01/09/2024
12/06/2024
Tomás Antônio Gonzaga, um árcade que vivencia ou não a Inconfidência Mineira?
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA, UM ÁRCADE QUE VIVENCIA OU NÃO A INCONFIDÊNCIA MINEIRA?
Será que um homem que se dedicou tão abertamente à monarquia, que exaltou Pombal traz uma ideologia em si de alguém que buscou uma transformação social? Diante dessa indagação, faz-se necessário analisar como estava o
contexto social mineiro no século XVIII. Segundo Maxwell (2005), havia um
conflito em Minas que era o resultado das divergências sócio-econômicas entre
Minas Gerais e Portugal e da clássica contradição de grupos de interesses coloniais e metropolitanos. O
episódio foi crítico, pois deu um impacto sobre a elite
no Brasil e na política imperial do governo
metropolitano. O tema leva a considerar que ocorriam reuniões secretas,
relatórios confidenciais de encontros furtivos, interrogatórios, traições e assassinato.
É possível perceber que a
Inglaterra exercia um controle sobre Portugal, não só em função das dificuldades econômicas e sociais de sua pátria
como pelo rápido progresso da economia britânica. O ouro brasileiro para a Inglaterra proporcionava meios para criar as indústrias.
Percebeu-se que a Inglaterra estava interessada era na má situação de Portugal.
A prosperidade de Portugal metropolitano, em meados do século XVIII, dependia
da economia colonial. Porém, essa situação estava chegando aos limites. Os
homens que estavam no Brasil e que tinham conhecimento do contexto colonial,
não mais suportavam querendo a tão almejada Independência. Para se implantar a
revolução recorreram, então, a Thomas Jefferson.
Vendek era José Joaquim Maia e
Barbalho, natural do Rio de Janeiro e estudante em 1783 da Universidade de Coimbra. Maia e outros estudantes brasileiros estavam dispostos a independência de sua terra
natal, por isso precisavam de ajuda internacional. Só que os Estados Unidos queriam cultivar
a amizade com Portugal, com quem mantinham
lucrativo comércio.
Maia e Vidal Barbosa não eram os
únicos entusiasmados pela política. Entre 1772 e 1785, trezentos estudantes
brasileiros tinham-se matriculados na Universidade de Coimbra. O grupo de Vila Rica não era o
único, em São João d’El Rei reuniam-se homens inteligentes e de pensamentos
afins para discutir poesia, filosofia e acontecimentos da Europa e das
Américas.
Quanto aos diamantes, o próprio Gonzaga
tinha em sua casa uma provisão de pedras preciosas. Gonzaga
em seu Tratado sobre a lei natural acusava a democracia de ser o pior sistema de governo e elogiava
a monarquia que se constitui de um Rei como mandatário, daí o fato de
ir
contra ao mandante Cunha Meneses que ditava as leis por sua vontade.
Assim, verifica-se que Gonzaga considerava o representante de Minas
Gerais um homem que ignorava
o bem-estar do povo e as leis.
Por esse fato teria escrito
as Cartas Chilenas entre 1786 e 1787,
atacando o governador.
Quanto à devassa, tudo indica que
Gonzaga era um deles, pois tinha íntimas relações com Alvarenga Peixoto e Carlos Correia. Freire de Andrade
se refere a Gonzaga como o homem que elaborava as leis e a constituição do novo
estado, articulando a justificativa ideológica do rompimento com Portugal. Era
homem bem informado e tinha boa biblioteca, assim como Cláudio Manuel da Costa e o Cônego Luís Vieira.
Vale ressaltar que as bibliotecas desses intelectuais traziam livros que
demonstravam como se devia seguir
um país com suas próprias
leis.
