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Sermão XII, do Padre Antônio Vieira
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Padre António Vieira: o
militante do Império
“Em face deste jesuíta formado no Brasil e tendo-o como o mais completo
teórico do império português, são de se desprezar as discussões que reivindicam
de Vieira um enquadramento quer de português ou de brasileiro. Foi, antes acima
de tudo, um militante do Império”.
“Que pode
ser mais globalizante
do que um
indivíduo?
Sobretudo em se tratar de um
indivíduo de certa importância, de certa visibilidade social?”. Tratava-se de um apelo do autor pelo
retorno das biografias históricas que há muito haviam sido abandonadas pela
grande maioria dos historiadores, denunciando uma preferência clara da
historiografia recente pelas histórias coletivas. Este apelo teve ressonância
nesta tese, que viu no Padre António Vieira um exemplo notável de uma pessoa
cuja vida e trabalho geraram influências de alcances globais.
Por certo, que uma
investigação acadêmica das permanências exige sempre um universo de
pesquisa amplo em tempo e espaço. Neste sentido, constatou-se na personagem do
Padre António Vieira, uma biografia de extrema valia para um estudo que se
insere na perspectiva da longa duração. Afinal, tanto a longa vida do
jesuíta, que já ancião morre aos 89 anos de idade, quanto suas experiências nos
mais diversos campos de atuação fizeram com que, através de seus escritos,
fosse possível um traçar dos vestígios e heranças das tradições medievais, ou
seja, das permanências. Por esta razão, julgou-se necessário um breve
resumo biográfico do ilustre padre.
Nascido nas proximidades da
imponente Sé de Lisboa, em 06 de fevereiro de 1608, Padre António Vieira
primeiro se mudou para o Brasil aos seis anos de idade, ainda menino quando seu
pai, Cristóvão Vieira Ravasco, aceitou emprego na Bahia. O ano era 1614, e
apesar de haver aproximadamente 28 anos que se encontravam sob o jugo
castelhano, os portugueses viviam uma fase de relativo orgulho com a derrota
dos franceses no Maranhão. Em 1624 uma nova frente bélica veio,
porém, provar que os resultados das operações lusitanas em sua tentativa de
instaurar a paz e o domínio sobre a colônia eram lacônicos. Trata-se de quando
Portugal terçou armas novamente em solo brasileiro, desta vez na Bahia, contra
os inimigos de comércio e de fé, os holandeses.
Foi precisamente esta mesma
guerra luso-neerlandesa, que iniciou em 1597, mais de uma década antes do seu
próprio nascimento e guerra esta que duraria para além de todo o seu período de
formação no Colégio da Bahia, que Vieira pregou anos mais tarde, em seu célebre
“Sermão Pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as da Holanda”. Sem
dúvida que nascer, crescer e se formar sob o espetáculo deste teatro de
colisões hostis influenciou em muito as teorias bélicas e pacifistas do
pregador.
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Fonte:
Raquel Drumond Guimarães: “Vestígios do medievo nos Sermões do Padre António Vieira”. (Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de PósGraduação em História, da Universidade Federal de Santa Catarina. Linha de pesquisa: Relações de poder e subjetividades. Orientador: Prof. Dr. Valmir Francisco Muraro). Florianópolis, 2012.
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
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