24/05/2014

Crisfal, de Cristóvão Falcão

 Crisfal, de Cristóvão Falcão
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A Autoria de Cristal

A tradição reconheceu Cristóvão Falcão como discípulo de Bernardim e autor da Cristal. A reivindicação da autoria a Bernardim se deve a Delfim Guimarães (Bernardim Ribeiro, o Poeta Cristal, Lisboa, 1908). Cristóvão Falcão não a poderia ter escrito por ser autor de duas cartas cheias de erros dirigidas da Itália a D. João III e o título não passaria de crisma falso. Em 1909, a tese de Delfim Guimarães foi rebatida pelo brasileiro Raul Soares, com «diligência notável e habilidade», no dizer de Rodrigues Lapa. Em 1923 D. Carolina Michaelis (Obras de Bernardim Ribeiro e Cristóvão Falcão. Vol. I, Coimbra), também contradisse Delfim Guimarães. Em 1941, Antônio José Saraiva mostrou contra os argumentos de Raul Soares, (O Poeta Crisfal, Campinas, 1908), a possibilidade literária da autoria de Bernardim. Rodrigues Lapa, em 1962, após avaliar a intricada situação, conclui: «Fica, pois, demonstrado, sem sombra de dúvida, a nosso ver, que foi Cristóvão Falcão de Sousa, fidalgo de Portalegre, o autor da écloga Crisfal e da carta em verso. As outras hipóteses apresentadas, em torno da questão, não têm fundamento. Uma, de Patrocínio Ribeiro, formulada em 1917, pretendeu ver no poema uma composição de Luís de Camões, no entrecho a narração dos amores de Jorge da Silva pela infanta D. Maria. E um produto daquela imaginação delirante, que estraga muitas vezes o crítico em Portugal. A outra, apresentada em 1940 pelo prof. Antônio José Saraiva, supõe o Cristal composto por Bernadim Ribeiro, em torno dos amores de Cristóvão Falcão. Além de tudo quanto se tem dito sobre as circuns-tâncias da vida e particularismos do estilo, não é razoável figurarmos um homem como Bernardim, já velho, torturado pelo seu drama pessoal,  de que só saiba falar, metido a celebrante dos amores escandalosos dum rapaz. Isto, admitindo mesmo que B.R. estivesse em estado mental de o fazer, o que é duvidoso». (Cristal, seleção, prefácio e notas de Rodrigues Lapa, 2a. ed., Lisboa, 1962, XVI). A questão permanece, ainda, insolúvel. Outro editor da Cristal, F. Costa Marques, inclina-se para a posição de António José Saraiva que pretende ver a Cristal como «uma composição objetiva de Bernardim, com base nos temas esboçados na carta de Cristóvão Falcão, e não uma obra de caráter puramente subjetivo». (Cristal, F. Costa Marques, Coimbra, 1964).

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Fonte:
Edgard Pereira: A poesia bucólica do renascimento: Bernardim Ribeiro. Disponível em: periodicos.letras.ufmg.br

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