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Pedro Taques de Almeida Paes Leme (1714-1777) - Biografia
Pedro Taques de Almeida Paes, nascido em São Paulo, em fins
de junho de 1714, é o segundo filho do sertanista Bartolomeu Paes de Abreu e de
Leonor de Siqueira Paes, descendentes das famílias mais antigas e abastadas de São
Paulo. Sobrinho-neto do bandeirante Fernão Paes Leme passou a assinar o
sobrenome “Leme” de sua avó paterna somente em 1767.
Antes dessa época, conforme Porchat (1993, p. 88), “seu nome encontrado em
alguns documentos como Pedro Taques de Almeida Lara”. Estudou com os jesuítas no
Colégio de São Paulo, onde se graduou mestre de armas. Possuía grandes conhecimentos
de latim e francês, o que configurava a sua elevada cultura, superior para a época
e ao meio em que viveu. Em 1737, aos 23 anos de idade, obteve a patente de
sargento-mor do Regimento de Auxiliares das Minas de Paranapanema e Apiaí. Após
a morte de seu pai, em 1738, e, mais tarde, de seu
irmão mais velho, a família, composta pela mãe e mais seis irmãos, passou
por grandes dificuldades financeiras, sendo todos os seus bens confiscados para
pagamento de dívidas.
Em 1745 casou-se com Maria Eufrásia de
Castro Lomba, com quem teve cinco filhos, e mudou-se, em 1748, para Goiás, onde
seu sogro, o capitão Gregório de Castro Esteves, era oficial do regimento de cavalaria. Dois anos depois foi nomeado,
pelo Conde dos Arcos, escrivão fiscal da Intendência Comissária e da Guarda Moria do
Distrito de Pilar, com jurisdição sobre os arraiais de Crixás, Guarinos e
Papuan (hoje a cidade de Pilar de Goiás). Serviu também nesses
lugares como provedor de defuntos e ausentes até 1754, quando decidiu voltar
para São Paulo, onde encontrou sua família com as mesmas dificuldades financeiras.
Pedro Taques dedicou toda a sua vida aos estudos históricos,
sendo de 1742 seu primeiro trabalho genealógico. Como grande conhecedor da
história e genealogia paulista, foi solicitado por D. João de Faro, prelado da Basílica
Patriarcal de Lisboa, para defender os direitos que o conde
de Vimieiro, seu sobrinho, descendente legítimo de Martim Afonso de Sousa, tinha à
capitania de São Vicente. Assim, partiu para Portugal em meados de 1755, onde, além de frequentar os Arquivos de Lisboa, entre eles a Torre
do Tombo e o Arquivo Ultramarino (TAUNAY, 1923, p. 251), em busca de documentos
sobre a posse da capitania, tentaria publicar a parte já
pronta de sua Nobiliarquia Paulistana e continuar sua pesquisa para a
sua conclusão. No entanto, devido ao terremoto de 1º de novembro de 1755,
seguido do incêndio e do maremoto que se alastraram pela cidade de Lisboa,
Pedro Taques teve seus pertences, inclusive os originais da Nobiliarquia,
totalmente destruídos. Permaneceu ainda oito meses em Lisboa, hospedado por sua
parenta dona Isabel Pires Monteiro, casada com João Fernandes de Oliveira. Aos
poucos retomou seu trabalho e, antes de retornar ao Brasil, aproveitou a
influência de João Fernandes junto às autoridades reais, para requerer o cargo
de tesoureiro-mor da Bula da Santa Cruzada nas capitanias de São Paulo, Goiás e
Mato Grosso, cujo objetivo era “superintender a venda, e arrecada ão do produto
da cobran a das bulas, papel estampilhado, cuja aquisição
permitia aos fiéis certos privilégios quanto à dispensa de alguns jejuns
obrigatórios”, conforme Taunay (1954b, p. 25). Para conquistar o cargo, teve que se
submeter à hipoteca de todos os seus bens e contar com a confiança de dois
fiadores. Em 20 de agosto de 1757, já no Brasil, sua esposa falece e, quatro
anos mais tarde, Pedro Taques casa-se pela segunda vez, com Ana Felizarda
Xavier da Silva, filha do escrivão da Real Fazenda do Rio de Janeiro, André
Xavier Francisco de Siqueira. Em 1763, foi investido do cargo
de guarda-mor das Minas da Comarca de São Paulo, cargo que exerceu juntamente com
o de tesoureiro-mor.