A biblioteca do Cônego Vieira contava com a Histoire de l’Amérique de Robertson, a Encyclopédie e as obras de Bielfeld, Voltaire e Condillac. Cláudio Manuel da Costa era tido por tradutor da Riqueza das Nações de Adam Smith. Entre os inconfidentes ciruclava o Recueil de Loix Constitutives dês États-Unis de l’Amérique, publicado em Filadélfia, em 1778, e que incluía os artigos da Confederação e das constituições de Pensilvânia, Nova Jersey, Delaware, Maryland, Virgínia, Carolinas e Massachusetts. Continham, também, os comentários à constituição, de Raynal e Mably e a ampla discussão de Raynal sobre a história do Brasil – em sua Histoire philosophique et politique – era muito apreciada. (MAXWELL 2005: 147)
Pode-se notar que há muito Gonzaga
se interessava por jurisprudência,
desde o seu tratado sobre a lei natural. Segundo Maxwell (2005: 148), quanto aos planos, previstos
pelos inconfidentes, Gonzaga
iria governar durante os primeiros três anos, depois
haveria eleições anuais.
Os inconfidentes também faziam
surgir um sentimento nativista: “O sentimento indianista era mais um reflexo da emoção literária e nacionalista do que de qualquer
pretensão a tipo de grandiosa
sociedade miscigenada, como a antevista por Pombal e pelo Duque
Silva-Tarouca 25 anos antes” (MAXWELL 2005: 153). Queriam os inconfidentes uma total revogação
das leis e regulamentos anteriores. Queriam chegar a uma constituição
escrita. Pelo meio da década de 1790, tornou-se claro que dentro e fora do governo português, as relações entre a colônia
e metrópole haviam
chegado a um impasse. A Inconfidência Mineira
foi um desastre, mas a política
de Portugal para as colônias
também tinham sido. Ambas foram influenciadas pelas coações econômica e social locais.
Destaca-se que com Alvarenga Peixoto,
em 1776, para ouvidor na Comarca do Rio das Mortes e com a chegada de Tomás Antônio
Gonzaga a Vila Rica, como ouvidor, em 1782, constituiu-se em Minas o grupo que viria a realizar
no Brasil o que de mais expressivo se criou dentro do lirismo arcádico e que
testemunha a mudança política da época. Observa-se, então, que Gonzaga assim
como qualquer outro indivíduo daquela ou dessa época sempre tomará partido
sobre um assunto, dependendo da situação em que se vê incluso.
Gonzaga teve atitudes divergentes em diferentes fases de sua vida, é claro
que seguiu caminhos
que para ele eram os melhores. Escreveu
o Tratado de Direito Natural por
um objetivo, valorizou a monarquia, pensando no seu futuro. Foi um homem
inteligente, que sabia muito bem como agir, era crítico, político, mas ficou
apenas registrado pelas historiografias literárias como o homem de quarenta
anos que se apaixonou por uma menina de dezesseis, escrevendo o poema lírico mais conhecido Marília
de Dirceu.
Verifica-se que Gonzaga com sua obra Tratado de Direito Natural pode expressar com toda certeza um ideário português que veiculava
pelos corredores da Universidade de Coimbra. Ideário que poderia incriminar alguém,
absolver outros, castigar
alguns e punir com rigidez quem não seguisse o que o imperante determinava como correto, certo
e eficiente. Os ideais de bem viver e da boa sociedade civil, enquanto
síntese do pensamento jusnaturalista daquele momento, ficaram expostos com toda
clareza nesta obra de Gonzaga, buscando ressaltar uma vertente monárquica.
Isso leva a pensar
que não há registro definitivo do envolvimento de Gonzaga
na Inconfidência Mineira.
Quanto ao seu ideário enquanto aluno da Universidade de Coimbra
e o fato de dedicar sua tese de doutorado ao Marquês, tudo isso deixa claro que
Gonzaga jamais discordaria da posição do Primeiro Ministro; na verdade alia-se à política
pombalina, mas essa inclusão não foi bem vista em Coimbra, pelo modo
de expor seu ideário. A tese de Gonzaga, que num âmbito
geral, se apresenta teológica, demonstra nas entrelinhas que a questão
do direito é o foco principal
da Reforma da Universidade de Coimbra, como se pôde ver nos escritos
preparatórios para a Reforma da Universidade no texto de Verney.
