Disponível também em "Minhateca", no link a seguir:
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A 15 de
Novembro passava o poder para as mãos do primeiro
Presidente civil; o partido sentiu que se tornava possível escapar-lhe o
poder, justamente quando o absolutismo o deixava inteiro e, ousado, arriscou um
golpe que lhe garantia na ficção de um protetorado a segurança da existência e
efetividade de ação.
O tempo
entretanto deixava sobre seus passos o germinar de sementes que mais tarde
desenvolvidas dariam plantas diversas.
O Partido
Federal havia-se apossado das formas despóticas e do regime militar como
pretendida herança ou doação do Ditador; de outro lado o Governo Civil na sua
aspiração de liberdade evitava todos os choques perigosos contemporizava atento
aguardando a ação do tempo.
Com efeito,
naquele acervo que vivera aglomerado em virtude da lei fatal da conservação, se
foi desenvolvendo uma série de elementos que viviam e cresciam à custa da
própria vida do partido. Difícil se tornara contentar as exigências de tão
numerosos e variados elementos pois, o Partido era um só em todo o país e o
único distribuidor de posições.
Com a maior
reserva pelo temor de ser lançado ao ostracismo, começou a formar-se
descontentes ou despeitados que com cuidado investigando as camadas diversas
do Partido foram discriminando os pontos fracos e as necessidades que só eram
vencidas pela força, o temor e a falsidade.
De seu lado, já
a direção do Partido sentia queimarem-lhe nas mãos as rédeas tão violentamente
distendidas pela impetuosa desfilada em que se precipitavam os negócios
públicos. Sentia já que esse enorme conglomerado era demais pesado para ser
mourejado e que as fendas já riscadas na grande massa se iam abrindo e
aprofundando; era portanto necessário maior pressão e ensaiar recursos para
algum momento crítico.
A Vice-presidência
serviu para esse plano. Mas quando parecia caminhar desassombrado essa campanha,
a volta do presidente, talvez prevenido, desfez todo o manejo do Partido que
mostrara tê-lo posto à margem.
Estabeleceu-se
então uma verdadeira crise e só faltava o pretexto.
O levantamento
dos alunos militares veio fornecer as bases do movimento, e a Moção Seabra foi
a causa ocasional ou pretexto.
O chefe do
Partido se declarou em oposição ao governo com a qual tinha alguns diretores −
não havia remédio − fez-se a cisão ficando uma parte a favor do Presidente e
outra em oposição à ela.
A imprensa que
era unânime em razão do atentado aos jornais oposicionistas, teve de
dividir-se, dando o exemplo os órgãos do Partido que abriram guerra ao governo,
sem que esse tenha ainda imprensa sua; os que se pretendem neutros se inclinam
em favor do poder.
Passando da
luta de impropérios à discussão chegaram afinal a conhecer ou antes a
confessar o vazio que existia no Partido, e portanto o vazio que subsiste nos
dois grupos atuais.
São dois
partidos constitucionais, dizem batendo palmas, e a República vai bem por isso,
era indispensável para um bom governo. Mas partido constitucional pressupõe um
inconstitucional e deste não há notícia.
Em primeiro
lugar, ser constitucional não é programa é dever.
Em segundo
lugar, se ambos são constitucionais, eles não se distinguem, são um só partido.
[Trecho da obra]
[Trecho da obra]
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