Ao lado de Frei Gaspar da Madre de Deus, seu primo e amigo,
Pedro Taques é considerado a pessoa mais destacada e culta de São Paulo na
época, segundo assevera Taunay (1925, p. 155), sendo inclusive consultado
muitas vezes pelo governador Luís Antonio de Sousa Botelho Mourão, o Morgado de
Mateus, sobre a fundação do presídio de Iguatemi e as questões de
limites entre as capitanias de São Paulo e Minas.
Em 1765, como procurador da Câmara da cidade de São Paulo e das
vilas de Pindamonhangaba e Cananéia, tratou de negócios referentes a
toda a capitania e deu impulso às suas pesquisas para a reconstrução e
continuidade de sua Nobiliarquia. Casa-se pela terceira vez, em 1769,
com Inácia Maria da Anunciação e Silva. Em 1770, o Morgado de Mateus confirma o
genealogista no cargo de guarda-mor das Minas e o encarrega de escrever a Informação
sobre as Minas de São Paulo (1772) e a Informação
sobre o Estado das Aldeias dos Índios da Capitania de São Paulo (reputa-se perdida), obras que, ao lado de História da Capitania de São
Vicente, concluída em 1772, foram compostas com a
ajuda de amanuenses, para quem seus textos eram ditados1, devido ao avanço da paralisia que o impedia de sentar-se e de escrever.
Por esse tempo perdeu, com pequeno intervalo, os dois únicos filhos homens que possuía:
o frei carmelita Joaquim Antônio Taques, aos 25 anos, que servia de copista ao
historiador, e Balduíno Abegaro Taques de Morais, aos 23.
Durante sua permanência em Lisboa, em
1774, Taques foi consultado várias vezes pelo marquês Pombal, devido aos seus
estudos sobre a história de São Paulo. Quando parte de Portugal, em
agosto de 1776, deixa os originais da Nobiliarquia Paulistana aos
cuidados do desembargador e guarda-mor da Torre do Tombo, João Pereira Ramos,
sendo desse manuscrito que se valeu Diogo de Toledo Lara e Ordonhes para a
cópia “que viria servir para a edição do livro quase um século depois, editado
pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro”, conforme Rodrigues (1979,
p. 132).
Devido à morte de Pedro Taques, em 3 de
março de 1777, seus manuscritos dispersaram-se e muitas das suas obras foram
perdidas. Segundo Taunay (1954, p. 35), graças ao abandono em que caíram os
seus manuscritos, deles se aproveitaram Baltazar da Silva Lisboa, para compor a
parte inédita dos seus Anais, conservada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, e
Manuel Cardoso de Abreu.
A recuperação da obra de Pedro Taques
deve-se especialmente a Frei Gaspar da Madre de Deus, que a ela chamou a
atenção do seu público, a Diogo de Toledo Lara e Ordonhes, que, além de copiar a Nobiliarquia, anotou-a e completou-a,
e ao historiador Afonso d’Escragnolle Taunay, que publicou um estudo apurado de sua
vida e obra em Pedro Taques e seu tempo: estudo de uma personalidade e de
uma época (1922), e reeditou sua obra.
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Fonte:
Renata Ferreira Costa: “Um Caso de Apropriação de Fontes Textuais: Memória Histórica da Capitania de São Paulo, de Manuel Cardoso de Abreu,1796” . (Tese apresentada
ao Departamento de Letras Clássicas
Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a
obtenção do título de Doutora em Letras. Área de Concentração: Filologia e Língua
Portuguesa. Orientador: Prof. Dr. Sílvio de Almeida Toledo Neto). São Paulo, 2012.
Disponível em: www.teses.usp.br
Fonte:
Renata Ferreira Costa: “Um Caso de Apropriação de Fontes Textuais: Memória Histórica da Capitania de São Paulo, de Manuel Cardoso de Abreu,
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