Gonzaga, portanto, tinha uma visão do que deveria ser a tônica da nova reforma: o direito, que dominaria toda a sociedade portuguesa, podendo-se então questionar se o próprio Gonzaga não estaria à frente da reforma.
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Fonte:
SANDRA APARECIDA PIRES FRANCO: “O IDEÁRIO GONZAGUIANO NA OBRA TRATADO DE
DIREITO NATURAL” (Tese apresentada ao curso de Pós- graduação em Letras da
Universidade Estadual de Londrina). Londrina, setembro de 2008.
Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão
devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido
trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese
em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domínio Público
Os Árcades Inconfidentes e suas Ligações Políticas
OS ÁRCADES INCONFIDENTES E SUAS LIGAÇÕES POLÍTICAS
Muitos inconfidentes tiveram
contato com as novas ideias que estavam se propagando em toda a Europa. Diante
de todo esse novo contexto, encontram-se vários letrados receptivos às ideias e medidas de modernidade político-econômicas e cultural das Reformas Pombalinas, da Revolução
Francesa e da Independência dos Estados Unidos. Pode-se
observar que estava surgindo uma nova tendência, uma nova forma de
ver o mundo e os homens começaram a perceber isto. Vários letrados aderiram às novas mudanças. Entre eles, pode-se
citar Basílio da Gama,
que não participou da Inconfidência, mas expressou um ambiente receptivo às transformações das Reformas. Gama escreveu O Uraguai, emitindo uma crítica aos
jesuítas e uma exaltação ao governador. Percebe-se no poeta os ideais da nova
sociedade que estava surgindo, modernos, iluministas. Muitos autores escreveram
obras que expressavam as ideias do período. Quase todos os inconfidentes
exaltaram as Reformas Pombalinas por dinamizar o comércio e a produção manufatureira e, de através
da ciência, transformar as relações do homem
com a natureza, incentivando uma nova forma
de trabalho.
Resta, então, conhecer a vida de alguns inconfidentes e das obras que
produziram, para que seja possível
analisar como foi a repercussão dessas novas ideias no Brasil. Entre eles destaca-se: Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga.
Cláudio Manuel da Costa
(1726-1789), filho de portugueses ligados à mineração. Estudou com os jesuítas do Rio de Janeiro e cursou
Direito em Coimbra. Voltando para Vila Rica, exerceu a advocacia e geriu os
bens fundiários que herdou. Era ardente pombalino e certamente foi lateral o seu papel na Inconfidência: preso e interrogado uma só vez, foi encontrado
morto no cárcere, o que não se atribui a suicídio. Foi o primeiro e mais
acabado poeta neoclássico, assumia o pseudônimo árcade de Glauceste Satúrnio.
Tinha uma sobriedade de caráter, a sólida cultura humanística, a formação
literária portuguesa e italiana e o talento de versejar. Conheceu Coimbra ainda
quando era adolescente e partiu
para Minas, em 1753, antes da fundação
da Arcádia Lusitana.
Interessante ressaltar
que, segundo Bosi (1997: 68), datam desse período
o Minúsculo Métrico, romance heróico,
o Epicédio em memória de Frei Gaspar
da Encarnação, o Labirinto
do Amor, o Culto Métrico e os
Números harmônicos, todos escritos
entre 1751 e 1753.
Cláudio Manuel da Costa elaborou
suas obras em Coimbra, escreveu poesias narrativas como a Fábula do Ribeirão do Carmo e o poemeto épico Vila Rica; ambos retratam a oscilação em que vivia o escritor entre
prestigiar a Arcádia e as suas montanhas mineiras, algo presente no prólogo de suas obras,
apresentado por Bosi: “Não são estas
as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia
dos versos. Turva e feia a corrente destes ribeiros primeiro que arrebate
as ideias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra que
lhes tem pervertido as cores” (1997: 71). Cláudio Manuel da Costa era bastante admirador das ideias pombalinas e dentre os poetas
mineiros era aquele
que mais preso ficou às emoções e valores
da terra.
