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Principais Poetas
Simbolistas
Cruz e Sousa é respeitado por sua originalidade e é considerado o maior
representante do Simbolismo brasileiro, ao
lado de poetas como Alphonsus de Guimarães.
Alphonsus
de Guimaraens (1870-1921) tem em Cruz e Sousa e em Verlaine seus grandes mestres. A temática de sua poesia
é marcada pela morte da amada(Constância),
o que possibilita a criação de uma atmosfera mística e litúrgica em que se percebem
inúmeras referências ao corpo morto, ao caixão, etc. Segundo Bosi, “de Cruz e Sousa para Alphonsus de Guimarães sentimos uma
descida de tom”, pois, enquanto na lírica
de Cruz e Sousa temos a dor da existência, caracterizando uma poesia mais universal,
em Alphonsus de Guimaraens temos a lírica limitada ao ambiente místico de Mariana (cidade mineira
onde morou) e ao drama sentimental vivido na juventude pela morte da noiva. A
produção poética de Alphonsus de Guimaraens mostra-se uma das mais místicas da
nossa literatura.
Outro
poeta de extrema importância na composição do Simbolismo brasileiro é o gaúcho Eduardo Guimaraens
(1892-1928), escritor talentoso, cronista e ensaísta. É na poesia que deixa sua melhor expressão. Em 1916, obtém
a consagração e o reconhecimento
nacional com a obra A
Divina Quimera . A obra é constituída por um conjunto de poemas de temática
espiritualista e amorosa. É por temperamento um artista da palavra, minucioso na expressão,
aristocrático e preciosista na linguagem
. Sua base literária vem de Dante, Baudelaire,
D’Annunzio. De acordo com Andrade Muricy: “Eduardo Guimaraens é, dentre os poetas
simbolistas brasileiros, o de feição mais
assiduamente fiel às raízes européias do Simbolismo. É um dos de ilustração
mais vasta. A sua arte, por isso, afasta-se do cunho clássico português.”
Entre tantos poetas simbolistas que engrandecem a literatura simbolista, destacamos
o paranaense Emiliano Perneta, que se diferencia pelo conteúdo de sua obra. Estuda
em São Paulo onde é envolvido com atividades literárias, sendo que, em 1888, publica
Músicas. Quatro anos depois, em 1892, define-se como simbolista, tendo
contatos com outros poetas, como Gonzaga Duque, Oscar Rosa e Cruz e Sousa. Perneta
transita entre temas clássicos, superando velhos clichês simbolistas. Ao longo de
sua trajetória poética, o poeta busca temas metafísicos.
Nas palavras de Andrade Muricy: “a poesia de Emiliano Perneta é a mais
desconcertante e variada que o Simbolismo produziu entre nós. Não aceitou o
verso livre, mas, por
instinto, e inquietação, repeliu os cânones parnasianos.”
O que
se percebe é que a estética simbolista, além de representar um grupo de contracorrente das décadas finisseculares
do século XIX, influencia a lírica de poetas modernos. Os simbolistas expressam
nas suas obras o homem diante do vazio, e é neste vazio que, muitas vezes, o
poeta busca um sentido metafísico, uma sacralização da vida que possa vencer o
tempo visto como adversário da existência.
Este sentimento de mal-estar tão caro aos simbolistas se soma à angústia
de poetas modernos como Cecília
Meireles, que utiliza símbolos como areia, mar, céu e terra para evocar estados
de ânimo vagos e a percepção de que tudo passa ,numa experiência de abandono, de
incomunicabilidade com o mundo circundante. Enfim, é no Simbolismo que encontramos
a essência de vários poetas modernos como Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Mário Quintana entre
tantos.
O lugar de Cruz e Sousa no Movimento
Cruz e Sousa é o mestre do Simbolismo
brasileiro pela qualidade de seus poemas e pela dimensão metafísica de sua
obra. Busca na arte a transfiguração da dor existencial e dos problemas de ordem
social em que vive. Nas palavras de Roger Bastide:
Cruz e Sousa construiu,
só com seu cérebro, o seu mundo poético e elabora,
isento de qualquer influência, a sua própria experiência simbólica. Seu Simbolismo seguirá sem dúvida, a lei geral, exigirá
a existência de um mundo transcendente, de
um mundo de essências, mas antes ele reagirá com a sua
personalidade fremente e dolorosa, que não é senão dele.”
