21/01/2014

Quatro Novelas, de Ana de Castro Osório

 Ana de Castro Osorio - Quatro Novelas - Iba Mendes
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Ana de Castro Osório: feminismo e a educação da mulher...

Algumas poucas críticas feministas na virada do século conseguiram fazer uma denúncia mais direta relacionando a “educação para a submissão” , a exemplo da escritora portuguesa Ana de Castro Osório, através da obra intitulada “Às Mulheres Portuguesas”, de 1905.

A polifonia que marcou esse momento apresentava vozes conservadoras preocupadas com a dissolução de costumes patriarcais tradicionais, e também vozes mais liberais, preocupadas tanto com a modernização dos papéis masculinos e femininos sem alterar a “desigualdade de gênero”, como promover a garantia de direitos civis e sociais às mulheres.

Ana Osório (1872-1935), foi escritora, intelectual, jornalista, ensaísta, conferencista, feminista e republicana. Desenvolveu intensa campanha em prol dos direitos das mulheres, fundando a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, o Grupo de Estudos Feministas e a Cruzada das Mulheres Portuguesas, além de escrever artigos e fazer conferências sobre o tema da condição feminina, defendendo o direito à educação e ao trabalho como meios de emancipação feminina.

Ana Osório dirigia-se às mulheres de seu país, mas também às mulheres latinas de uma maneira geral, exortando-as ao estudo e ao trabalho como um meio de obterem sua liberdade, pois considerava as jovens mulheres insuficientemente educadas para serem as companheiras e as mães do “homem moderno”. Um dos conselhos era para não fazer do amor o ideal único da existência nem o seu único fim, mas pensar no trabalho e no estudo, deixando que as faculdades afetivas se desenvolvessem livremente, e, caso não desenvolvessem, que isso fosse indiferente à sociedade.

As idéias de Ana Osório foram bastante veiculadas no Brasil durante toda a Primeira República, seja através da imprensa, como colaboradora das revistas femininas e de jornais, seja pela publicação de suas obras destinadas ao público feminino e à educação das crianças. Na biblioteca pública de São Luís havia uma coleção de livros da autora, a “Coleção Castro Osório”, dedicada à infância.

Ao defender a liberdade feminina de escolher seu estado social sem que isso significasse um fracasso na vida, especialmente no caso daquelas que escolhessem o estado de solteira, a escritora fazia uma crítica à mentalidade vigente de considerar o casamento como única carreira para assegurar o futuro da mulher. Entendia que desenvolver livremente as qualidades afetivas da mulher era deixar-lhe o pleno direito da escolha, o direito “sagrado de amar ou não amar”, de casar ou ficar solteira, sem que isso representasse uma vergonha ou um ridículo. Para isso, era necessário que houvesse a independência feminina pela educação e pelo trabalho, mostrando que a felicidade da mulher e sua utilidade na vida não estavam única e exclusivamente no casamento.


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Fonte:
Elizabeth Sousa Abrantes: “Ana de Castro Osório: feminismo e a educação da mulher como dote simbólico Fazendo Gênero”. Diásporas, Diversidades, Deslocamentos 23 a 26 de agosto de 2010, disponível em: http://www.fazendogenero.ufsc.br/

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