26/06/2015

Contemporâneas (Poesia), de Augusto de Lima

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O Cético

“Percorro da ciência o labirinto,
e em tudo encontro um eco duvidoso:
matéria vã, espírito enganoso,
mentis, tudo é mentira, eu só não minto.

Vejo, é verdade, a vida e a vida sinto,
o calórico, a luz, a dor e o gozo,
a natureza em flor, o sol formoso
e o céu das cores da Aliança tinto.

Mas quem, senão eu mesmo, vê tudo isto?
e quem pode afirmar-me que eu existo,
visões celestes, velhas nebulosas?”

E em seu crânio a razão desponta e morre,
como o santelmo fátuo, que discorre
na solidão das minas tenebrosas.


(Contemporâneas, 1887.)

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