20/09/2015

Primaveras Românticas (Poesia), de Antero de Quental


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Antero de Quental e o Romantismo Português

Imaginar é sonhar, dorme e repousa a vida no entretanto; sentir é viver activamente, cansa-a e consome-a.

 Caracteriza-se o século XIX português por uma grande militância política e cultural e pelo despertar da consciência cívica; por isso, o Romantismo português assume um carácter dinâmico e de acção combativa, com o objectivo de transformar a estrutura social. O Romantismo português está intimamente ligado à implantação do Liberalismo, coincidindo com a introdução das ideias liberais ligadas à Maçonaria e semeadas pela Revolução Francesa, nascidas na burguesia e veiculadas pelos intelectuais que reivindicavam a liberdade, a abolição de privilégios e a mesma lei para todos. Instaura-se em Portugal um novo ideário político e social, importado pelos emigrados, mas também herdado do século XVIII português, criando-se uma nova visão da literatura e estabelecendo-se um paralelo com o ambiente histórico-político.

Em Portugal, a expressão romântica explica-se por influência estrangeira, principalmente francesa, continuando assim a influência do século XVIII e do Iluminismo, dado os temas, os géneros literários e as ideias serem importados.

Em Portugal, a expressão romântica explica-se por influência estrangeira, principalmente francesa, continuando assim a influência do século XVIII e do Iluminismo, dado os temas, os géneros literários e as ideias serem importados.

Dois nomes se impõem no Romantismo português: Almeida Garrett e Alexandre Herculano foram soldados liberais e intérpretes dos ideais revolucionários, dado o seu exílio em França e na Inglaterra, onde contactaram com a ideologia revolucionária e o nascente género romântico. De regresso a Portugal, Garrett e Herculano trazem algumas produções, o conhecimento de novos processos de escrita e diversos projectos, quer políticos quer literários, e a ideia de criar uma literatura nova que exprimisse os tempos novos, de carácter nacional e popular, considerando a revolução literária como um dos aspectos da revolução social e afirmando o mundo como devir, como história.

Curiosamente, Jorge de Sena classifica o Romantismo português como Contra- -Romantismo: «(…) o Romantismo que tivemos era, sob muitos aspectos, um já Contra- -Romantismo (como realmente o é o que, em França triunfa por esses mesmos anos). (...) Portugal teve uma sensibilidade romântica que se difunde no primeiro terço do século XIX, com aspectos de incipiência (…).». Justificação? O isolamento do país, «(…) tornado simultaneamente área periférica da sua própria cultura (cuja capital partira para o Brasil) e da cultura europeia (de que séculos de vigilante repressão o haviam em grande parte cindido), não possuía as disponibilidades nem a independência cultural cuja centralidade passara ao triângulo Inglaterra-França-Alemanha no século XVIII.».

Álvaro Manuel Machado considera que «(…) a nossa poesia romântica instituiu- -se na base de um nacionalismo extremamente rígido que pouco contribuiu para a tornar verdadeiramente europeia e nova.».7 Pode mesmo ler-se nas suas palavras uma perspectiva de «secundário», a nível de influências, no Romantismo português: «O único modelo pré-romântico europeu que, desde a Marquesa de Alorna até Castilho (...) teve plena influência na criação poética em Portugal foi o secundário poeta suíço--alemão Salomon Gessner (...).». Jorge de Sena aponta também a atitude de os iniciadores não se dizerem «românticos»,  remetendo para a Geração de 70 e para a poesia de Antero de Quental o real cumprimento do ideal romântico, como ele fora concebido pelos autores anglo-germânicos:

(…) o desenvolvimento do Romantismo português assume aspectos de Contra- -Romantismo (...) que rapidamente se transforma em realismo romântico: (…) a chamada Geração de 70 ou o que ela simboliza levou certos aspectos do Romantismo à sua realização máxima (em muitos poemas de Antero ou de Gomes Leal, em muitas páginas de Oliveira Martins, por exemplo) a verdade é que ela representa, no movimento romântico, em sentido lato, aquilo que transforma um movimento numa época (…).

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Fonte:
José Emanuel Pereira Guerreiro Faro: "Ideia da Morte nos Sonetos de Antero De Quental". (Dissertação para a obtenção do grau de mestre em Literatura – Especialização em Literatura Portuguesa - Universidade do Algarve Faculdade de Ciências Humanas e Sociais).  Faro, 2008.

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