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História da Cidade de São Paulo, de
Visconde de Taunay
Dentre os
temas por ele pesquisados não ficou esquecida a História antiga da abadia de São Paulo em que narrou a concessão de terras para a construção do Mosteiro de São Bento. Em suas palavras:
o segundo lugar “mais ilustre da vila, o lugar onde se assentara a taba do
velho Tibiriçá, o glorioso índio que realizara a aproximação euro-americana e
permitira o surto da civilização no planalto”. Para
construir essa imagem gloriosa de Tibiriçá, um dos fundamentos da formação dos
paulistas, Taunay ressaltou a relevância emblemática de alguns locais que compuseram o cenário da
história da cidade: Em 1598,
erguia o austero frei Mauro Teixeira, monge vicentino, a ermida de Nossa Senhora de Monte Serrat e uma cela
contígua, onde deveria passar alguns anos de vida cenobítica. A essa capela
concedeu o capitão-mor Jorge Corrêa duas sesmarias. Só em 1600, porém, é que se
realizou a fundação regular
do Mosteiro, e por frei Mateus da Ascensão, especialmente enviado a São Paulo
com outros confrades pelo providencial do Brasil quando da visita do governador
geral d. Francisco de Souza.
Passaram-lhe
então os oficiais da Câmara uma carta de chãos a 15 de abril ‘por lhes constar que se tratava de
serviço de Deus e do seu servo bem- aventurado são Bento, motivo pelo qual lhes
davam e haviam por dados os ditos chãos para convento, mosteiro ou casa do dito
santo, isentos de todo tributo e pensão até o fim do mundo’.
A
relevância conferida por Taunay para o papel dos beneditinos no Brasil foi narrada na referida obra e destacada por
ele em outros textos e também no cotidiano de sua correspondência. A relação
pessoal que ele manteve com os beneditinos foi tão importante para sua iniciação historiográfica e formação
intelectual que, no ano em que se comemorou o centenário de seu nascimento, em
1976, vários autores se referiram a ele como um trabalhador beneditino ao
contarem sua atuação nos empreendimentos educacionais do Mosteiro de São Bento,
bem como ao tratarem de sua dedicação aos estudos históricos. O próprio Taunay
conferia importância a essa
denominação, pois para terminar o prefácio de sua História antiga da abadia de São Paulo afirmou que a nova geração de homens
dedicados a continuar a tarefa de d. Miguel Kruse11 no
Mosteiro de São Bento deveria se inspirar no exemplo daqueles que “impuseram ao
vocabulário da intelectualidade de todas as línguas cultas do Universo o
substantivo e o adjetivo ‘beneditino’”.
Vários
artigos destinados a homenagear Afonso de Taunay circularam pela imprensa em
1976, ano em que se comemorou o centenário de nascimento do autor. O jornalista
Hélio Damante (1919-2002) publicou no jornal O Estado de S. Paulo de 11
de julho de 1976 uma síntese, bastante elogiosa, da trajetória de Taunay
dividida em dois subtítulos: O humanista e O historiador. Para introduzir este
segundo subtítulo Damante narrou:
Será à
sombra do velho Mosteiro de S. Bento — Taunay nasceu, sabe-se hoje, no dia em
que morreu o pai dos monges (11 de julho), conforme o novo calendário universal
dos santos — que o professor da Politécnica será cada vez menos engenheiro e
cada vez mais historiador. Professor de História Universal no Colégio de S.
Bento e depois na Faculdade de Filosofia de S. Bento, a primeira do país,
fundada por d. Miguel Kruse,
que ao mesmo tempo faria aluir as paredes de taipa do velho mosteiro e erguer o
novo, Taunay desenvolve sua verdadeira vocação. Na opulenta biblioteca dos monges, onde não
faltam códices e documentos, identifica
São Paulo dos primeiros tempos e descobre os segredos de Amador Bueno. A
própria abadia merece-lhe um estudo quase sentimental: História antiga da
abadia de São Paulo (1598-1772).
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Fonte:
Karina Anhezini (Professora do Depto. de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – Unicentro): História da Cidade de São Paulo, de Visconde de Taunay Um metódico à brasileira: a escrita da história de Afonso de Taunay. Revista de história 160 (1º semestre de 2009), 221-260. Disponível em: www.revistas.usp.br
Fonte:
Karina Anhezini (Professora do Depto. de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – Unicentro): História da Cidade de São Paulo, de Visconde de Taunay Um metódico à brasileira: a escrita da história de Afonso de Taunay. Revista de história 160 (1º semestre de 2009), 221-260. Disponível em: www.revistas.usp.br
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