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Antero de Quental e o Romantismo Português
Imaginar é sonhar, dorme e repousa a vida no entretanto; sentir é viver
activamente, cansa-a e consome-a.
Caracteriza-se o século XIX português por uma
grande militância política e cultural e pelo despertar da consciência cívica;
por isso, o Romantismo português assume um carácter dinâmico e de acção
combativa, com o objectivo de transformar a estrutura social. O Romantismo
português está intimamente ligado à implantação do Liberalismo, coincidindo com
a introdução das ideias liberais ligadas à Maçonaria e semeadas pela Revolução
Francesa, nascidas na burguesia e veiculadas pelos intelectuais que
reivindicavam a liberdade, a abolição de privilégios e a mesma lei para todos.
Instaura-se em Portugal um novo ideário político e social, importado pelos
emigrados, mas também herdado do século XVIII português, criando-se uma nova
visão da literatura e estabelecendo-se um paralelo com o ambiente
histórico-político.
Em Portugal, a expressão
romântica explica-se por influência estrangeira, principalmente francesa,
continuando assim a influência do século XVIII e do Iluminismo, dado os temas,
os géneros literários e as ideias serem importados.
Em Portugal, a expressão
romântica explica-se por influência estrangeira, principalmente francesa,
continuando assim a influência do século XVIII e do Iluminismo, dado os temas,
os géneros literários e as ideias serem importados.
Dois nomes se impõem no Romantismo português:
Almeida Garrett e Alexandre Herculano foram soldados liberais e intérpretes dos
ideais revolucionários, dado o seu exílio em França e na Inglaterra, onde
contactaram com a ideologia revolucionária e o nascente género romântico. De
regresso a Portugal, Garrett e Herculano trazem algumas produções, o
conhecimento de novos processos de escrita e diversos projectos, quer políticos
quer literários, e a ideia de criar uma literatura nova que exprimisse os
tempos novos, de carácter nacional e popular, considerando a revolução
literária como um dos aspectos da revolução social e afirmando o mundo como
devir, como história.
Curiosamente, Jorge de Sena
classifica o Romantismo português como Contra- -Romantismo: «(…) o Romantismo
que tivemos era, sob muitos aspectos, um já Contra- -Romantismo (como realmente
o é o que, em França triunfa por esses mesmos anos). (...) Portugal teve uma
sensibilidade romântica que se difunde no primeiro terço do século XIX, com
aspectos de incipiência (…).». Justificação? O isolamento do país, «(…) tornado
simultaneamente área periférica da sua própria cultura (cuja capital partira
para o Brasil) e da cultura europeia (de que séculos de vigilante repressão o
haviam em grande parte cindido), não possuía as disponibilidades nem a
independência cultural cuja centralidade passara ao triângulo Inglaterra-França-Alemanha
no século XVIII.».
Álvaro Manuel Machado considera
que «(…) a nossa poesia romântica instituiu- -se na base de um nacionalismo extremamente
rígido que pouco contribuiu para a tornar verdadeiramente europeia e nova.».7
Pode mesmo ler-se nas suas palavras uma perspectiva de «secundário», a nível de
influências, no Romantismo português: «O único modelo pré-romântico europeu
que, desde a Marquesa de Alorna até Castilho (...) teve plena influência na
criação poética em Portugal foi o secundário poeta suíço--alemão Salomon
Gessner (...).». Jorge de Sena aponta também a atitude de os iniciadores não se
dizerem «românticos», remetendo para a
Geração de 70 e para a poesia de Antero de Quental o real cumprimento do ideal
romântico, como ele fora concebido pelos autores anglo-germânicos:
(…) o desenvolvimento do Romantismo português assume aspectos de
Contra- -Romantismo (...) que rapidamente se transforma em realismo romântico:
(…) a chamada Geração de 70 ou o que ela simboliza levou certos aspectos do
Romantismo à sua realização máxima (em muitos poemas de Antero ou de Gomes
Leal, em muitas páginas de Oliveira Martins, por exemplo) a verdade é que ela
representa, no movimento romântico, em sentido lato, aquilo que transforma um
movimento numa época (…).
[...]
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Fonte:
Fonte:
José Emanuel Pereira Guerreiro
Faro: "Ideia da Morte nos Sonetos de Antero De Quental". (Dissertação
para a obtenção do grau de mestre em Literatura – Especialização em Literatura
Portuguesa - Universidade do Algarve Faculdade de Ciências Humanas e Sociais). Faro, 2008.
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