Basílio da Gama (1740-1795) foi
outro poeta mineiro, estudante jesuíta quando o decreto da expulsão dos padres o atingiu. Viajou
para a Itália e Portugal,
buscando obter a proteção do Marquês de Pombal. Pode-se verificar
em O Uraguai
(1769), um poemeto épico, que Basílio da Gama tentou
conciliar a louvação
de Pombal e o heroísmo
do indígena. Com versos decassílabos brancos, parecendo mais um lírico-narrativo do que
épico, não nos lembrando em nada da estrutura épica tradicional, demonstra o
moderno e os motivos mais importantes da época como o antijesuitísmo, a ação de Pombal, os litígios de fronteiras,
a altivez guerreira do índio entre outros fatos. Há no O Uraguai de Basílio da Gama, um episódio que vai ao encontro do
mesmo tema exposto por Silva Alvarenga em O Desertor.
Trata-se do episódio em que, após a morte
de Cacambo, a índia Lindóia procura a morte, mas, antes disso, uma feiticeira
conduz a jovem Lindóia a uma gruta, permitindo-lhe ter uma visão de Lisboa, reconstruída pelo Marquês de Pombal, mostrando-
lhe as grandes reformas por ele produzidas. Neste caso, a expulsão dos jesuítas é apresentada como um evento através do qual Lindóia sentir-se-
ia vingada pela morte de Cacambo, seu amado: “vê destruída / a república infame e bem vingada / a
morte de Cacambo”
(GAMA 1769). Basílio da Gama em O Uraguai foi
quem deixou marcas
arcádicas que valem retomar
para poder estudar os árcades. Ele foi o motor que deu força a outros poetas.
O sentimento mediado
pelo bucólico e rococó foi comum a todos, como também todos
estão de acordo com o Iluminismo.
Alvarenga Peixoto (1744-1793)
também se doutorou na Universidade de Coimbra em 1767. Comprou lavras
no sul de Minas e como proprietário descontente com a
derrama, participou na Inconfidência. Também foi um poeta que começou a
escrever com um sincero entusiasmo a Pombal. Ao Marquês dedicou
uma trabalhada ode:
Grande Marquês, os Sátiros saltando
Por
entre verdes parra,
Defendidas por ti de estranhas garras;
Os
trigos ondeando
Nas fecundas searas;
Os incensos fumando sobre as aras,
À nascente a verdadeira heroicidade. (BOSI 1997: 84)
Segundo Bosi, ao quadro
da guerra, o horror, o estrago, o surto, o poeta
contrapõe o universo do labor e da ordem, tendo como fundo a paisagem arcádica.
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Fonte:
SANDRA APARECIDA PIRES FRANCO: “O IDEÁRIO GONZAGUIANO NA OBRA TRATADO DE
DIREITO NATURAL” (Tese apresentada ao curso de Pós- graduação em Letras da
Universidade Estadual de Londrina). Londrina, setembro de 2008.
Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão
devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido
trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese
em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domínio Público
A influência das Luzes e Trevas nas Minas Gerais do Século XVIII
A INFLUÊNCIA DAS LUZES E TREVAS NAS MINAS GERAIS DO SÉCULO XVIII
O Iluminismo foi um movimento cultural e intelectual cujo centro irradiador desse movimento foi a França,
embora tenha nascido na Inglaterra. Havia neste período o desprezo pelas
instituições humanas existentes, consideradas como produto da ignorância e barbárie e crença
de que a razão poderia reformulá-las. Todas as atividades intelectuais
discutiam temas reformistas, como a literatura, a vida acadêmica, o teatro, a
imprensa. Havia a crítica violenta aos poderes do clero, da nobreza e do
soberano.
