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O Guesa errante
O Guesa se constrói na dicotomia divino-humano pelo protagonista humano que
passa pelo ritual de sacrifício bochica para atingir a condição divina e servir
de elo com o mundo das divindades, restaurando o ciclo lunar. Da mesma forma,
essa dicotomia está presente no projeto estético da obra, em que antigo e moderno
se contorcem por dominarem a expressão poética. A estrutura épica do mundo
antigo é empregada para trazer o lado mítico da narrativa, sua razão divina, em
oposição à poética moderna que retira a narração de um ser sagrado (da musa), e
força uma razão humana a trabalhar discursivamente sobre os eventos. A narração
é tomada por um narrador não identificado, mas cuja individualidade é marcada (diferentemente
do narrador homérico):“E eu a este
clarão místico e opalo / Amo escrever do Guesa a longa história” (p.319).
No entanto, esse narrador que se refere ao Guesa na 3ª pessoa do discurso, muitas
vezes toma o lugar ocupado pelo protagonista, realizando as ações que cabem ao Guesa
na narrativa, como se coubessem ao narrador. Quando o Guesa segue Virjanura no canto
terceiro, acompanhando o movimento dos jaguares, a voz do narrador se torna o experienciador
desses atos:
“E qual eles [os jaguares], eu venho acompanhar-te,
Deusa dos roçagantes véus dourados!
Se me aparto de ti, quantos cuidados,
Quantas saudades tenho de deixar-te!” (Sousândrade, p.72)
E então, o narrador passa a compartilhar com o Guesa desse evento,
com a segunda pessoa do discurso: “Virjanura a esta hora / Também te está olhando”
(p.72). Compartilhando também a memória:
“E houve um tempo em que nós nos assentávamos,
Eu e ela, por entre os cafezeiro...
Os arroios corriam... nós amávamos...
E eram assim teus raios feiticeiros.
As vozes, eras tu que nos dizias
Tantas venturas, tantos mimos castos!
As ondas, eras tu que as incendias
Dos seus cabelos negrejantes bastos!” (p.72)
Além disso, o narrador, que constantemente se confunde no discurso
com o próprio Guesa, desenvolve a narrativa de maneira diversa da narrativa clássica.
Assim como a pessoa do discurso parece se desfazer nos momentos de exaltação
emocional, também a passagem espaço-temporal não possui um delineamento exato,
como no canto terceiro em que o Guesa passava a noite num lugar ermo e, ao dormir,
passa a cantar o sonho. Então ao final do sonho o narrador localiza o Guesa em outro
lugar, andando sobre uma embarcação, sem que essa transição tenha sido exposta
em discurso:
“Oh! Quem o visse ali ao desamparo,
Tão só! tão só! na terra adormecido” (p.62)
“As balseiras na luz resplandeciam –
Oh! Que formoso dia de verão!
Dragão dos mares, – na asa lhe rugiam
Vagas, no bojo indômito vulcão!
Sombrio, no convés, o Guesa errante
De um para outro lado passeava” (p.67)
O narrador não caracteriza o narrador épico, pois sua identidade
se mistura à do personagem, como se fosse a própria voz do Guesa se desenvolvendo
numa espécie de consciência universal. A construção da narrativa se dá na
memória – “Eu volto do passado e chego vivo” (p.99), tanto pela variação
da pessoa do discurso na relação entre narrador e personagem, quanto na sequência
do enredo. O personagem dá indicações de sua experiência que não se encaixam na
cronologia do enredo, como: “Vi no mediterrâneo tão somente” (p.119),
quando na sequência temporal ele ainda não havia saído da América do Sul.
O Guesa foge do ritual de sacrifício, mas sua condição divina
provoca desejos de morte expressos na voz do personagem. Não a morte como
aniquilação do ser, mas como o limite entre humano e divino – “Ou morres, ou respiras luz divina” (p.336)
numa subida pelos Andes à maneira de Dante ao Paraíso –, limite que só é
possível nos momentos de plenitude do prazer (o “amor divino” no contato com as
divindades) a que ele sempre dedica seu saudosismo:
“Eu tenho o mundo flagelado
À ambi ão d’esse amor divino e rudo:
Dos céus materiais estou cansado,
Nem vale à pena ser feliz no mundo!
