado de João do Rio aponta para uma cidade dentro de outra. Vejo, no entanto, que se trata de duas cidades que se opõem.

A descrição de indivíduos, comuns ao drama da cidade carioca, muitos deles comprimidos pelo processo de modernização, pode ser ressaltada pelo personagem Braga, da crônica “Velhos cocheiros”, sentindo sua inadaptação ao novo, tendo em vista a sua idade avançada. A miséria das pequenas profissões, muitas delas ocupadas por negros, ciganos e outros desafortunados, evidencia com clareza os problemas sociais que escapavam ao controle da República Velha e colocavam as classes sociais em oposição: “O Rio tem também as suas pequenas profissões exóticas, produto da miséria ligada às fábricas importantes, aos adelos, ao baixo comércio; o Rio, como todas as grandes cidades, esmiúça no próprio monturo a vida dos desgraçados” (JOÃO DO RIO, 2008, p. 55, 56).

[...]

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Fonte:
Aciomar Fernandes de Oliveira
: “Etnicidade, memória e poder nas crônicas de Lima Barreto e João do Rio: entre o dilema e o silenciamento”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras - Estudos Literários - da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Letras: Estudos Literários. Área de concentração: Teoria da Literatura Linha de Pesquisa: LEA – Literatura e Expressão da Alteridade Orientadora: Prof. Drª. Haydée Ribeiro Coelho). Belo Horizonte, 2010.

Notas
A imagem inserida no texto não se inclui na referida obra. As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da obra em sua totalidade. Disponível em: www.bibliotecadigital.ufmg.br

A Alma Encantadora das Ruas, de João do Rio

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João do Rio entre a reportagem e a literatura

A produção jornalística de Paulo Barreto, sob o pseudônimo de João do Rio, se constitui, hoje, em seu maior legado. Mesmo assim, Paulo Barreto nasceu escritor e sempre conciliou essa sua carreira com a profissão de jornalista, nunca deixando de produzir narrativas ficcionais.

Como já fora sublinhado neste trabalho, em 1905, ele estampou na Gazeta de Notícias uma enquete dirigida aos principais intelectuais da época. Entre as questões elencadas, havia uma estritamente relacionada com o debate em torno do jornalismo e da literatura: “o jornalismo, especialmente no Brasil, é fator bom ou mau para a arte literária?” – foi, de longe, a questão que mais provocou polêmica. A compilação das respostas foi publicada em livro três anos depois, chamado de O Momento Literário.

Paulo Barreto acabou perguntando aos outros o que ele já fazia na prática, como João do Rio: a convergência entre jornalismo e literatura. Segundo Marcelo Bulhões, em sua produção, é possível identificar recursos literários importantes, como um “ processo narrativo que atualiza os acontecimentos, presentificando-os, por assim dizer, fazendo com que o leitor acompanhe o desenrolar da ação como se fosse uma testemunha” (2006, p. 57). Para Bulhões, “torna-se compatível, no fim das contas, o caráter informativo com o traço ficcional próprio do gênero conto [...] o jornalístico-informativo convive, em rica ambigüidade, com o literário-ficcional” (2006, p. 57). João Carlos Rodrigues, analisando o A alma encantadora das ruas, comenta que “há momentos em que não sabemos mais se estamos lendo uma grande reportagem ou pura literatura” (RODRIGUES, 1996, p. 70).

A questão ficcional também aparece quando se analisa a figura e a função do narrador. Em João do Rio, o repórter não se mostra distanciado ou indiferente. Na visão de Cremilda Medina, João do Rio abusa da primeira pessoa, soando inclusive “egocêntrico”: “A reportagem de João do Rio apresenta um ‗autor‘ e não um repórter como narrador intermediário, impessoal, do fato jornalístico” (MEDINA, 1976, p. 72). O repórter acaba sendo mais um personagem entre tantos outros, um narrador da aventura que é fazer uma reportagem: “Em última instância, tratar-se-ia de um jornalismo auto-referente, a um passo da atitude metalingüística, uma vez em que se narra e se tematiza a própria atividade de reportar e de escrever” (BULHÕES, 2006, p. 63).

Portanto, quanto ao tratamento estilístico do texto de João do Rio, podem-se resumir suas características, segundo Cremilda Medina: há a descrição de ambientes e fatos e também o repórter como narrador; há o diálogo repórter-fonte (segundo Cremilda Medina, é um recurso que dinamiza a narração, mas que está excessivamente centralizado no escritor); o rimo narrativo da reportagem está presente (um ritmo de cenas e situações com caráter dinâmico, fixando o leitor); por último, tem-se as frases e os recursos literários, que, segundo a autora, muitas vezes são vistos como deslizes retóricos. (MEDINA, 1976).

