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Amor Crioulo, de Abel Botelho
Amor Crioulo, novela póstuma e inacabada, com o subtítulo Vida Argentina, não permite prever na íntegra, nos seus dez capítulos, o desfecho e a mensagem que Abel Botelho nela pretenderia transmitir. Porém, nesta narrativa da viagem de um português, João da Silveira, após a implantação da República em Portugal, no ano de 1910, até à Argentina, encontra-se mais uma galeria de personagens e costumes criticados e um processo de os retratar e analisar que confirma nesta obra o mais característico da ficção do autor. O seu título inicial, Idílio Triste, no entanto, deixa vislumbrar o infortúnio no fim desta história. Maria Saraiva de Jesus afirma que nesta novela Abel Botelho continua a explorar mais um dos seus habituais temas de raiz naturalista, transpondo “para Buenos Aires e a pampa argentina mais um caso de hipersensualidade” (Jesus, 1995a: 723). De afirmações de Massaud Moisés sobre esta novela, compreende-se que a escrita botelhiana estaria numa fase de transição para algo de novo que a morte do escritor não permitiu que se desenvolvesse:
Em Amor Crioulo (Vida Argentina),
enfrentamos um Abel Botelho noutro estágio de sua carreira artística. O romance
procura fixar a trajetória de um fugitivo da República portuguesa, de 1910,
para a Argentina. (…) Seu amor idílico, puro, com uma argentina, conduz a
narrativa, interrompida em altura que não permite cogitar seguramente de seu
desfecho.
Já esse toque primitivo,
adolescente, as freqüentes digressões espiritualizantes, já o desligar-se dos
determinismos, cria um romance mais leve, linear, menos ambicioso, menos
tendencioso, mais atento a situações psicológicas normais, naturais, vividas
por pessoas de todos os dias, destituídas de qualquer desvio moral ou físico.
É francamente literatura de
humildes.
Concluindo essas considerações
preliminares, já se pode ir assentando o feitio fundamental da obra de Abel
Botelho, que corre por duas linhas até certo ponto paralelas e mais adiante
divergentes. Aceite ortodoxamente o ideário naturalista, o escritor nele
permanece até a altura em que também vai sentindo o afrouxamento das razões,
pelo menos das razões histórico-culturais, que deram origem ao rigorismo estético
das primeiras obras. Daí por diante, como a invadir setores vedados ao artista preso
na angústia do cientificismo, o romancista alarga sua visão do mundo e das
coisas, admitindo a presença de um punhado de imponderáveis no plano da ação
humana.
Nessa altura, se já não abandonou
totalmente o programa naturalista, ao menos atenuou seu rigor e equilibrou
ciência com mistério, numa simbiose nem sempre perfeita, mas que reduziu de
muito a deformação do mundo operada pela concepção materialista e científica do
Universo e do Homem. (Moisés, 1962: 17)
Tendo publicado esta obra
póstuma, João Grave deixa uma nota final neste livro relativa à edição que fez,
onde se lê que se referiu a ela como “o romance Amor Crioulo” (AC, p. 976),
apesar de Abel Botelho ter escrito no seu livro que aquela narrativa estaria a
ser concebida como novela.
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Fonte:
Fonte:
Anabela Barros Correia: “O
espelho deformante: Imagens do grotesco em Fatal Dilema, de Abel Botelho”. (Mestrado
em Estudos Românicos - Área de Especialização em Literatura Portuguesa Moderna
e Contemporânea. Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras - Departamento de
Literaturas Românicas). Lisboa, 2008.
Notas:
A
imagem inserida no texto não se inclui na referida obra. As notas e referências
bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na
citada obra. O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido
trabalho. Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da
obra em sua totalidade. Disponível em: repositorio.ul.pt
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