Não d’ingratidão, nem de descrença
Aos poderes do olhar e s for as d’alma;
Porém, do que se diviniza e pensa
E passa” (p.150)
Assim como as quebras do tempo na sequência do enredo mantém a narrativa
suspensa numa memória que não obedece às “leis mortais”, ou seja, ele capaz de falar
do que ainda não aconteceu (como as visões do mediterrâneo), também no plano microestético
o tempo é desvirtuado pela quebra sintática. As elipses são tanto narrativas
quanto sintáticas, com a significação sendo remontada por séries de elementos
postos em sequência sem os elos sintaticamente explicitados, apenas
semanticamente, ou pelo uso de travessões e três pontos, seguindo a velocidade
própria dos eventos pela exterioridade dos fatos (incluindo a intervenção discursiva
dos participantes), como se não houvesse tempo para descrevê-los, como se a
fatuidade do mundo não desse oportunidade à elaboração discursiva:
“– Tende, Lottie!...
Aqui... prende-te à lajem!
Forte!.. sai da corrente!.. o braço... a mão!.
Oh! Lá vão-se co’as águas arrastados!..
Afundam-se no abismo! Deus! Socorro!
– Contra os vórtices lutam... esforçados
Tomam-na os ombros d’Ethelberto... Salvos!..
Alcançaram o rochedo... – Ao sorvedouro!
Desgraça! Horror! Lá foram-se e sumiram!
Lottie!.. Lottie!.. – Uns braços finos, alvos,
Crispos os dedos, hirtos... giram, giram,
Giram... Oh! Cristo! – Desapareceram...” (p.285)
E também nas repetições de conjunções ou adjuntos adverbiais,
estagnando as funções sequenciais da língua (sequência lógica e sequência
temporal): “Embora, embora” (p.97), “Noite, – noite. –“
(p.94).
A morte a que busca o Guesa é essa morte ritualística, simbólica,
que se manifesta apenas num breve instante e precisa ser cantada na memória para
se prolongar a experiência no tempo do canto. Mesmo a memória é algo fugidio,
ora ele é o Guesa arrancado da casa dos pais para o ritual colombiano, ora ele
é o maranhense que perdeu os pais e foi traído pelos amigos na fazendo onde
morava.
O que mantém a unidade da obra não é o enredo (concepção narrativa
que Ezra Pound explorou no século seguinte a Sousândrade), como na narrativa
tradicional, mas o ideal épico que perpassa cada passo do Guesa: por um lado, a
viagem em busca da morte que é cantada (por ele mesmo, ou sua memória) fazendo
sua glória (como a participação de Aquiles em Tróia), por outro, o saudosismo e
o retorno para casa (como o regresso de Odisseu da guerra). É no lapso entre a fuga
da morte sacrificial e o retorno (que ele prevê inevitável) que se desenvolvem
os 13 cantos, ou seja, no limite entre a matéria humana do indivíduo mortal
antes do sacrifício e a matéria divina onisciente do indivíduo após completo o
ritual. A obra está inacabada e a morte ritual a que o Guesa tanto teme voltar
não se consuma. Porém, mesmo no inacabamento (tão característico em poéticas
posteriores) se entrevê esse ideal estético d’O Guesa, da errância entre
um e outro mundo, numa fuga constante.
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Fonte:
Yuri Nakakura Palmeira: “Sacri-Ofício do Guesa-poeta”. (Monografia em Literatura apresentada ao Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do grau de bacharelado, sob orientação da Professora Dra. Adriana de Fátima Barbosa Araújo. Orientadora: Professora Dra. Adriana de Fátima Barbosa Araújo. Universidade de Brasília – UnB). Brasília, 2012.
Fonte:
Yuri Nakakura Palmeira: “Sacri-Ofício do Guesa-poeta”. (Monografia em Literatura apresentada ao Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do grau de bacharelado, sob orientação da Professora Dra. Adriana de Fátima Barbosa Araújo. Orientadora: Professora Dra. Adriana de Fátima Barbosa Araújo. Universidade de Brasília – UnB). Brasília, 2012.
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O narrador do Guesa – epos romântico
O nome épico deriva do vocábulo grego “epos”, que significa
“narração”, “discurso” e “palavra”. O discurso épico tem origem na oralidade,
através dos tempos homens narravam os feitos de heróis lendários para um
público interessado. A arte de narrar é contar fatos vividos ou presenciados por
alguém, nessa lógica surge a figura do narrador, que é alguém com autoridade para
contar a história. O narrador descreve a paisagem, conta a trajetória vivida pelas
personagens, podendo ser a personagem ou uma testemunha. O narrador é o
mediador entre a história e alguém que esteja interessado em ouvi-la, ou seja,
e o agente responsável por transmitir os detalhes da cena, a fim de que o
público possa imaginá-la.
