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Biografia de Eusébio de Matos
Eusébio de Matos ou Frei
Eusébio da Soledade, filho de
Pedro Gonçalves de Matos e de dona Maria da Guerra, e irmão do celebre poeta
satírico Gregório de Matos Guerra, nasceu na Bahia em 1629 e faleceu a 7 de
julho de 1692.
Estudou humanidades
no colégio dos jesuítas de sua pátria, onde tomou a roupeta a 14 de março de
1844, tendo por companheiro de estudos o dito seu irmão, e por mestre de
filosofia o padre Antônio Vieira, a quem substituiu no magistério, lecionando
também retórica por muitos anos.
Grande pregador,
na Bahia — onde eram entusiasticamente aplaudidos o padre Antônio Vieira e seu
rival no estilo, o padre Antônio de Sá — dizia-se que este era superior aos
outros na voz e no acionado; Vieira na lógica e clareza das provas e Eusébio de
Matos no polimento da frase e na sutileza.
Grande músico e
compositor, tocava perfeitamente harpa e viola, instrumento muito usado em seu
tempo e compôs muitos hinos religiosos e cantos profanos, ameníssimos sobre
poesias suas. Poeta notável, seus próprios colegas o apelidavam de inspirado.
Desenhista admirável, fazia quadros com perfeição tal, que pareciam
gravuras. Eis como a seu respeito se exprime Barbosa, Machado em sua Biblioteca
Lusitana: “Insigne pregador, assim na substância dos discursos, como na
veemência dos afetos; poeta vulgar e latino, cujos versos eram tão discretos,
como elegantes; músico por arte e natureza, compondo as letras que acomoda a
aos preceitos da solfa; aritmético grande, sendo sempre eleito para árbitro das
maiores contas; pintor engenhoso, do qual se conservam com estimação particular
muitos debuxos; discreto, jovial na conversação, e ultimamente tão consumado em
todas as partes que constituem um homem perfeito, que afirmava dele o padre Antônio
Vieira que Deus se apostara em o fazer em tudo grande e não o fora mais por
não querer....”
Desgostos e mesmo
acusações que se supõem injustas, partidas de seus irmãos, os jesuítas, o
decidiram, depois de ter ordens sacras, a tomar o hábito dos carmelitas com o nome
de frei Eusébio da Soledade, fato que se deu na ausência do Antônio Vieira e
que foi por este amargamente lamentado. Suas obras como sucedeu com as de
muitos brasileiros ilustres, foram em grande parte perdidas. São conhecidas:
— Ecce Homo. Práticas
pregadas no colégio da Bahia nas sextas-feiras à noite, mostrando-se em todas o
Ecce Homo. São objeto destas praticas: os Espinhos de Jesus Cristo, a Púrpura,
as Chagas, as Cordas, a Cana e o título de homem. Este livro ó um monumento de
erudição; é um perfeito modelo de estilo sublime, cheio de unção religiosa e
digno de ser estudado como tal segundo diz Warnhagem.
— Sermão da
Soledade e Lágrimas de Maria Santíssima pregado na Só da Bahia.
— Sermões do
padre-mestre frei Eusébio de Matos, etc. São discursos oratórios, coligidos por
um companheiro do autor, frei João de Santa Maria que, entretanto, não
continuou a publicação encetada, como projetava. A coleção compunha-se de
quatro partes ou volumes.
— Oração
fúnebre nas exéquias do ilustríssimo Senhor D. Estevam dos Santos,
bispo do Brasil, celebradas a 14 de julho de 1672. É uma publicação póstuma
como a precedente.
— Seis sermões do
Rosário — dos quais também Barbosa Machado faz menção, mas dizendo que desapareceram.
Das poesias de Eusébio de Matos foi maior o extravio. Se disse que ficaram em
poder de seu irmão Gregório de Matos; mas entre os papéis deste só se
encontrou, que se lhe atribuísse, uma Coleção de poesias — que, com
certeza, não contém todas as que ele escrevera, e que foi adicionada a um dos
grossos volumes de manuscritos do dito seu irmão. Apenas se publicaram de sua pena.
— Dez estâncias
— parodiando outras tantas, escritas por seu irmão a uma certa dona Brites,
finalizando cada verso seu com a mesma palavra deste. Vêem no “Florilégio da
poesia brasileira”.
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Referência bibliográfica:
Referência bibliográfica:
Augusto
Victorino Alves Sacramento Blake: Diccionario Bibliographico Brazileiro.
Typographia Nacional. Rio de Janeiro, 1883.
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