05/01/2014

À Margem da História, de Euclides da Cunha

 Euclides da Cunha- A Margem da História - Iba Mendes
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Os livros estão em ordem alfabética: autor/título (coluna à esquerda) e título/autor (coluna à direita).

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À Margem da História, de Euclides da Cunha

Quando “À Margem da História do Brasil” foi publicado em 1933, Vicente Licínio Cardoso já estava morto há dois anos. Organizado por amigos, este livro póstumo foi constituído por uma série de artigos e conferências, seguindo o estilo das outras publicações do autor lançadas entre os anos de 1924 e 1928. Vicente Licínio foi um ensaísta que optou por escrever breves estudos e artigos de opinião em detrimento de longos textos.

O livro se divide em seis grandes ensaios, intitulados, pela ordem: “Rio São Francisco Rio sem História”, “O Rio São Francisco Base Física da Unidade do Império”, “À Margem do Domínio Espanhol do Brasil”, “Diogo Antônio Feijó, Um Fantasma do Segundo Império”, “À Margem do Segundo Reinado” e “Euclides da Cunha”, este último dividido em três seções. Os textos foram produzidos em 1925, com exceção do primeiro, de 1923, e do quarto, escrito em 1926. Boa parte da produção literária e ensaística do autor foi feita nesse período, e em apenas dois anos (1924 e 1925) foram editados quatro livros de Vicente Licínio Cardoso!

Rio São Francisco, Segundo Reinado, Feijó, União Ibérica e Euclides. O que se pode depreender dessa diversidade temática? Não se trata de algo singular no pensamento brasileiro, pois outros intelectuais também se dedicavam tanto a temas históricos gerais, como a perfis de grandes vultos brasileiros. Note-se, aliás, a presença de objetos já clássicos na imaginação ilustrada do país, como o rio São Francisco, tema consagrado em análises anteriores de Capistrano de Abreu e João Ribeiro. Essa inscrição no coração da tradição intelectual nacional também se verifica no uso da expressão “à margem de” para introduzir um conjunto de comentários gerais sobre a marcha histórica da civilização brasileira em determinado contexto histórico. Como se sabe, Euclides da Cunha – não por acaso, ele próprio objeto do livro – consagrou a expressão no seu texto “À Margem da História” (Cunha, 1909), parafraseado na coletânea organizada por Vicente Licínio em 1924, “À Margem da História da República” (Cardoso, 1924).

Mas o que pode significar estar à margem? Em primeiro lugar, a expressão indica a posição do intérprete como um comentador que se vale de sua inscrição temporal para refletir sobre eventos passados. Assim como anotamos nas margens de textos, esses intelectuais se voltavam para o passado e produziam seus comentários e suas reflexões sobre o sentido da trajetória brasileira. Além disso, expressavam suas próprias biografias como intelectuais numa sociedade periférica e desigual, na qual se situavam de forma desconfortável.

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