Minas Gerais também não evitava essas manifestações trazidas pelos intelectuais que iam estudar na Universidade de Coimbra. Estes estudantes entraram em contato com obras consideradas pecaminosas e que iam contra a ideologia do poder dominante da época. Os estudantes da Universidade de Coimbra tinham acesso a Locke, escritor que destruiu as ideias filosóficas que sustentavam a teoria do Direito Divino dos Reis, demolindo a teoria de que o direito dos monarcas à autoridade absoluta deriva de um poder além dos limites do homem.
As ideias de Locke foram o
arcabouço de todas as teses revolucionárias do século XVIII. A obra de Locke
estava presente na estante do inconfidente Luís Vieira da Silva (1735-1809) e na mente
de todos os outros revolucionários mineiros. As ideias iluministas de Locke vinham de confronto às ideias fundamentais da teoria do Absolutismo.
A Igreja também participava desse momento intelectual e a Universidade de Coimbra tinha importância decisiva na divulgação dessas ideias e os intelectuais mineiros em Coimbra participaram do movimento revolucionário de 1789.
Entre 1772 e 1785, trezentos estudantes brasileiros haviam- se matriculado ali; parte deles estudara também na França, em Montpellier, onde havia quinze brasileiros entre 1767 e 1793. Em 1786, em Montpellier estavam três estudantes diretamente envolvidos na Inconfidência: Domingos Vidal de Barbosa Laje, José Mariano Leal (do Rio de Janeiro) e José Joaquim da Maia e Barbalho (do Rio de Janeiro). (JARDIM 1989: 43)
Ressalta-se que os estudantes brasileiros que absorveram as reformas iluministas da Universidade de Coimbra, promovidas pelo Marquês de Pombal, foram os mesmos que participaram do movimento inconfidente de 1789. Para tanto, faz-se necessário observar que muitos aspectos influenciaram o pensamento desses homens, principalmente, as ideias de Tomás Antônio Gonzaga. Um outro item que se considera importante demonstrar é o de que houve outras influências como o livro de Thomas Guillaume François (1713-1796), conhecido como Abade Raynal:
Influência decisiva no movimento mineiro de 1789 teve também o livro do francês Thomas Guillaume François (1713-1796), conhecido como Abade Raynal: Historie philosophique et politique des établissements e du commerce des Européens dans lês deux Indes”, de 1770 (Amsterdam). É o mais citado nos Autos da Devassa. Seu livro era uma denúncia dos crimes do colonialismo europeu; denunciava o Tratado de Methuen e a dependência de Portugal à Inglaterra, o tráfico negreiro, a política fiscal abusiva e os excessos do clero. Dedicava 136 páginas ao Brasil, para o qual defendia a liberdade de comércio. Fora, praticamente, o único livro com grandes informações de ordem econômica, demográfica e político-administrativo sobre o Brasil do século XVIII a que tiveram acesso os estudantes brasileiros; o livro de Antonil (“Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas”) tinha sido recolhido após sua impressão, em 1711. Não obstante a influência de Mably e Rousseau, Raynal punha em questão o próprio direito de colonizar; seu livro cristalizava todas as linhas de pensamento iluminista que visavam a revolta dos colonizadores; aparece nos Autos da Devassa como o “motor da ação revolucionária”. Domingos Vidal de Barbosa Laje sabia de cor várias de sua passagens. (JARDIM 1989: 43-44)
Verifica-se, então, que as ideias
iluministas eram absorvidas em Minas Gerais de forma rápida,
pois existiam pessoas
aptas a receberem- na como: doutores, filósofos,
artistas, poetas, historiadores, padres esclarecidos.
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Fonte:
SANDRA APARECIDA PIRES FRANCO: “O IDEÁRIO GONZAGUIANO NA OBRA TRATADO DE
DIREITO NATURAL” (Tese apresentada ao curso de Pós- graduação em Letras da
Universidade Estadual de Londrina). Londrina, setembro de 2008.
Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão
devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido
trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese
em sua totalidade.
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