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MÚSICA POPULAR E MÚSICA ARTÍSTICA
Pode-se
dizer que o populario musical brasileiro é desconhecido até de nós mesmos.
Vivemos afirmando que é riquíssimo e bonito. Está certo. Só que me parece mais
rico e bonito do que a gente imagina. E sobretudo mais complexo.
Nós
conhecemos algumas zonas. Sobretudo a carioca por causa do maxixe impresso e
por causa da predominância expansiva da Corte sobre os Estados. Da Baía também
e do nordeste ainda a gente conhece alguma coisa. E no geral por intermédio da
Corte. Do resto: praticamente nada. O que Friedenthal registrou como de Sta.
Catarina e Paraná são documentos conhecidos pelo menos em todo o centro
litorâneo do país. E um ou outro. Documento esparso da zona gaúcha,
mato-grossense, goiana, caipira, mostra belezas porém não basta para dar
conhecimento dessas zonas. Luciano Gallet está demonstrando já uma orientação
menos regionalista e bem mais inteligente com os cadernos de Melodias Populares
Brasileiras (ed. Wehrs e Cia. Rio) porém os trabalhos dele são de ordem
positivamente artística, requerendo do cantor e do acompanhador cultura que
ultrapassa a meia-força. E requer o mesmo dos ouvintes. Si muitos desses
trabalhos são magníficos e si a obra folclórica de L. Gallet enriquece a
produção artística nacional, é incontestável que não apresenta possibilidade de
expansão e suficiência de documentos para se tornar crítica e prática. Do que
estamos carecendo imediatamente é dum harmonizador simples mas crítico também,
capaz de se cingir à manifestação popular e representá-la com integridade e
eficiência. Carecemos dum Tiersot, dum Franz Korbay, dum Möller, dum Coleridge
Taylor, dum Stanford, duma Ester Singleton. Harmonizações duma apresentação
crítica e refinada mais fácil e absolutamente adstrita à manifestação popular.
Um
dos pontos que para provam a riqueza do nosso populario ser maior do que a
gente imagina é o ritmo. Seja porque os compositores de maxixes e cantigas
impressas não sabem grafar o que executam, seja porque dão só a síntese
essencial deixando as sutilezas para a invenção do cantador, o certo é que uma
obra executada difere às vezes totalmente do que está escrito. Do afamando
Pinião pude verificar pelo menos 4 versões rítmicas diferentes, além de
variantes melódicas no geral leves: 1ª a embolada nordestina que serviu de base
para o maxixe vulgarizado no carnaval carioca; 2ª a versão impressa deste (de
Wehrs e Cia.) que é quase uma chatice; 3ª a maneira com que os Turunas de
Mauricea o cantam; 4ª e a variante, próxima dessa última, com que o escutei
muito cantado por pessoas do povo. Se comparar estas três grafias, das quais só
as duas últimas são legítimas porquê ninguém não canta a música tal e qual anda
impressa. A terceira grafia é a mais rigorosamente exata. Ainda assim si a
gente indicar um senza rigore para o provimento...
[Trecho do livro]
[Trecho do livro]
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