05/06/2015

Romances e novelas, de Joaquim Norberto de Sousa Silva


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INTRODUÇÃO
É o romance entre nós de tão moderna data que se não deve esperar por ora senão débeis ensaios, mormente daqueles que nem um interesse ou glória colhem de suas lucubrações, pois toda a pena que entre nós se não prostitui às paixões políticas tem de mendigar, como o desditoso Savage, um pedaço de papel em que eternize os pensamentos de uma imaginação que Deus iluminou como os raios cheios de luz de sua inteligência:
E a pátria por quem tanto hão feito os filhos
Que digno prêmio lhes ha dado? A fome!
Empreendendo a publicação de uma coleção de romances e novelas, contos e legendas, comecei por aqueles que, escritos de há muito, se achavam dispersos por vários jornais de efêmera existência e limitada circulação; circunstâncias, porém, inopinadamente sobrevindas, obstam que por enquanto realize de todo em todo o meu desígnio: satisfazer-me-ei sobre melhores auspícios? — Deus o sabe!
Só para esta pequena explicação, que não para outra coisa, lanço estas palavras às primeiras páginas deste livro, que lhe sirvam de prólogo; não repetirei pois o hino dos mártires da imprensa literária não subvencionada pelos ídolos da política de hoje e de ontem. Baldado é mostrar ainda uma vez o desapreço em que tem vegetado na nossa terra os que se dão às letras — vocação irrisória! De nossos antepassados não só partilhamos a glória e o gênio, como ainda nos veio por herança a indiferença da pátria. “Ninguém, diz o eloqüente escritor português, jovem de brilhante talento, aprecia o que se consome de coragem e de esforço para resistir às lutas que assaltam qualquer vocação literária; é um longo poema de sofrimento: o mundo só se lembra das agonias de um escritor quando elas se terminam por uma sanguinolenta catástrofe”.
 Aqui, como lá também, a posteridade admirará tanta resignação a par e passo de onerosos sacrifícios, de árduas fadigas e de tanto tempo desperdiçado em pura perda de interesses mais reais senão menos honrosos.
 Mostrava-se D. João de Castro tão desinteressado em todas as suas ações que até cortava na sua quinta de Sintra as árvores úteis para plantar e deixar vingar as de nem um préstimo; — quem o fizesse hoje dir-se-ia que oferecia uma sátira aos homens do tempo de agora; — eu, se o imitasse, não escreveria para a imprensa não política.
 Niterói, maio de 1852.

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