Com todas essas particularidades que se parecem distantes do anacrônico, porém quase imortal, mito da objetividade jornalística, a riqueza do texto de João do Rio foi tratada como um legado menor de sua obra. Para a maioria dos estudiosos, João do Rio tem a sua importância na história da imprensa brasileira por trazer para as redações uma noção o repórter como profissional de rua, que utilizasse o expediente da entrevista e da observação in loco. Já no seu tratamento estilístico, apontam que João não conseguiu firmar um estilo de se escrever jornalismo:

Nelson Werneck Sodré, ao traçar o perfil de Paulo Barreto, identifica-o como ‗jornalista cuja contribuição não foi no terreno da linguagem, mas no uso de métodos que, não sendo novos, foram apurados por ele, aproveitados, praticados com inteligência, a entrevista e o inquérito e a reportagem em particular‘. Para Cremilda Medina, Paulo Barreto inovou ‗principalmente ao nível do conteúdo informativo e dos métodos de captação dos dados, portanto, ao nível da reportagem. Como redator ou estilista, preso a um tratamento literário muitas vezes esteticamente criticável, não consegue firmar um estilo jornalístico (VERNIERI, 2009, p. 19-20).

No entanto, não se pode relegar a um plano inferior o modo original com que ele lidava com o real e o ficcional, ou seja, a forma com que João do Rio se apropriava das informações e as colocava no papel também são importantes. Não se ater a isso, é deixar “de lado a possibilidade das influências recíprocas entre a literatura e a reportagem no que concerne ao modo de narrar uma história” (VERNIERI, 2009, p. 20). Susana Vernieri aponta que, hoje, incrementar o texto jornalístico da reportagem com tons literários (primeira pessoa, adjetivações, diálogos) é comum e visto com bons olhos, sobretudo depois do fenômeno exitoso do new journalism, nas décadas de 1960 e 1970:

Quando João do Rio, na abertura do século, começa a publicar na Gazeta de Notícias suas crônicas referentes às religiões do Rio de Janeiro, ‗muita gente duvidou então da veracidade do que era revelado num estilo ágil, vivo, trepidante, num processo novo de apresentar a informação‘. Abria-se, assim, na imprensa brasileira, uma maneira nova de informar, que não se impôs e que, imprudentemente, serviu como mais um argumento para desacreditar o cronista junto aos jornalistas e aos escritores. Ambiguamente, o autor não se situava nem em um campo, nem em outro. Verificar o fato ‗in loco‘ e, depois, conferir-lhe uma roupagem que tendia para a literatura desapontava as expectativas e criava a confusão (DIMAS Apud VERNIERI, 2009, p. 20).

Esse cruzamento vanguardista – ou a “confusão” – que João do Rio proporcionou aos embasbacados leitores do início do século XX seria apenas mais uma polêmica realização sua, ente tantas outras. Em seus escritos e em sua trajetória profissional, João do Rio acaba por deixar claro que a ambiguidade não reside apenas na relação flâneur x jornalista, no quesito realidade x ficção, ou ainda no eterno dilema jornalismo x literatura. Essas relações aparentemente contrastantes, mas que nele se complementaram com distinta adequação, podem ser compreendidas como uma indelével marca, não só na sua obra, mas, igualmente, na sua vida. Dessa forma, nas próximas páginas, procurar-se-á analisar as implicações e as conexões entre o repórter e o escritor em uma de suas mais impactantes obras.



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Fonte:
Lucas Osório Rizzatti
: “João do Rio: o escritor da vida real  A apuração jornalística e o texto de reportagem em A alma encantadora das ruas”. (Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo. Prof.ª Mestre Rosa Nívea Pedroso(Orientadora). Porto Alegre, 2009.
Notas
A imagem inserida no texto não se inclui na referida obra. As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da obra em sua totalidade.

