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Dicotomias: campo x cidade; elite x povo
Nesse sentido, em A Capital Federal,
chama a atenção uma parte em que a personagem Benvinda tenta aprender o
francês, que era freqüentemente usado em conversas da alta sociedade carioca. Uma
vez aprendido a despedir-se em francês, a mulata passa a repetir as palavras a
todo momento, caindo em erros que levam o espectador a pensar sobre o ridículo
de se preferir falar o francês ao português no Brasil:
Figueiredo — Minhas senhoras e
meus senhores, apresento a Vossas Excelências e Senhorias, Dona
Fredegonda, que — depois, bem entendido, das damas que se acham aqui presentes
— é a estrela mais cintilante do demi-monde carioca!
Todos (Inclinando-se.)
— Dona Fredegonda! Figueiredo (Baixo a Benvinda.) —
Cumprimenta.
Benvinda — Ó
revoá!
Figueiredo (Baixo.) — Não.
Au revoir é quando a gente vai-se embora e não
quando chega.
Deste modo, o autor defende a língua
portuguesa, ridicularizando os francesismos da época. Outra passagem na mesma
peça deixa tal crítica ainda mais evidente:
O Gerente — Ainda não. Mas com
licença: vou mandar chamar o tal Gouveia. (Chamando.) Chasseur.
(Entra da direita um menino fardado.) Vá ao quarto nº 135 e diga ao
hóspede que está uma senhora no salão à sua espera. (O menino sai a correr
pela escada.)
Figueiredo — Chasseur!
Pois não havia uma palavra em português para...
O Gerente — Não havia, não
senhor. Chasseur não tem tradução. Figueiredo
— Ora essa! Chasseur é...
O Gerente — É caçador, mas chasseur
de hotel não tem equivalente. O
Grande Hotel da Capital
Federal é o primeiro no Brasil que se dá ao luxo de ter um chasseur!
Ainda em A Capital Federal,
percebemos as diferenças do modo de falar dos habitantes do Rio de Janeiro e da
família interiorana em praticamente todas as passagens. As personagens que vêm
do interior falam omitindo algumas sílabas, trocando letras e usam expressões
que lhes são peculiares, tais como “janota”, que indica uma pessoa bem vestida,
elegante, no vocabulário típico mineiro:
Eusébio
— I —
Sinhô, eu sou fazendeiro Em
São João do Sabará, E venho ao Rio de Janeiro De coisas grave tratá. Ora
aqui está!
Tarvez leve um ano inteiro Na
Capitá Federá!
Coro
Ora aqui está! etc...
Eusébio
— II —
Apareceu um janota
Em São João do Sabará;
Pediu a mão de Quinota E vei’ se embora pra cá. Ora aqui está!
Hei de achá esse
janota Na Capitá Federá!
Coro
Ora aqui está, etc.
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Fonte:
Fonte:
Fernanda Cássia dos Santos:
“Artur Azevedo e a identidade nacional
brasileira na passagem do século xix para o XX”. (Monografia apresentada à
disciplina Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica como pré-requisito para
a conclusão do curso de História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da
Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Profª Drª Andréa Doré). Curitiba, 2008.
Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese. As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
Nota:
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