31/08/2014

O Cristo e a adúltera (Poemas), de Luiz Delfino dos Santos

 O Cristo e a adúltera, de Luiz Delfino dos Santos gratis em pdf
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Estátuas de hoje

Sim! é bela esta estátua, é obra primorosa;
Modelou-a um artista ousado e inteligente:
Só lhe falta sentir; — mas parece que sente;
Tanta expressão lhe aviva a face esplendorosa.

É Vênus, é Vestal, é Diana; tem tudo:
Uma constelação num pedaço de Paros:
Parece que hoje em dia os Fídias não são raros,
Pesar do jornalismo a respeito andar mudo.

Notem bem o calor da pele delicada,
Fios de oiro em lugar de áureos finos cabelos,
Dois olhos que têm luz enrolada em novelos,
E o abandono do andar de princesa enfadada.

É um progresso. —Nunca o estatuário heleno,
Ou o artista romano esse ar à pedra imprime,
Nem mesmo Prometeu, em mundo mais pequeno,
Quando o mármore move ao fogo do seu crime.

Dizem que um dia vendo um mármore já morto
Dessas estátuas, um cirurgião eminente
Autopsiou-o e achou, entre calmo e absorto,
Das vísceras faltar o coração somente.

Havia no lugar em que o músculo não ‘stava
Uma poça de pranto e metal derretido,
Como entre o crepitar de liquefeita lava,

Oiro que rola e cai por abismo perdido.

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