Para entendermos como o discurso do narrador se apresenta n’O Guesa,
e de que modo ele transmite ao leitor a matéria épica articulando os planos
mítico e histórico, temos que voltar nossa atenção ao tipo de gênero eleito por
Sousândrade, neste caso o épico. O Guesa não se trata de um épico tradicional
antigo, como a Ilíada e a Odisséia, de Homero, já que como afirma
Bakhtin (1988) a epopeia (antiga) pode ser encontrada não só com algo criado há
muito tempo, mas também como um gênero profundamente envelhecido, ou seja, é um
gênero que não compreende o mundo moderno e suas relações sociais. Nessa
perspectiva, o épico grego parte da lenda, de fatos muito antigos e perdidos no
tempo, para narrar a história e os feitos nobres, a fim de elevar uma nação, por
meio de um passado glorioso e mítico. São feitos nobres vivenciados por pessoas
elevadas. Sua linguagem é específica, pois busca narrar os fatos de modo
sublime um mundo objetivo.
O gênero épico, como afirma Hansen (2008), é um gênero morto, pois
o heroísmo é improvável e inverossímil quando o dinheiro é o equivalente
universal de todos os valores. De acordo com esse argumento, em um mundo
capitalista a verdade épica não encontraria espaço, tampouco razão de ser.
Contudo, não podemos deixar de levar em consideração que alguns poetas ultrapassaram
essa barreira, e mesmo inseridos em um contexto diferente do mundo grego antigo
conceberam épicos como expressões artísticas de seu tempo. Nesse sentido, basta
voltarmos nosso olhara para o Século XIX, cenário das Revoluções Industriais e Francesa,
onde o mundo já se encontrava mergulhado na lógica capitalista, permeada por mudanças
radicais no âmbito econômico e social. Em meio a essas mudanças, o Romantismo predomina
como movimento estético representando a vida pelas diversas expressões artísticas.
Sendo assim, os poetas românticos como Byron e
Milton, produziram épicos, configurando um Modelo Épico Romântico:
O Modelo Épico Romântico constitui uma nova manifestação do discurso
épico da primeira metade do século XIX, investido pela Matriz Épica Romântica e
contaminado pela concepção literária romântica. Filia-se aos dois anteriores pela
matriz épica, mas distingue-se pela concepção literária romântica que vai
permitir a exploração das lógicas subjetiva da personagem e lírica de
sistematização para a realização do ideário romântico de expressar a
subjetividade, os sentimentos e as emoções pessoais e de liberar a força da imaginação
criadora (SILVA; RAMALHO, 2007, p. 122 e 123).
Apresentado o conceito de Modelo Épico Romântico, sendo este marcado
pela subjetividade, o que pode se refletir no discurso do narrador, temos que
contrastá-lo com o modelo épico antigo, principalmente porque este se apresenta
objetivo. Essa objetividade do discurso reflete diretamente no modo como o
narrador aparece no texto. Conforme Lígia Chiappini (LEITE, 2006, p.9), Hegel na
Estética, filtrou os pensamentos aristotélico e platônico, acerca dos
três gêneros: o épico, o lírico e o dramático. Assim, caracterizou-os da seguinte
maneira: o primeiro como estritamente objetivo, o segundo sendo subjetivo e o
terceiro como sendo a simbiose dos outros dois, aparecendo como objetivo-subjetivo.
Baseando-se no pensamento de Hegel sobre a objetividade do
discurso épico, a autora sintetiza o seguinte (Idem):
Assim a poesia épica seria aquela em que, do conjunto dos homens e
dos deuses, brotaria a dinâmica os acontecimentos que o poeta deixaria evoluir livremente,
sem interferir. Trata-se de uma realidade exterior a ele, com a qual não se identifica
a ponto de se envolver com os sentimentos, pensamentos e ações dos caracteres
em jogo.
O discurso objetivo, característico do épico grego, não permite ao
narrador se envolver no que ele narra, justamente porque ele está distanciado, ao
contrário do Modelo Épico Romântico, que está sujeito a um tom mais intimista e
subjetivo. Logo, podemos pensar em uma separação entre o discurso épico grego e
o discurso do modelo épico romântico pela dicotomia objetivo-subjetivo.
No âmbito da escola romântica brasileira, segundo uma classificação
cronológica, Joaquim de Sousândrade pertence à segunda geração de poetas românticos.
