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A nova barbárie
Um dos eventos históricos que,
certamente, marcaram tanto a história nacional
quanto a literatura e as artes em geral, no Brasil, foi o episódio conhecido como Guerra de Canudos. Vários foram os
leitores desse episódio – escritores reconhecidamente
do cânone; outros de renome em sua época; alguns através de simples testemunho; outros, por pura ficção.
Há, no entanto, certa leitura
que, a partir do evento histórico, pode ser considerada como fundadora de uma tradição.
Partindo do conflito ocorrido em Canudos,
Os sertões, de Euclides da Cunha, elaborou uma narrativa enciclopédica do evento – com vistas a nomear e explicar as
inúmeras variáveis existentes no conflito:
das geológicas às históricas, das políticas às factuais, das táticas às sociais.
Talvez por isso, podemos atentar,
principalmente, para o que podemos chamar
de “caráter aberto” de Os sertões – construído como uma espécie de mosaico de saberes, “texto nascido de outros
textos”, acabou por criar uma tradição que pensa, artística e
intelectualmente, o Brasil. Nessa tradição, podemos observar nomes como os de Gilberto Freyre, e
seu ideal de miscigenação; Sérgio Buarque
de Holanda, e o olhar crítico ao liberalismo brasileiro; Guimarães Rosa, e a gênese estética do “olhar voltado para o
continente”; ou mesmo Glauber Rocha, Graciliano
Ramos e outros que ajudaram a formatar a chamada estética da seca.
Contudo, o livro de Euclides da
Cunha não surgiu após um hiato de cinco anos – aqueles transcorridos entre a destruição do
arraial de Canudos e o lançamento de Os
sertões. Vários foram os livros que, lançados nem bem havia esfriado as cinzas do arraial, de alguma forma influenciaram
Euclides. Neste artigo, objetivo perseguir,
ao menos parcialmente, dois textos que, para além das experiências vividas por Euclides – a factual e a literária
–, contribuíram para o surgimento de Os
sertões, livro que, como já profetizara Machado de Assis, eternizou o caráter simbólico do episódio de Canudos – talvez dos
maiores crimes, pecados e monstruosidades
já inscritos em nossa literatura.
Assim como o fato é fugaz, o
símbolo é mordaz. À literatura, guardiã de experiências, seria dada, mais uma vez, o
papel de tentar constituir-se como limite da nova barbárie – aquela apontada por Walter
Benjamin em “Experiência e pobreza” –,
barbárie advinda do silêncio frente ao horror e à violência “em escala industrial” que as modernas máquinas de guerra
passaram a permitir, sobretudo na I
Guerra Mundial. Em Canudos, tal violência já fazia um ensaio regional.
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Fonte:
César Gonçalves de Oliveira (UFMG): “Estilhaços literários da Guerra de Canudos”, publicado em http://www.letras.ufmg.br
Fonte:
César Gonçalves de Oliveira (UFMG): “Estilhaços literários da Guerra de Canudos”, publicado em http://www.letras.ufmg.br
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