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Ana de Castro Osório e o direito à educação
Ana de Castro Osório e o direito
à educação A fim de colmatar o atraso nacional num período politicamente
conturbado, de transição entre a Monarquia e a República, Ana de Castro Osório
propõe em Às Mulheres Portuguesas (1905) que se eduque a mulher portuguesa de
todas as classes sociais. Nessa colectânea de ensaios, dirige-se às mulheres do
seu país, “que tão insuficientemente são educadas para serem as companheiras e
as mães do omem moderno” de modo a apresentar-lhes uma análise da situação de
atraso nacional vigente pela inexistência de escolas que preparem a população
portuguesa, maioritariamente feminina. Ao tomar conhecimento de quem a Autora
aponta como destinatárias deste ensaio, compreende-se melhor a sua preocupação
com o facto de a mulher portuguesa não estar a ser devidamente preparada para
exercer as funções sociais de companheira e mãe do homem português. Consciente
da tradição do governo português de importar modelos de educação estrangeiros a
cada nova legislatura, Castro Osório apela, no mesmo texto, à implementação de
“uma educação fundamentalmente portuguesa”. Ainda, explica que o estudo e o
trabalho constituem o veículo para a mulher de todas as classes sociais
adquirir a sua “carta de alforria.
Castro Osório diferencia a
educação a oferecer à mulher casada daquela que a mulher solteira deverá
receber. A publicista feminista propõe educar a mulher mãe de modo a muni-la de
habilitações que permitam fazer dela um apoio constante do marido, assim como
uma educadora exemplar dos filhos. Do mesmo modo, propõe a educação da mulher
solteira ou chefe de família para que esta tenha meios de se sustentar a si e
aos seus (Osório 1905). No ensaio “No aniversário duma escola,” inserido em Às
Mulheres Portuguesas, a publicista elogia o trabalho desenvolvido pelos
professores e sugere que no futuro sejam as mulheres solteiras a educar as crianças,
desempenhando a função de professoras primárias, pois as casadas têm outros
afazeres na família, junto do marido e dos filhos (Osório 1905). Através das
suas palavras, nota-se que além de distinguir a educação direccionada à mulher mãe,
útil na esfera privada, daquela destinada às mulheres solteiras, livres para exercer
uma profissão, Castro Osório coloca a mulher casada mãe numa categoria distinta,
limitada ao espaço doméstico. No que concerne à mulher solteira, Castro Osório
atribui-lhe o desempenho de funções que exigem a transferência dos dotes maternais
da jovem para a esfera pública, educando os pequeninos, o que evidencia o quanto
a vertente maternal da mulher é cara ao seu projecto educativo. De facto, a visão
restritiva da educação feminina cujos ensinamentos e exercício de funções dependem
do estado civil do educando sublinha a vertente conservadora positivista do
ideário feminista da publicista.
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Fonte:
Célia Carmen Martins Cordeiro: "Ana de
Castro Osório and the Portuguese Republican Woman: Vehicle of Regeneration of
the Nation and of Preservation of the National Identity". (A master´s
thesis submitted to the Faculty of the Graduate
School of the University of Minnesota ).
Minnesota , EUA, 2012. Disponível em: conservancy.umn.edu
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