15/03/2014

A profissão de Jacques Pedreira, João do Rio

  João do Rio: “A profissão de Jacques Pedreira
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A questão do intelectual e o poder em Lima Barreto

Ao refletir sobre o papel do intelectual brasileiro no contexto sociopolítico do país, percebemos que ele pode comodamente compactuar com o      status quo e assumir uma atitude blasé ou, ainda, tornar-se o intelectual inconformado, engajado, em oposição às mazelas que testemunha. Esse é o caso de Lima Barreto que, mediante a crônica, assim como nos romances, contos, artigos etc., põe em questionamento as contradições e as revela para o leitor. Como ele mesmo assevera em correspondência a Almáquio Cirne:“ Não te julgues a nica vítima dos duros tempos que atravessamos. O nosso destino é sofrer nesta ou naquela profissão. O nosso temperamento e o feitio da nossa atividade intelectual estão sempre em conflito com a sociedade [...]” (BARRETO, apud RESENDE, 1993, p. 282). Ao adotar a postura de um observador com elevado senso crítico, o autor não se manifesta apenas por meias palavras ou com a elegância dos salões. Prefere a clareza da linguagem, na qual não falta, porém, a utilização de recursos estilísticos que lhe valorizam o texto, especialmente quando lida com a construção das imagens persuasivas para a orientação do seu ponto de vista.

Na busca pelo poder político que, no contexto da Velha República, é o que cria e assegura meios de subsistência às elites agrárias do país, ocorrem inúmeros problemas que acabam por fraturar o ideário de República sonhado pelos militares. A República acaba, por vezes, refém de antigos ranços políticos e submissa ao modelo europeu, bem como ao ideal positivista, de onde será copiado, pelos militares, o lema: “ordem e progresso”. A busca do nacionalismo comprometida de tal maneira que o Brasil chega a ter o nome mudado para “Estados Unidos do Brasil”. Todos esses acontecimentos são minuciosamente observados e criticados por Lima Barreto.

Lima Barreto colocou-se não apenas como crítico do fazer literário, rejeitando o preciosismo linguístico, mas também como crítico do papel dos intelectuais de jornal e do uso que estes faziam da imprensa, o que explica as contundentes críticas do jornalista, no tocante à não-independência ou não-atitude com relação às denúncias sociais, aos preconceitos, à não-participação do povo, à hipocrisia, à corrupção, às diferenças sociais e econômicas entre ricos e pobres, à não-implantação da reforma agrária. Lima Barreto recusa o papel de intelectual orgânico do Estado, mesmo sendo funcionário da Secretaria da Guerra.

Em diversas de suas crônicas, Lima Barreto questiona as estruturas econômicas, representadas pelas oligarquias rurais, e o poder que junto a elas se consolida em face à negação da importância do negro na formação da nação. Os processos de exclusão, segregação de classe e de cor, além de alienação do negro, aparecem descritos em crônicas como “A volta” e “O convento”.

Outro aspecto importante é a crítica à Grande Imprensa que, segundo Beatriz Resende (1993, p. 24), não é gratuita, mas fundamenta-se no desacordo com o papel político exercido por alguns intelectuais a serviço do Estado, no objetivo de organizar a sociedade pelo alto. Esse papel político, não obstante as críticas contra o Estado, não é compartilhado com tanta veemência por seu contemporâneo, Paulo Barreto, em algumas das crônicas relacionadas por nós.

Lima Barreto procurou não deixar que suas angústias o fizessem calar diante do silêncio de vários intelectuais. É no plano temático e discursivo, que permeiam as relações de poder, que Lima Barreto constrói suas críticas. A loucura e a morte propiciam mostrar essas questões. No estudo sobre Triste fim de Policarpo Quaresma, realizado por Haydée Ribeiro Coelho (1981, p. 34-39), verificou-se como a oposição ao poder levou o protagonista à loucura e à morte. Na crônica “Elogio da morte”, de Lima Barreto, datada de 1918, contrariar uma pessoa poderosa é considerado loucura. Aquele que o faz é chamado de louco. Nesta crônica, o narrador afirma, no entanto, que malucos foram os reformadores do mundo. O herói louco, que desafia a morte ou que nela encontra prêmio maior que a vida permite vislumbrar a face quixotesca do cronista. Nos textos em questão, a morte é enunciada e evocada como prêmio ou mesmo consolo diante dos embates sociais, pois, segundo o autor, a morte tem o mérito de produzir o enaltecimento que o sujeito não teve em vida, conforme o trecho:

Não sei quem foi que disse que a Vida é feita pela Morte. É a destruição contínua e perene que faz a vida. A esse respeito, porém, eu quero crer que a Morte mereça maiores encômios. É ela que faz todas as consolações das nossas desgraças; é dela que nós esperamos a nossa redenção; é a ela a quem todos os infelizes pedem socorro e esquecimento. Gosto da Morte porque ela é o aniquilamento de todos nós; gosto da Morte porque ela nos sagra. Em vida, todos nós só somos conhecidos pela calúnia e maledicência, mas, depois que Ela nos leva, nós somos conhecidos (a repetição é a melhor figura de retórica), pelas nossas boas qualidades. É inútil estar vivendo, para ser dependente dos outros; é inútil estar vivendo para sofrer os vexames que não merecemos.

