07/07/2014

Cintra (Poesia), de Mário Beirão

 Cintra, de Mário Beirão - Iba Mendes - livros em pdf grátis
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A escrita de Mário Beirão

Na escrita de Mário Beirão, mais concretamente, a palavra ressoa uma religião,  um evangelho interior, um sacramento do qual se pode retirar uma outra ordem de vida.

Mário Beirão utiliza para tal o anafórico apelo ao “Senhor”, vocábulos que são a imagem da paixão de Cristo (“Morro na cruz por ti”) e de Nossa Senhora (“Ah, deixa-me rezar,/ungir teus pés, imagem de oiro fino!/ A minha voz é a luz do teu altar;/ Rezar  a ti, mulher, é ser divino”), a contemplação da cruz (“Na cruz, ao alto, a Dor me deificou”), a sagração da passionalidade que justifica o repetido emprego de “Ó Piedosa”, “Eleita do Senhor”, “Sê clemente”, “sê como Cristo”, “por ti”. Por outro lado, a profusão de lírios (“Irmã das queixas dúlcidas dum lírio,/Irmã dos ais nascidos do Martírio”), de açucenas (“Exala a viola em surdina/Brandas queixas de açucenas...” ), de círios (“Ó pálido círio,/Aos pés de uma cruz,...”) são vocábulos-imagens do  martírio, da chaga viva do remorso e fado miserando. A palavra neste autor assume um  valor purgante e ascético. Ela é mediadora de estados de consciência religiosos.

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Fonte:

Gilda Maria dos Reis Gomes Nunes Barata: “A presença na ausência em Teixeira de Pascoaes e Mário Beirão”. Lisboa, 2004.  Disponível em: repositorio.ul.pt

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