O
Simbolismo no Brasil inicia oficialmente em 1893, com a publicação de sua obra Missal e Broquéis, porém os simbolistas há muito já estavam trabalhando em poemas
que, embora influenciados pela forma parnasiana, já mostra princípios completamente adversos
ao Parnasianismo. Apesar de serem movimentos contemporâneos diferentes, apresentam,
muitas vezes, poemas com influências recíprocas. Por exemplo, é possível
encontrar em poetas parnasianos poemas com temáticas simbolistas; em contrapartida,
Cruz e Sousa também mostra predileção pelo soneto e certo rigor na forma.
Apesar desta mescla de estéticas, é importante rememorar que a relação
entre elas não ocorre de forma harmoniosa, pois há um confronto sem trégua
entre parnasianos e simbolistas. Os parnasianos ridicularizam a poesia simbolista
por propor rupturas à poesia já consagrada. É necessário apontar que a maioria dos
críticos, jornalistas da época, é também responsável pela falta de espaço do movimento simbolista.
Esse movimento tem de enfrentar a hostilidade dos realistas que
influenciam a Academia Brasileira de Letras, para que não haja o reconhecimento
e a avaliação da nova estética. Por isso, o Simbolismo, desde o início, é marginalizado
e, ainda hoje, pouco conhecido e estudado. Os simbolistas são chamados de
nefelibatas por viverem fora da realidade, mas isso não se confirma quando lemos
inúmeros poemas de Cruz e Souza, por exemplo, sobre a sua condição social, tais
como “Emparedado”, “Crianças Negras”, etc. Além disso, outros poetas ratificam,
nas suas biografias, um grande envolvimento com lutas abolicionistas e republicanas.
De acordo com a teoria de Theodor W. Adorno, o retrato da sociedade também está
na sua negação. Mesmo que muitos poemas não se refiram diretamente ao aspecto social,
o silêncio pode ser uma forma de rejeição ao status quo. E é sobretudo pelo viés da negação que encontramos o registro
da sociedade da época em Cruz e Sousa.
O Simbolismo brasileiro, a par da influência do Simbolismo francês
e principalmente do poeta Baudelaire, tem suas feições próprias e não é um movimento
meramente de arremedo e nulo como se lê na fortuna crítica do passado e até em alguns ensaios atuais. De
acordo com Massaud Moisés:
É apenas no conjunto
que o Simbolismo autoriza a afirmar que não passou de um produto de imitação,
ausente de nossa realidade sócio-cultural. Mas ainda aqui temos de refletir friamente:
um movimento de mera imitação, postiço, nada tendo a
ver com nosso ambiente social, não vingaria como vingou, e não desempenharia, como desempenhou, um
relevante papel no panorama cultural do seu tempo. Morreria à nascença.
O que contribui para que esta visão depreciativa se configure é o fato
de o Brasil ter a tradição da manifestação literária como meio de documento
(Gregório de Matos Guerra, José de Alencar, Olavo Bilac, etc.). Nesta ânsia de se
reconhecer através da literatura, é compreensível a indignação do cânone oficial
em relação a uma poesia
abstrata e profunda.
A atitude simbolista de exilar-se não determina a falta de vínculo com a realidade. O afastamento dela tem
como objetivo manter o nível da arte. É importante, também lembrar que o Simbolismo
é o movimento que se preocupou muito com
a criação artística, com a questão literária em si mesma. No Brasil, especialmente,
as questões político-sociais importantes:- a República (novembro de 1889) e a
abolição dos escravos (maio de 1881) - já haviam acontecido, motivo que possibilitou
uma liberdade maior aos nossos poetas, para se dedicarem à arte em um outro patamar
de interesses. Assim sendo, o Simbolismo vem marcar importantes mudanças na história
da poesia, pois os poetas buscam o aprofundamento do eu, sem a postura egocêntrica dos românticos, visto
que almejam
atingir as camadas mais profundas do inconsciente. É a partir desta mudança radical
de comportamento que se torna necessária uma linguagem nova, sem o discurso
lógico dos parnasianos. Dessa crise, entre matéria e espírito, é que se vivência
na poesia a correspondência - utilizada por Baudelaire - entre signos espirituais
e materiais. Esta indefinição contemplada no Simbolismo questiona o verso bem comportado
criado pelos parnasianos, que buscam desfazer-se de qualquer compromisso existencial em
prol da forma poética.
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Fonte:
Maria Lúcia de Medeiros: “A imaginação simbólica em Cruz e Sousa”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras, do Instituto de Letra da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profª Drª Ana Maria Lisboa de Mello). Porto Alegre, 2005.
Fonte:
Maria Lúcia de Medeiros: “A imaginação simbólica em Cruz e Sousa”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras, do Instituto de Letra da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profª Drª Ana Maria Lisboa de Mello). Porto Alegre, 2005.
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