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Aí vão como uns peregrinos alados, estes pálidos e
mesquinhos versos, que ao certo destoarão no quase universal concerto poético,
em homenagem a simpática “bambina” do sul, a essa prodigiosa criança.
Mas não era possível calar as sensações íntimas e
sublimes, profundas e verdadeiras que se apoderarão de nossas almas, não era
possível emudecer, ficarmos de gelo, impassíveis como Napoleão ao ver tombar
examines as falanges de bravos nessa exemplar Waterloo, quando a irradiação do
GÊNIO, quando as fulgurações de seus olhinhos, meigamente buliçosos,
adoravelmente límpidos, misteriosamente expressivos e encantadores, nos
eletrizam, nos arrebatam, nos fulminam a pouco e pouco.
É preciso combater-se de frente, com a viva certeza de
triunfar, o indiferentismo, essa como que letargia moral, que nos apoucanha e
torna velhos.
Somos catarinenses, somos brasileiros, filhos desse belo
país, rico de grandiosas aspirações, fértil em produzir talento de “elite”,
vultos de tina têmpera, rijos como aço, bem como João Caetano — pelo teatro,
Álvares de Azevedo — pelas letras, esse “enfant terrible”, uma frase do
pensador homérico, do arquiteto incomparável da palavra — o sábio Victor Hugo,
ou segundo Ferreira de Menezes: o moço poeta capaz de escrever a epopeia dos
Girondinos brasileiros.
Somos catarinenses, somos brasileiros, filhos dessa parte
da América, banhada pelas águas do Prata e do Amazonas, filhos desse Tiaraiu
soberbo, fadado para representar o universo na eloquente e solene propaganda do
progresso e civilização.
E esse progresso nos chama, mas um progresso bom,
prometedor, um progresso que tende a refundir os povos no crisol de novas
ideias, a modelar as crenças pela igualdade das nações!...
Nada de retrogradar.
Se não podemos marchar na vanguarda das outras nossas
províncias, ao menos marchemos no flanco.
Provemos ao estrangeiro que caminhamos para a
perceptibilidade.
Pensemos um tanto maduramente.
Burilemos o crânio, que lá por dentro haverá alguma coisa
de belo, de grande, de edificante, no pensar de André Chenier.
Façamos agitar as fibras do corpo e as fibras do espírito.
Somos os obreiros do porvir.
Somos as aves das luz!...
Ensaiemos o voo, preparemos a cabeça para as lutas da
razão.
Enquanto esta trabalha, trabalharão precisamente todos os
órgãos do nosso corpo.
Julieta dos Santos é brasileira como nós, precisa como os
filhos do pelicano, um seio para alimentar-se, um teto amigo e hospitaleiro
para abrigar a sua mimosa compleição, a sua delicada feitura.
Mais que ninguém, é merecedora dos mais altos encômios, da
mais calorosa aceitação.
A palmeira do deserto não chega a ser gigante, a distender
suas franças por sobre a plácida superfície do lago diáfano que serpeja em
ondulações, de quando em vez, sem os alfajores protetores e cristalinos da
manhã, sem as lágrimas misteriosas da noite!
As garaúnas saltitantes não desatam suas melopeias
agrestes, seus maviosíssimos ditirambos na copada ramagem do ingazeiro, a
jaçanãs não esvoaça mais desembaraçada e alegre através das lianas e
trapoeirabas, sem pressentirem o brando rosicler da alvorada, os arabescos
sublimes do horizonte!
Fenômenos tais são raríssimos.
Não é facilmente que um mesmo século gera um Mauricio
Dengremont, um Mozart, uma Gemma Cuniberti, uma menina Coulon!...
É o fato de dizer-se que a natureza reúne a força
intelectual de dois anos ou mais seres que se desenvolverão em tempo dado,
naturalmente, sem precocidade, para a colocar em um só ser.
Para as organizações frias, que têm por índole a ganância
material da coisa, estas nossas humildes, porém justas asserções, se dissiparão
como a nuvem ou... quem sabe, se não serão comentadas AD LIBITUM, “com uma
verdade e precisão à toda a prova, com uma imparcialidade e sensatez”
inabaláveis?!...
Quem sabe?!...
Parece já sentirmos a aguçada ponta do estilete da crítica
e do sarcasmo nos trespassar a fronte.
Mas não a curvaremos.
Foi nossa ideia apenas, conduzir uma pedrinha, um grão de
areia, um diminutivo auxiliar enfim, aos alicerces do Panteão de glória dessa
distinta atrizinha.
Se por acaso cumprimos mal o nosso desideratum, ela que
nos desculpe.
Enquanto ao mais, se os pobres versos que seguem não
penetrarem em muitos desses espíritos levianos e mal intencionados que aí há,
cremos que penetrarão no da nossa dileta festejada e isso já nos é bastante.
Estamos acostumados a não curvar a cerviz a ouropéis, a
grandezas, a tronos, mas sabemos tirar o chapéu sempre que deparamos com um
escopro, com um malho ou um pincel, emblemas da arte!...
Assim o fazemos – diante de Julieta dos Santos.
Nunca serão demasiadas honras que se tributarem aos gênios
essencialmente reconhecidos.
Quem quiser que nos julgue.
3 de janeiro de
1883.
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