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O Maneirismo
Sendo que o Barroco espanhol, com o nome de
Maneirismo, firmou suas raízes na época medieval, é mister fazer uma breve
retrospectiva desse estilo literário.
Há os que consideram o Maneirismo um estilo
cronologicamente situado entre o Renascentismo e o Barroco; para outros, a
poesia maneirista da Itália e da Espanha, assim como o preciosismo na França, são fenômenos
semelhantes ao Maneirismo nas artes plásticas.
Curtius (1996, p. 341-374), por sua vez, declara que
o Maneirismo foi uma manifestação artística oposta ao Classicismo e que
perpassou os períodos desde a Antigüidade Clássica; do latim medieval passou às
literaturas em língua vulgar, chegou ao século XVII e enraizou-se firmemente na
Espanha; portanto, não surgiu como
produto acabado, mas teve uma história de dois mil anos. O Maneirismo era
certa maneira
artística que podia expressar-se nas mais diversas formas, sufocando a norma
clássica. Esse estilo é visto como
uma tendência literária que estava em oposição ao equilíbrio de Classicismo e
que o degenerava.
Muito do que se chama de Maneirismo, hoje se
considera Barroco; por isso Curtius prefere o termo Maneirismo, pois a palavra
Barroco contém muitos elementos históricos, de aspecto geral. O clássico normal
se expressa de forma natural, adequado ao tema; o risco do Maneirismo tornar o
discurso excessivamente, sem ordem e sentido. Na retórica manifestou-se um
germe de Maneirismo constatado no uso de muitas figuras como hipérbatos, perífrases e metáforas. O
maneirista transgredia as formas normais de expressão; privilegiava artifícios,
pois desejava surpreender, assombrar, deslumbrar. Esse estilo podia
manifestar-se na forma lingüística ou no conteúdo intelectual engenhoso.
Curtius
não concorda com a separação entre cultismo e conceptismo; argumenta que a
expressão bem-cuidada é condição preliminar para a eficácia de idéias
engenhosas; ele cita Gracián, que recomendara a agudeza de espírito como meio para exprimir
culturalmente seus conceitos.
Conforme o autor, para a
compreensão das palavras arte e engenho, a invenção, o rigor e a
faculdade como
as mais valiosas qualidades de um orador; mas esse engenho pode tornar-se um
defeito se não estiver unido ao discernimento, ao juízo. O maneirismo do fim da
Antigüidade e da Idade Média, entretanto, enfraqueceu a influência de
Quintiliano, principalmente na Espanha, de forte influência medieval. Marciano Capela,
como mestre do Ocidente latino, relatou a introdução da matrona Retórica numa
alegórica assembléia dos deuses, descrevendo o efeito do seu discurso e
admirava o engenho inventivo, a eloqüência, a memória, a ordem, a modulação da
pronúncia e movimentos dos gestos; aparecem aqui os aspectos mais brilhantes da retórica, a
essência da invenção (procura por argumentos) no engenho, dois conceitos
fundamentais do maneirismo.
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Fonte:Roberto Teodoro Jung: “Retórica e pregação religiosa no Sermão da Sexagésima do Padre Antonio Vieira”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras – Mestrado, Área de Concentração em Leitura e Cognição, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras. Orientador: Prof. Dr. Jorge Molina). Santa Cruz do Sul, 2008.
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
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