A vida não pode ser uma dor, uma humilhação de contínuos e burocratas idiotas; a vida deve ser uma vitória. Quando, porém, não se pode conseguir isso, a Morte é que deve vir em nosso socorro. A covardia mental e moral do Brasil não permite movimentos de independência; ela só quer acompanhadores de procissão, que só visam lucros ou salários nos pareceres. Não há, entre nós, campo para as grandes batalhas de espírito e inteligência. Tudo aqui é feito com o dinheiro e os títulos. A agitação de uma ideia não repercute na massa e quando esta sabe que se trata de contrariar uma pessoa poderosa, trata o agitador de louco. Estou cansado de dizer que os malucos foram os reformadores do mundo. Le Bon dizia isto a propósito de Maomé, nas suas Civilisation des arabes, com toda a razão; e não há chanceler falsificado e secretária catita que o possa contestar. São eles os heróis; são eles os reformadores; são eles os iludidos; são eles que trazem as grandes ideias, para melhoria das condições da existência da nossa triste Humanidade. Nunca foram os homens de bom senso, os honestos burgueses ali da esquina ou das secretárias chics que fizeram as grandes reformas no mundo. Todas elas têm sido feitas por homens, e, às vezes mesmo mulheres, tidos por doidos. A divisa deles consiste em não ser panurgianos e seguir a opinião de todos, por isso mesmo podem ver mais longe do que os outros. Se nós tivéssemos sempre a opinião da maioria, estaríamos ainda no Cro-Magnon e não teríamos saído das cavernas. O que é preciso, portanto, é que cada qual respeite a opinião de qualquer, para que desse choque surja o esclarecimento do nosso destino, para própria felicidade da espécie humana. Entretanto, no Brasil, não se quer isto. Procura-se abafar as opiniões, para só deixar em campo os desejos dos poderosos e prepotentes. Os órgãos de publicidade, por onde se podiam elas revelar, são fechados e não aceitam nada que os possa lesar. Dessa forma, quem, como eu nasceu pobre e não quer ceder uma linha da sua independência de espírito e inteligência, só tem que fazer elogios à Morte. Ela é a grande libertadora que não recusa os seus benefícios a quem lhe pede. Ela nos resgata e nos leva à luz de Deus. Sendo assim, eu a sagro, antes que ela me sagre na minha pobreza, na minha infelicidade, na minha desgraça e na minha honestidade. Ao vencedor, as batatas! (BARRETO, apud RESENDE, 2004, p. 391-392).

Para o cronista, o reconhecimento de uma pessoa, geralmente, torna-se maior com a morte do que em vida. Se a vida reduz-se apenas a infortúnios, então, ela não tem valor. De acordo com o narrador, as grandes mudanças só são realizadas por aqueles que não temem a morte. É por isso que, no Brasil, não se seguiram grandes movimentos de “independência”, conforme o narrador. Os grandes movimentos carecem de heróis que não temam a morte, carecem de loucos. Para o Homem racional, os grandes embates se dão pelos títulos e pelo dinheiro, uma vez que a vida se rege pelos valores materiais, mas a morte se orienta pelas coisas espirituais. A loucura é uma fuga da vida, onde a razão impera. O narrador esclarece que a divergência de opiniões é saudável e importante para a felicidade do homem.

A crônica se encerra com a ratificação da oposição do cronista à ingerência dos poderes constituídos sobre a Imprensa. Sobretudo, o cronista se opõe, novamente, aos fechamentos de jornais e ao cerceamento da liberdade de imprensa. Sua crítica acaba por produzir um sério questionamento da própria República, que tantos obstáculos impõe à vida.

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Fonte:
Aciomar Fernandes de Oliveira: “Etnicidade, memória e poder nas crônicas de Lima Barreto e João do Rio: entre o dilema e o silenciamento”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras - Estudos Literários - da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Letras: Estudos Literários. Área de concentração: Teoria da Literatura Linha de Pesquisa: LEA – Literatura e Expressão da Alteridade Orientadora: Prof. Drª. Haydée Ribeiro Coelho). Belo Horizonte, 2010.

