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Biografia de Qorpo Santo
José Joaquim de Campos Leão, Qorpo-Santo, nasceu no dia 19 de abril de
1829, na Vila do Triunfo, Província do Rio Grande do Sul. Foi comerciário,
professor público, diretor de colégio, subdelegado de polícia e vereador da
Câmara Municipal de Alegrete.
Sua atividade intelectual e artística desenvolveu-se após o
aparecimento de certas perturbações, em 1863; a partir desta data, começa o
processo que resultaria em sua interdição, sob justificativa de que portava
alienação mental. Escreve em 1866, de janeiro a junho, pelo menos 16 das 17
peças de teatro de sua autoria hoje conhecidas; sendo elas: O hóspede atrevido ou O brilhante escondido; A impossibilidade da santificação ou A santificação transformada; O marinheiro escritor; Dois irmãos; Duas páginas em branco; Mateus
e Mateusa; As relações naturais; Hoje sou Um e amanhã Outro; Eu sou Vida, eu não sou Morte; A separação de dois esposos; O marido extremoso ou O pai cuidadoso; Um credor da Fazenda Nacional; Um
assovio; Certa Entidade em busca de
Outra; Lanterna de fogo; Um parto; Uma pitada de rapé, sendo esta última incompleta.
No ano de 1877, abre uma tipografia e edita os nove volumes de sua Ensiqlopédia ou Seis Mezes de Huma Enfermidade. Esta obra revelou um autor
completamente original, que antecipou, mesmo que não programaticamente,
procedimentos formais da poesia e do teatro do século XX, além de reunir
crônica, biografia e prosa.
Apesar de ser um homem com certa popularidade e possuidor de alguns
bens, Qorpo-Santo teve sua produção artística praticamente ignorada por seus
contemporâneos; isso parece se dever em muito às transformações pelas quais o
escritor passou. O respeitado professor converteu-se em uma figura
extravagante, cheia de manias e com idéias estéticas pouco convencionais para a
sociedade do século XIX. É com a transfiguração do pacato José Joaquim de
Campos Leão no estranho visionário auto-nomeado Qorpo-Santo que nasce o autor
das obras que aqui consideramos. Seus escritos são todos produtos de uma visão
de mundo singular que complexamente articula postulados filosóficos,
filológicos, teológicos e estéticos, de acordo com a perspectiva de um
intelecto ex-cêntrico.
Para entendermos melhor a sua personalidade difícil há de se acrescentar
diversas outros aspectos, que ao crescer em sua profissão e desenvolvê-la com muita
dedicação, ninguém contava com os percalços da vida que se cristalizaram nas
manias, nos vícios e na impertinência, as quais se tornaram marcas suas. De outro
modo, a ambição o faz “enlouquecer”. Não que ele possuísse ambições, mas fora envolvido,
como ele mesmo comenta, pelo sentimento de sua mulher. A clausura o faz criar e
desenvolver uma obsessão, uma monomania. Diante desse distúrbio ele cria uma
nova personalidade ou recupera-a do passado, da infância, mais especificamente,
uma experiência que parece muito incomum, mas um fato. Referimo-nos ao “estupro”
sofrido (talvez desejado) por sua mãe, tornando-o a personagem de sua própria
vida e criação, o misterioso Qorpo-Santo, que criou em torno de si a desculpa
da loucura para, possivelmente, só assim, encontrar a liberdade que desejava.
Mas, liberdade para quê?
Se não a tinha
para se administrar enquanto homem? Liberdade, ao menos, para denunciar como um
louco tudo aquilo que a sociedade condenava e que, entretanto, ele próprio se
deleitava em fazer.
Este
teatrólogo configura-se em um homem que se transformou em um mito, não só pela
particularidade de sua história, mas também, pela curiosidade de sua
literatura.
Como era de
praxe entre os artistas oitocentistas seu falecimento é marcado pela “tísica pulmonar”
e pela solidão. Em primeiro de maio de 1883, precisamente aos 54 anos de idade
chega a óbito, mas sua morte não encerra as discussões sobre sua vida, nem sobre
sua morte, já que seu falecimento também foi envolvido por dúvidas e mistérios.
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Referências Bibliográficas:
Referências Bibliográficas:
1. Douglas
Ceccagno: “Ovelhas merinas: malditas feras: O imaginário social no teatro de
Qorpo-Santo”. Dissertação de Mestrado. Universidade de Caxias do Sul. Caxias do
Sul/RS, 2006.
2.
Carlos Augusto Nascimento Sarmento-Pantoja: “Olhares caleidoscópicos do teatro
de Qorpo-Santo”. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Pará – UFPA.
Belém/PA, 2006.
3. Maria
Clara Gonçalves: “Percorrendo o universo de devaneios, distorções e dualidades:
considerações acerca da dramaturgia de Qorpo-Santo”. Dissertação de Mestrado. UNESP
– Universidade Estadual Paulista. Assis/SP, 2001.
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