15/07/2014

Alguns Poemas, de Raimundo Correia

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Traços baudelairianos em Raimundo Correia

“Uma carniça” é provavelmente o poema de As flores do mal em que a temática da morte e da decomposição aparece mais fortemente caracterizada. No poema ocorre a descrição de um corpo apodrecendo sob o olhar do poeta, participante do espetáculo como uma testemunha, que percebe o cheiro do corpo putrefato e a presença de outros elementos no cenário descrito, tais como o sol, a cadela, os vermes, os quais atuam e transformam lentamente o corpo da mulher, incorporando-a à natureza.

 Dentre os poemas de Raimundo Correia, acreditamos que “Beijo póstumo” e “Jó” são aqueles que mais se aproximam dos aspectos baudelairianos da morte e da putrefação da carne, contidos em “Uma carniça”.

 “Beijo póstumo” faz parte do livro Sinfonias (CORREIA, 1961, p. 142), no qual o
poeta lamenta que a sua amada jamais lhe tenha dado um beijo e ela morre, tornando-se alimento para os vermes. Esse poema apresenta três estrofes, com quatro versos cada. As rimas da primeira estrofe são do tipo ABAB, mas há uma mudança na segunda e terceira estrofes, pois as rimas passam a ser do tipo CDDC, EFFE, ou seja, o primeiro verso de cada estrofe rima com o último e não com o terceiro, como na primeira estrofe. Conforme se nota, a presença das rimas comprova a adesão do poeta brasileiro aos rígidos modelos parnasianos para a escritura de versos e garantem também a musicalidade do poema:

BEIJO PÓSTUMO

Do meu primeiro amor, ei-lo, o templo em ruína!
No estômago da morte, atro e voraginoso,
Essa carne ideal, deliciosa e fina,
Caiu como um manjar fino e delicioso

E antes que tudo venha a supurar em flores,
Sob o pudor da morte os membros seus inermes
Têm de ser fatalmente o pábulo dos vermes
Frios e roedores...

E o beijo que pedi e ela jamais me deu,
Que em vida quis colher e nunca foi colhido,
Cai do seu lábio como um fruto apodrecido...
Ó beijo virginal! Fruto que apodreceu! (CORREIA, 1961, p. 142).
[...]


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Fonte:
Altamir Botoso (UNIMAR): “Traços baudelairianos em Raimundo Correia”. Eletrônica Via Litterae – Anápolis, v. 2, n. 2, p. 541-557, jul./dez. 2010. Disponível em: www.unucseh.ueg.br/vialitterae

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