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A Ilíada
A Ilíada é considerada um poema
épico. Segundo Pessanha, a palavra epopeia deriva dos termos gregos épos e poiéo. Épos significa
palavra, e daí, discurso, narrativa, verso. O verbo poiéo quer dizer fazer, criar. Assim, etimologicamente, epopeia
designa uma criação narrativa versificada (Pessanha, 1992, p. 31). O metro
usado é o metro hexâmetro datílico (no caso da épica greco-romana), e a
narrativa é bem estruturada em episódios.
O papel primeiro da epopeia é de
celebrar e rememorar grandes fatos do passado, dignos de serem lembrados, com
elementos sobrenaturais e maravilhosos (interferência divina, heróis com
características excepcionais, etc). Sobre a epopeia, Lesky afirma:
(...) o facto de colocar a
narração num passado mais ou menos distante faz parte das características da
poesia heróica. Na maior parte dos casos, tais poemas têm um fundo histórico
que permaneceu consciente apesar de toda a liberdade da elaboração. Apesar de
ambas as epopéias se desenrolarem num passado longíquo, é natural que nelas se reflicta
a situação social da época do poeta. (Lesky, 1995, p. 73)
Têm-se fortes indícios de que, de
fato, houve uma guerra de Troia. Em meados do século XIX foi descoberto na
Turquia um sítio arqueológico no qual havia diversas cidades sobrepostas. A esse
conjunto foi dado o nome de Troia I, Troia II, e assim por diante, de acordo
com a camada e a época em que se inserem cada uma dessas cidades descobertas.
Arqueólogos acreditam que a Troia
mencionada na Ilíada seja a Troia VIIa, que tem sua datação por volta de 1230 a .C. Pereira afirma que
existem outros fatos que corroboram essa tese.
Assim, há registros hititas de
uma coligação de cidades da Ásia Menor, entre as quais uma que parece ser Tróia
e outra que parece ser Ílion, em luta com uma coligação de cidades dos Aqueus,
pelo séc. XIII a.C., precisamente na época do grande poderio de Micenas.
(Pereira, 1993, v. 1, p. 53)
De acordo com a característica de
composição de poesia épica, a Ilíada possui um narrador impessoal, o que
reforça ainda mais a sua característica narrativa, e um herói de destaque,
Aquiles. Há a invocação à Musa, que ajuda o poeta a relembrar os fatos, sendo
ele apenas um instrumento da deusa.
Além disso, o herói épico possui
a areté, a excelência ou
superioridade, almejada pelo homem. Na Ilíada, podemos ver que a areté é dada por Zeus ao homem, de
acordo com sua vontade, como podemos perceber nos versos 242 e 243 do livro XX
da Ilíada:
Quanto ao valor, é Zeus que para
os homens o aumenta Ou diminui, conforme entende; pois ele é superior a todos. (tradução
de Frederico Lourenço)
A areté do herói se manifesta ou no campo de batalha, através de sua
força e coragem; ou na assembleia, através do poder de persuasão e sabedoria do
seu discurso. Daí, temos a denominação tardia de certos cantos como a aristeia
(feitos de destaque) de um herói. O canto V da Ilíada é a aristeia de Diomedes
(que após matar muitos inimigos, chega a ferir a mão da deusa Afrodite); o XI,
de Agamêmnon (que também mata muitos inimigos); e o XVII, de Menelau (que com
custo defende o corpo de Pátroclo da rapina dos troianos).
A respeito da aristeia, Jaegger
ressalta que ela visava, além de fornecer quadros
particulares de uma ação de
conjunto, por em relevo o valor de todos os heróis famosos. Para o pesquisador
alemão, a Ilíada narra a maior aristeia de todas: a de Aquiles. (2003, p. 72 e 75).
Abordaremos a Ilíada novamente no
próximo capítulo, detalhando mais o seu enredo, estilo e construção de
personagens.
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Fonte:
Fonte:
Priscilla Adriane Ferreira
Almeida: “Ilíada Latina: tradução e estudo literário da adaptação da Ilíada de
Homero na antiguidade latina”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Estudos literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito para obtenção do título de Mestre. O presente
trabalho foi realizado com apoio da CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil. Orientador: Prof. Dr. Matheus Trevizam). Belo
Horizonte, 2012
Projecto muito interessante. Agora, aos 71 anos, vou podendo fazer algumas das coisas que me interessam (para além do meu trabalho de que também gostava, mas era mais técnico). Comecei a ler sobre a História da Grécia Antiga e para apoiar essa leitura encontrei aqui a Ilíada e a Odisseia. Muito obrigado.
ResponderExcluirIsso é muito engraçado, Carlos. Sempre que vejo pessoas que trabalhavam com coisas "mais técnicas", ao se aposentarem, dedicam se à literatura e filosofia. Eu, que faço mestrado em literatura clássica, espero que, ao me aposentar, dedique me a "coisas mais técnicas". A gente nunca tá satisfeito mesmo, né? Ou a gente gosta de se completar com o outro. Boa viagem com a Ilíada e a Odisséia. Depois leia a Eneida também, você vai gostar.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirIgual Afrodite e Hefesto. Um busca no outra na hierogamia o que lhe falta.
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