Sua produção artística estava inserida em um contexto no qual o subjetivismo, à
moda de Musset e Byron, ganhava força no discurso literário. Sendo assim, o
épico O Guesa, como vamos verificar, está carregado dessa áurea subjetiva,
bem como de inovações estéticas tanto no que diz respeito aos recursos estilísticos,
quanto ao tratamento dado às temáticas próprias do romantismo, refletindo-se no
tratamento que o narrador dá à cena a qual está contando. Essa postura mais
aproximada do narrador do épico romântico coaduna-se com a do narrador do
romance.
Na EPOPÉIA, o NARRADOR tinha uma visão de conjunto e se colocava
(e colocava o seu público) à distância do mundo narrado. O seu tom era solene;
ele era o rapsodo, uma espécie de vate, de iniciado, de mediador entre as musas
e seus ouvintes. Já o narrador do ROMANCE – quando a narrativa se prosifica na
visão prosaica do mundo, quando se individualizam as relações, quando a família
se torna nuclear, quando o que interessa são os pequenos acontecimentos do
quotidiano, os sentimentos dos homens comuns e não as aventuras dos heróis –
perde a distância, torna-se íntimo, ou porque se dirige diretamente ao leitor,
ou porque nos aproxima intimamente das personagens e dos fatos narrados (Idem,
p. 11).
Ao contrário do épico antigo, o narrador n’O Guesa se
posicionada criticamente, não se restringindo apenas à narração da cena, mas
ocupando um lugar de destaque na narrativa, aproximando-se de fato do que narra.
O trecho abaixo (SOUSÂNDRADE, 2009, p. 108) ilustra como o narrador se posiciona
em relação à ocupação de terras indígenas pelos colonizadores:
Hi foram tribus; onde resupinos
Estão hoje os senhores rodeiados
Dos cabras parasitas, assassinos
Da faca e o bacamarte apparelhados;
(...)
E onde estão os vilões civilizados
Foram os selvagens, livres na investida
À sombra de suas settas resguardados,
No amor da glória e da luctada vida;
No trecho acima, o dado histórico é a expulsão de povos autóctones
de suas terras pelos brancos, “os senhores”. São estes senhores denominados de “villões
civilizados”, que “rodeiado” por “cabras parasitas” e “assassinos”, “munidos de
“faca” e “bacamarte”, eles ocupam terras que antes foram dos índios. Podemos verificar
que o narrador critica a ocupação e que vê os invasores brancos como inimigos
violentos, algozes dos selvagens que um dia foram livres. Trata-se de uma
crítica ao processo colonizador de Portugal e Espanha na América do Sul, aqui o
narrador não se mantém neutro, pelo contrário, ele faz questão expressar sua
revolta e que é preciso expressá-la.
Abaixo, outro fragmento (Idem, p. 131 e 132) que comprova o
posicionamento crítico do narrador, em uma questão também polêmica, se referindo
à postura não exemplar de entidades ou indivíduos no que diz respeito à ética
cristã:
Para de Salvador darem-lhe a palma,
O resuscitam o corpo, ou não lh’a dão:
Provam a divindade do Deus da alma,
Nascer, morrer, prodigios! Se não, não!
Ponde-o em vosso govêrno, em vossa casa,
Em vossa sociedade, em vosso templo,
Em vosso amor, a ser do lar a braza,
Não só o mestre, um tanto mais – o exemplo.
Impostores a declamar – deixai-nos
Da liberdade ao peito a segurança,
E o meigo entristecer d’essa esperança,
Que dá-nos quem melhor tactou dos céus:
(...)
Não vós; ele é quem ‘stácomnosco e é Deus.
Não vós que aproveitais de idolatrias;
Nem vós iconoclastas, pelo templo
Em cobranças – schismaticos, o exemplo
Seguis do mercador; ou do Messias?
O narrador profere uma espécie de sermão, de modo imperativo, ele critica
aqueles que conhecem e reconhecem o Salvador, mas que não vivem o seu exemplo. Critica
o discurso impostor, bem como os iconoclastas e idolatras, induzindo o leitor a
se posicionar em relação ao assunto, finalizando com uma indagação “Seguis
do mercador; ou do Messias?”, como um ultimato em que resposta é sugerida
pelo discurso anterior, ou seja, o narrador deixa claro a sua aversão a essa
postura falsa e hipócrita, que se vale do discurso da ética cristã para se
autoafirmar na sociedade, escondendo os seus reais interesses.