08/02/2014

Dentro da Noite (Contos), de João do Rio

 Dentro da Noite, de João do Rio
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O fantástico em João do Rio...

A declaração de João do Rio não deixa dúvidas sobre a importância da rua em sua escrita. Esta entidade de vida própria, reflexo da alma ambígua do escritor-jornalista, é o lugar por onde passeiam de dia a dama da sociedade, o cavalheiro, as modern girls e os chamativos automóveis. É na noite, porém, que este local se revela plenamente na apresentação de sua atmosfera carregada de vício, medo e mistério. Não à toa o título de seu principal livro de contos – Dentro da noite (1910) - anuncia o palco ideal para narrativas povoadas por jogadores, neuróticos, suicidas, sádicos, pervertidos, hiperistéricos e outros personagens desajustados. Falando sobre a importância desse elemento e do desejo de modernização urgente da época, Berman destaca: “Por toda a era de Haussmann e Baudelaire, entrando no século XX, essa fantasia urbana cristalizou-se em torno da rua, que emergiu como símbolo fundamental da vida urbana” (BERMAN, 1986, p. 300).
A menção a dois ícones do período de posições e valores opostos – Haussmann e Baudelaire – enfatiza a condição ambivalente e contraditória da  rua que foi assumida pela ficção de João do Rio como o cenário de contos e crônicas que discutem questões que a inserem na Literatura Gótica. Essa situação encontra paralelo na Literatura Britânica onde os efeitos da Revolução Industrial sobre a sociedade londrina fomentaram o ressurgimento do romance gótico do século XVIII em uma nova forma. Ali o castelo e o cemitério foram substituídos pela fábrica e a casa, o monstro tornou-se a máquina e a superstição se manifestou através da ciência. Como destaca Alexandra Warwick em “Urban Gothic” (1998), a alienação do homem oprimido por uma cidade negra pela fumaça das fábricas foi refletida em uma personalidade paranóica e fragmentada. Essa atmosfera cultural deu margem a uma ampliação temática da Literatura Gótica, cujo espaço principal passou a ser representado pela cidade. Ela aparece como um lugar de ruínas, paradoxalmente sempre novo, mas sempre decadente, um estado de morte em vida, explorada amplamente no romance Drácula (1897), do escritor irlandês Bram Stoker. Essa dualidade também foi refletida em O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (1886), do escritor escocês Robert Louis Stevenson. A hipocrisia do mundo vitoriano com sua excessiva preocupação com os limites entre a vida pública e privada também foi objeto de análise de Oscar Wilde em O retrato de Dorian Gray (1891), onde um jovem faz um pacto para que permaneça belo enquanto seu retrato envelhece e acolhe a corrupção e  imoralidade de sua alma. Mesmo autores que não escreveram diretamente literatura Gótica foram indubitavelmente influenciados por suas convenções. Charles Dickens é o maior representante dessa estirpe. Muitos dos personagens de Dickens parecem se comportar como se estivessem mortos ou sob efeito de forças sobrenaturais, como Arthur Gride em Nicholas Nickleby (1838-39), e Miss Havisham em Grandes expectativas (1860-61).

A Londres do gótico urbano de Stoker, Stevenson, Wilde e Dickens encontra seu paralelo no Rio decadentista de João do Rio. Uma característica comum de estetas como Dorian Gray e os personagens de João do Rio, por exemplo, consiste na troca da realidade imediata pela ilusão. Esta construção visa criar um espaço dimensionado artificialmente no qual se afirme a capacidade do homem de libertar-se da natureza. Assim, a cidade especifica um topos da literatura decadentista e também da literatura Gótica. Como salienta Levin:

Na urbe o devaneio angustiante em busca de uma visão, uma imagem que integre o homem à vida ganha características topográficas. A idéia de que o homem se encontra subjugado ao desequilíbrio dos nervos aparece tematizada na cidade desconhecida, cheia de passagens obscuras que criam a sensação de mistério. Este espaço reproduz na forma de ruas estreitas, becos escuros, canais, pontes e avenidas a impossibilidade de a personagem decadentista reconhecer-se no tipo de vida contemporânea (LEVIN, 1996, p. 148).

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Fonte:
Alexander Meireles Silva (UFG): “O fantástico em João do Rio: um diálogo entre as literaturas brasileira e anglo-americana”. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades. Volume VIII Número XXIX Abr-Jun 2009, disponível em: http://publicacoes.unigranrio.com.br/