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A Retórica dos Sofistas
O apogeu de Atenas dos séculos V e VI a.C., conhecido
como período clássico, coincide com a atuação dos grandes filósofos e com o
ensino dos sofistas, entre eles: Protágoras de Abdera, Górgias de Leôncio,
Híppias de Elis, Trasímaco, Pródico e Hipódamos, entre outros. Os sofistas, por
definição, eram professores de sabedoria, mas o termo passou a assumir
conotação pejorativa, como alguém que usa
sofismas com o intuito de enganar. Eles eram mestres itinerantes e muito bem
pagos por suas aulas.
Aranha (2001, p.43) afirma que os sofistas exerciam
um grande poder sobre a juventude com o brilhantismo da sua retórica; ensinavam
a arte da persuasão, do convencimento pelo discurso, recurso bem aproveitado em
praça pública, que era a sede da assembléia; esses mestres tornavam-se
educadores na formação intelectual, fazendo com
que a própria paidéia (educação da criança) seja ampliada atingindo a
educação do adulto; aumentaram o currículo incluindo a gramática, a retórica e
a dialética, entre outras disciplinas, o que acabou estabelecendo a divisão das
sete artes liberais.
Com relação ao ensino dos sofistas, Rohden
(1997,p.31,32) também destaca o fato de eles terem ensinado seus discípulos a
argumentar bem, a fim de persuadirem seus ouvintes; os jovens aprendiam com
esses mestres a ciência da vida prática, a política, a moral e a retórica;
tornaram-se odiosos a boa parte dos gregos porque pretendiam ter sempre razão;
o seu discurso assumiu uma feição relativista e subjetiva, pois o homem com sua
linguagem passou a ser medida de todas as coisas; não houve mais o dever moral
de se buscar a verdade.
Protágoras foi o criador da erística, que mais tarde
viria a ser dialética. O termo erística significa controvérsia; era a arte de
vencer uma discussão contraditória; recorreu-se aos piores sofismas. Reboul
(2000, p.9,10) declara que o mundo do sofista foi um mundo sem verdade, sem realidade
objetiva; o logos, o discurso do homem, ficou sem referência e não houve
outro critério senão o próprio sucesso; o discurso não pretendia ser
verdadeiro, nem mesmo verossímil, apenas eficaz para vencer, deixando o
interlocutor sem réplica; a retórica, com a sofística, tornou-se rainha
despótica porque ilegítima.
Apesar dos pontos
negativos acima mencionados, os sofistas deram uma enorme contribuição à
educação ao não limitá-la às crianças, ao ampliar o currículo e ao terem
inserido os jovens nas discussões políticas relacionadas a sua cidade; com isto
houve um grande desenvolvimento do discurso deliberativo.
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Fonte:
Roberto Teodoro Jung: “Retórica e pregação religiosa no Sermão da Sexagésima do Padre Antonio Vieira”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras – Mestrado, Área de Concentração em Leitura e Cognição, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras. Orientador: Prof. Dr. Jorge Molina). Santa Cruz do Sul, 2008.
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
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