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Corpo
erótico: Luiz Delfino e os sentidos
A
volúpia, as palavras e a respiração serão
os
instrumentos com que fabricarás sua
ilusão.
Impede-me o pudor de prosseguir
Do
teu órgão, mulher, São secretos os
meios
de expressão. ( A Arte de Amar – Ovídio)
Se
focarmos as sociedades modernas e a Literatura da Modernidade, talvez constatemos
um estágio pós-repressivo, ainda que sob outras formas mais sutis de
interdição: elas não objetivam condenar o sexo à obscuridade, mas, ao contrário, como
nos lembra Foucault, falar dele, institucionalizando-o como pulsão. O fato de envolver, ainda
hoje, desejo e tabu, in-cita e ex-cita as pessoas a criarem discursos sobre o
sexo. Surge, particularmente nas sociedades ocidentais, uma espécie de discurso
erótico generalizado.
Discurso
erótico encontrado nas obras poéticas Algas e Musgos, Íntimas e Aspásias, Rosas Negras e Imortalidades
I,II e III: Livro de Helena, a serem analisadas neste capítulo, dedicado à produção erótica
de Luiz Delfino, poeta que viveu e escreveu no século XIX, onde imperava a
interdição e a moral cristã, podendo, talvez, ser considerado um poeta além de
seu tempo, por fazer do sexo uma plataforma de libertação e combate, que se
articulava à negação das instituições, como tantos outros jovens escritores da
época, conforme observa Antônio Candido, em
seu texto Os primeiros baudelairianos, no trecho citado a seguir.
Como os de hoje, os jovens daquele tempo, no Brasil provinciano e
atrasado, faziam do sexo uma plataforma de libertação e combate, que se
articulava à negação das instituições. Eles eram agressivamente eróticos, com a
mesma truculência com que eram republicanos e agrediam o Imperador, chegando alguns
ao limiar do socialismo.
Para
atingirmos o objetivo aqui proposto, dividiremos este capítulo em duas partes:
a primeira relacionada ao corpo, aos cinco sentidos e à nudez erótica; e, a
segunda, ao fetichismo, principalmente em relação aos pés e aos cabelos da
amada, à submissão do eu-poético e da natureza, perante a amada, e à morte.
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Fonte:
Fonte:
Renata
Lopes Pedro: “A imortalidade de Helena: O corpo na lírica de Luiz Delfino”. (Tese apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Doutor em Teoria Literária, Curso de Pós-graduação em Literatura, Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Lauro Junkes). Florianópolis, 2008.
Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida obra. As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da obra em sua totalidade. Disponível em: repositorio.ufsc.br
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