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A visão de
Vieira de acordo com a ocasião
Após esta reflexão sobre o
profetismo vieiriano e outros concorrentes, penso ser possível afirmar que as
situações vivenciadas pelo jesuíta, enquanto elaborava seus escritos
proféticos, refletiam-se na redação de seus sermões, inclusive nas diferenças
entre eles. Destaco pelo menos três momentos de “amadurecimento” da profecia de
Vieira de acordo com a situação vivida por ele. Um Vieira “inicialmente”
visionário, que, como
outros autores, enxergava o Encoberto na figura de D.
Sebastião (tendo, inclusive, escrito um sermão inteiro em sua homenagem). Nesta
fase, baseava suas próprias previsões nos presságios de Bandarra, nos quais
encontrava mais indícios da volta de D. Sebastião do que qualquer outro rei,
concordando neste ponto com o autor de Ante-Vieira. O segundo Vieira
era extremamente “grato” a D. João IV, que o promovera na corte e o permitira
ainda ser diplomata e pregador oficial do reino, além de ser seu amigo e
confidente. Ainda que redigindo como visionário,
tratava-se, acima de tudo, de um Vieira que legitimaria este rei como sendo o “Encoberto”.
Por fim, um Vieira “realista”, que precisava escapar da Inquisição e não podia
perder a sua exegese profética e se contrariar em momento nenhum para não
sofrer uma pena muito pesada. Foi quando optou por D. Afonso como
sendo o Encoberto, uma vez que D. João IV não ressuscitara como antes predito.
Com isso não quero de forma
alguma separar três Vieiras completamente distintos, mas como tantos outros
estudiosos do jesuíta, mostrar que ele era um só: em um momento um jovem
empolgado, iniciando a sua exegese profética, que o caracterizou como um
visionário; em outro momento, um adulto que, sem abandonar sua tese, era grato
a D. João IV, que lhe fizera tão bem; por último, o momento de sua velhice, que
o tornara mais sério e realista, mais preocupado em provar sua “verdade”, para
não sofrer duras conseqüências e também com um “restinho” de vontade de voltar
a ter prestígio na corte, que acabou se provando um esforço em vão.
Apesar das variações acima
assinaladas, é importante realçar que em todos os momentos da vida de Vieira a
questão profética foi fundamental e levada muito a sério, conforme pode ser
averiguado em vários escritos nesta linha produzidos pelo jesuíta nas mais
diferentes etapas de sua longa vida e extensa produção literária. Por isso se
torna importante para quem estuda Antônio Vieira entender melhor este debate
acerca de suas interpretações de profecias e de outras que dialogavam com elas.
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Fonte:
Leonardo Soares Barbosa: “O Quinto Império: profecia e pragmatismo nos escritos de padre Antônio Vieira”. (Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em História na área de concentração: Narrativas, Imagens e Sociabilidades, da Universidade Federal de Juiz de Fora,como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profª. Drª. Beatriz
Helena Domingues). Juiz de For a, 2010.
Leonardo Soares Barbosa: “O Quinto Império: profecia e pragmatismo nos escritos de padre Antônio Vieira”. (Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em História na área de concentração: Narrativas, Imagens e Sociabilidades, da Universidade Federal de Juiz de Fora,
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
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