14/09/2015

Poesias Dispersas, de Guerra Junqueiro


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A obra de Guerra Junqueiro

Certo dia, Guerra Junqueiro confessou ao seu amigo e biógrafo, Luís de Oliveira Guimarães: “Os políticos consideram-me um poeta; os poetas um político; os católicos julgam-me um ímpio; os ateus um crente”·. Mais tarde, Helena da Rocha Pereira diria: “Entre os grandes poetas que brilharam na segunda metade do século XIX, nenhum provocou mais desencontradas críticas à volta da sua obra do que Guerra Junqueiro”.

Partindo do mote atrás apresentado, podemos concluir que não há na literatura portuguesa um autor mais estranho, mais contraditório e discutido, mais odiado e idolatrado que este.

A crítica, porém, raras vezes tem sido justa e imparcial: obedecendo, geralmente, a uma ideia preconcebida, uns, os detractores, criticam-no; outros, os panegiristas, elevam-no, considerando-o um iluminado, um santo, chegando mesmo a consagrar-lhe ditirambos.

Guerra Junqueiro não deve ser analisado parcelarmente, nem estudado por blocos estanques. A sua obra deve ser vista na globalidade, entendendo-se esta pela poesia, a prosa, incluindo as próprias conversas particulares com os seus amigos. Só desta forma se poderá compreender o Autor e avaliar o excesso das críticas antagónicas.

O autor escolheu sobretudo o modo lírico para se manifestar literariamente, sobretudo através da poesia que ganha contornos sociais, religiosos e satíricos de grande densidade dramática.
É nesse contexto que se entendem as palavras de Amorim de Carvalho, quando enfatiza a diversidade permitida pela poesia: "A poesia é, na verdade, pensamento; e tão multiforme como o pensamento, isto é, como a vida do homem, traduzindo-lhe os gestos, as paixões e as atitudes mentais”.

Nenhum escritor pode ser estudado fora de certas condições morais, sociais e estéticas do seu tempo, resultando deste facto uma feição comum que podem ter as obras de determinadas épocas.

Guerra Junqueiro não é caso excepcional e também ele bebeu do contexto histórico, social e literário da sua época. No entanto, destacou-se por ser mentor de uma escrita autónoma, o que faz dele um grande autor. Amorim de Carvalho diz a este respeito:

O modo como os escritores se comportam sob essas influências ambientes, em que há superioridades e mediocridades é que distingue uma obra superior de outra medíocre. [...]
Só os artistas superiores são capazes de apreender esteticamente o que de mais vivo, íntimo, humano, duradoiro, se contenha no meio em que vivem, sentem, pensam e criam.
Os artistas superiores não fogem, pois, à influência que seja a captação da Vida e do Humano, no que estas palavras significam de fonte eterna de emoção, de verdadeira mensagem a ligar, no mesmo anseio espiritual, as idades que foram e aquelas que hão-de ser."


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Fonte:
Carla Alexandra Ferreira do Espírito Santo Guerreiro:
"A Mundividência Infantil na Obra de Guerra Junqueiro". (Tese de Mestrado em Ensino da Língua e da Literatura Portuguesas). Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.2002.

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