Diante da postura desse narrador do Guesa, de se colocar
como voz participativa em determinados assuntos de ordem mais polêmica, demonstrando
pouca imparcialidade, cabe fazer uma ressalva quanto a essa intervenção. Para Aristóteles
(1981), o poeta deve falar o menos possível em seu próprio nome, caso contrário
não seria um imitador. Diante desse argumento, ele menciona Homero que, para ele,
aparece o menos possível, porque seu narrador não intervém na cena narrada, passando
o comando da ação para as personagens.
Tratar-se da objetividade do narrador épico. Podemos verificar pelos
fragmentos acima, o contrário disso no narrador do Guesa, que não se
exclui do objeto narrado, visto que ele se posiciona, proferindo juízos de
valor acerca do assunto, ou seja, não se trata de um narrador distante e
concentrado apenas em mostrar, mas que expressa seu ponto de vista. Contudo,
essa marca não predomina em todo o canto, queremos mostrar que ela existe, uma vez
que o narrador, ainda que se posicionando em certos assuntos, também está
alinhado a um discurso meramente objetivo, como no trecho a seguir no qual ele
apenas descreve como a personagem se encontra em um momento de tristeza
(SOUSÂNDRADE, 2009, p. 138):
E esta Equidade eterna, que aos céus dera
O raio serpentino, deu à
terra
A serpente radiante – açoite e açoite
Ou relampago, ou acção fugaz da noite.
A dor foi longa, viu-se a pausa que houve–
E continúa o Guesa,
tristemente
A fronte a alevantar, que
tão pendente
Taciturna caía–.
Nessa passagem, o narrador assume um papel mais parcial, apenas
demonstrando ao leitor como a personagem se sente. Ele não questiona este sentimento,
não o rebate, não procura uma causa, tampouco provoca o leitor a refletir
sobre, nesse caso, temos um narrador objetivo.
---
Fonte:
Mariana Rodrigues de Sá: “O autor, o narrador e a personagem: ideias que se encontram em O Guesa Errante, de Joaquim de Sousândrade”. (Monografia em Literatura apresentada ao Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciatura em Letras Português e respectivas literaturas, sob orientação da Professora Dra. Adriana de Fátima Barbosa Araújo. Universidade de Brasília – UnB). Brasília, 2013.
Mariana Rodrigues de Sá: “O autor, o narrador e a personagem: ideias que se encontram em O Guesa Errante, de Joaquim de Sousândrade”. (Monografia em Literatura apresentada ao Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciatura em Letras Português e respectivas literaturas, sob orientação da Professora Dra. Adriana de Fátima Barbosa Araújo. Universidade de Brasília – UnB). Brasília, 2013.
Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui nas referidas obras. As notas e referências bibliográficas de que fazem menção os autores estão devidamente catalogadas nas citadas obras. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados nos referidos trabalhos. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura das obras em sua totalidade.
É realmente um absurdo não ter nenhum comentário sobre os trabalhos inscritos acima sobre "O Guesa", nem que fossem mesmo de estudantes de literatura. Sousândrade introduz um estilo novo (Musset, Byron), na poesia romântica explorando temas de raiz ou que nos agridem cotidianamente, quase num desafio ao naturalismo, ao parnasianismo e também o romantismo que, com ele, já está na sua fase terceira. È um trabalho para ser lido e digerido, cada um a seu modo.
ResponderExcluiramigo, isso evidencia o empobrecimento da alma do ser mortal. a busca pela boa informação torna-se cada vez mais escassa. curti seu comentário e até deixei meu joinha. fraterno abc
ExcluirOlá! Minha mãe tinha um suplemento literário que o nome era Guesa Errante. Ela chegou a lançar 8 edições. O primeiro falava do Guesa, mas os outros englobava literatura brasileira no geral mas principalmente maranhense. Caso tenham interesse, posso tá encaminhando pra vocês.
ExcluirAbraço!
Esse é meu e-mail raianabogea@hotmail.com
Olá! Minha mãe tinha um suplemento literário que o nome era Guesa Errante. Ela chegou a lançar 8 edições. O primeiro falava do Guesa, mas os outros englobava literatura brasileira no geral mas principalmente maranhense. Caso tenham interesse, posso tá encaminhando pra vocês.
ExcluirAbraço!
Esse é meu e-mail raianabogea@hotmail.com
Olá! Minha mãe tinha um suplemento literário que o nome era Guesa Errante. Ela chegou a lançar 8 edições. O primeiro falava do Guesa, mas os outros englobava literatura brasileira no geral mas principalmente maranhense. Caso tenham interesse, posso tá encaminhando pra vocês.
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Achei a obra fascinante
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