22/06/2015

Poesia de Raul Leoni

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A posição de Raul de Leoni na história da lírica moderna brasileira

Raul de Leoni é um poeta que se situa, portanto, na fronteira que separa a poesia parnasiana e simbolista da poesia modernista. Não pode ser considerado neoparnasiano pelas rupturas formais que adota, mais próximas das experiências dos poetas simbolistas, em relação aos quais os modernistas não se sentiam completamente afastados. Leoni exprimia-se através de sonetos clássicos e de poemas de métrica variada, não se fazendo aprisionar por qualquer rigidez formal, colocando a forma a serviço da significação. Não se pode dizer que é neo-simbolista, embora partilhe com os franceses o retorno à mitologia pagã, afastando-se da perspectiva predominante cristã dos românticos, e apresente uma delicada melodia em seus ritmos. Segundo depoimento informal de Sérgio Buarque de Holanda, um dos poetas mais lidos por Leoni foi Augusto dos Anjos cujos versos costumava recitar de memória, podendo-se pensar que é da lírica do autor do livro Eu que o poeta Raul de Leoni mais se aproxima, já que ambos, guardadas as especificidades do perfil de cada um, resistem a qualquer enquadramento em um movimento literário determinado.

 Não sendo parnasiano, nem simbolista, nem modernista, mas um pouco de todas essas tendências, Raul de Leoni é um poeta moderno, afinado com as inovações francesas introduzidas na lírica por Baudelaire (1821-1867), Rimbaud (1854-1891), Mallarmé (1842-1898) e, sobretudo, Paul Valéry (1871-1945), poeta por quem tinha grande admiração. Ao mesmo tempo, é um poeta empenhado na expressão de idéias abstratas, recorrendo “ao apelo feito a sua alma pelo mundo clássico”, conforme sublinha Darcy Damasceno. Raul de Leoni é moderno, daquela modernidade inaugurada por Baudelaire que, conforme Hugo Friedrich, teve “a capacidade de ver no deserto da metrópole não só a decadência do homem, mas também pressentir uma beleza misteriosa, não descoberta até então”.

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Fonte:
Ana Maria Lisboa de Mello
(UFRGS): “A posição de Raul de Leoni na história da lírica moderna brasileira”. Letras de Hoje. Porto Alegre. v. 41, nº 4, p. 58-71, dezembro, 2006. Disponível em: revistaseletronicas.pucrs.br

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