18/10/2014

A Capital Federal (Teatro), de Artur Azevedo

 A Capital Federal, de Artur Azevedo gratis pdf
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Dicotomias: campo x cidade; elite x povo

Nesse sentido, em A Capital Federal, chama a atenção uma parte em que a personagem Benvinda tenta aprender o francês, que era freqüentemente usado em conversas da alta sociedade carioca. Uma vez aprendido a despedir-se em francês, a mulata passa a repetir as palavras a todo momento, caindo em erros que levam o espectador a pensar sobre o ridículo de se preferir falar o francês ao português no Brasil:
  
Figueiredo — Minhas senhoras e meus senhores, apresento a Vossas Excelências e Senhorias, Dona Fredegonda, que — depois, bem entendido, das damas que se acham aqui presentes — é a estrela mais cintilante do demi-monde carioca!

Todos (Inclinando-se.) — Dona Fredegonda! Figueiredo (Baixo a Benvinda.) — Cumprimenta.
Benvinda Ó revoá!

Figueiredo (Baixo.) — Não. Au revoir é quando a gente vai-se embora e não quando chega.
Deste modo, o autor defende a língua portuguesa, ridicularizando os francesismos da época. Outra passagem na mesma peça deixa tal crítica ainda mais evidente:

O Gerente — Ainda não. Mas com licença: vou mandar chamar o tal Gouveia. (Chamando.) Chasseur. (Entra da direita um menino fardado.) Vá ao quarto nº 135 e diga ao hóspede que está uma senhora no salão à sua espera. (O menino sai a correr pela escada.)

Figueiredo Chasseur! Pois não havia uma palavra em português para...

O Gerente — Não havia, não senhor. Chasseur não tem tradução. Figueiredo — Ora essa! Chasseur é...

O Gerente — É caçador, mas chasseur de hotel não tem equivalente. O

Grande Hotel da Capital Federal é o primeiro no Brasil que se dá ao luxo de ter um chasseur!

Ainda em A Capital Federal, percebemos as diferenças do modo de falar dos habitantes do Rio de Janeiro e da família interiorana em praticamente todas as passagens. As personagens que vêm do interior falam omitindo algumas sílabas, trocando letras e usam expressões que lhes são peculiares, tais como “janota”, que indica uma pessoa bem vestida, elegante, no vocabulário típico mineiro:


Eusébio
— I —
Sinhô, eu sou fazendeiro Em São João do Sabará, E venho ao Rio de Janeiro De coisas grave tratá. Ora aqui está!

Tarvez leve um ano inteiro Na Capitá Federá!

Coro

Ora aqui está! etc...

Eusébio

— II —
Apareceu um janota

Em São João do Sabará; Pediu a mão de Quinota E vei’ se embora pra cá. Ora aqui está!

Hei de achá esse janota Na Capitá Federá!
Coro

Ora aqui está, etc.

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Fonte:
Fernanda Cássia dos Santos: “Artur Azevedo e a identidade nacional brasileira na passagem do século xix para o XX”. (Monografia apresentada à disciplina Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica como pré-requisito para a conclusão do curso de História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Profª Drª Andréa Doré). Curitiba, 2008.
Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese. 
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.

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