17/01/2016

Sermão da Terceira Dominga da Quaresma, de Padre Antônio Vieira

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A Retórica dos Sofistas
  
O apogeu de Atenas dos séculos V e VI a.C., conhecido como período clássico, coincide com a atuação dos grandes filósofos e com o ensino dos sofistas, entre eles: Protágoras de Abdera, Górgias de Leôncio, Híppias de Elis, Trasímaco, Pródico e Hipódamos, entre outros. Os sofistas, por definição, eram professores de sabedoria, mas o termo passou a assumir conotação pejorativa, como alguém que usa sofismas com o intuito de enganar. Eles eram mestres itinerantes e muito bem pagos por suas aulas.

Aranha (2001, p.43) afirma que os sofistas exerciam um grande poder sobre a juventude com o brilhantismo da sua retórica; ensinavam a arte da persuasão, do convencimento pelo discurso, recurso bem aproveitado em praça pública, que era a sede da assembléia; esses mestres tornavam-se educadores na formação intelectual, fazendo com que a própria paidéia (educação da criança) seja ampliada atingindo a educação do adulto; aumentaram o currículo incluindo a gramática, a retórica e a dialética, entre outras disciplinas, o que acabou estabelecendo a divisão das sete artes liberais.

Com relação ao ensino dos sofistas, Rohden (1997,p.31,32) também destaca o fato de eles terem ensinado seus discípulos a argumentar bem, a fim de persuadirem seus ouvintes; os jovens aprendiam com esses mestres a ciência da vida prática, a política, a moral e a retórica; tornaram-se odiosos a boa parte dos gregos porque pretendiam ter sempre razão; o seu discurso assumiu uma feição relativista e subjetiva, pois o homem com sua linguagem passou a ser medida de todas as coisas; não houve mais o dever moral de se buscar a verdade.

Protágoras foi o criador da erística, que mais tarde viria a ser dialética. O termo erística significa controvérsia; era a arte de vencer uma discussão contraditória; recorreu-se aos piores sofismas. Reboul (2000, p.9,10) declara que o mundo do sofista foi um mundo sem verdade, sem realidade objetiva; o logos, o discurso do homem, ficou sem referência e não houve outro critério senão o próprio sucesso; o discurso não pretendia ser verdadeiro, nem mesmo verossímil, apenas eficaz para vencer, deixando o interlocutor sem réplica; a retórica, com a sofística, tornou-se rainha despótica porque ilegítima.


Apesar dos pontos negativos acima mencionados, os sofistas deram uma enorme contribuição à educação ao não limitá-la às crianças, ao ampliar o currículo e ao terem inserido os jovens nas discussões políticas relacionadas a sua cidade; com isto houve um grande desenvolvimento do discurso deliberativo.

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Fonte:
Roberto Teodoro Jung: “Retórica e pregação religiosa no Sermão da Sexagésima do Padre Antonio Vieira”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras – Mestrado, Área de Concentração em Leitura e Cognição, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras. Orientador: Prof. Dr. Jorge Molina). Santa Cruzdo Sul, 2008.
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.

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