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Até
as vésperas do Partenon Literário: 1844-1867
Faltando apenas um ano para terminar a
Revolução Farroupilha, provocada pelo descontentamento do governo provincial em
relação à política econômica do Império, nasce, em Rio Grande, Apolinário José
Gomes Porto Alegre, em 29 de agosto de 1844, filho de Antônio José Gomes Porto
Alegre e de Joaquina Delfino da Costa Campelo Porto Alegre. Seu pai acrescenta
o nome da cidade em que nasceu ao seu próprio, para se diferenciar de um
homônimo. Por isso, Apolinário é conhecido por esse último sobrenome, como seus
irmãos, Apeles e Aquiles José Gomes Porto Alegre. Apeles é o criador do
primeiro diário republicano do Rio Grande do Sul, A
Imprensa, e autor do romance Georgina;
Aquiles, o fundador do Jornal do Comércio de
Porto Alegre e escritor de inúmeros poemas e crônicas sobre a capital do Rio
Grande do Sul.
Apolinário, como seus irmãos, dedica-se às
letras e à cultura, como também à vida pública: é poeta, romancista, contista,
teatrólogo, filólogo, biógrafo, crítico, historiógrafo, professor, político,
enfim, um homem em sintonia com seu tempo, tanto nos temas escolhidos para seus
textos, como em sua postura idealista e ativa frente ao mundo, que o faz
exercer várias atividades, com o fito de concretizar seus objetivos.
Na primeira metade do século XIX, o Brasil vive
em permanente instabilidade política, pois esse é o período em que se consolida
a independência do País e se organizam as instituições sociais modernas. Do
ponto de vista econômico, o café passa a ser o principal produto de exportação,
tomando conta de toda a região Sudeste. À medida em que o Brasil se desenvolve,
o trabalho escravo vai se tornando cada vez mais antieconômico, sendo
necessária uma transformação no sistema de produção cafeeira, de modo que o
País possa participar do capitalismo internacional. Tal situação dá origem à
decadência definitiva do modelo escravagista, como afirma Luís Roberto Lopez.
A revolução tecnológica e a necessidade de
maior especialização fazem com que aos poucos a utilização do trabalho escravo
vá se tornando ineficiente. No entanto, o crescimento tardio do capitalismo no
Brasil impede que a escravatura termine mais cedo. Em 1850, são promulgadas
duas leis: a Lei Eusébio de Queirós, que extingue o tráfico negreiro,
inviabilizando a reposição da mão-de-obra escrava, o que é um golpe contra as
economias que dela dependem, como, por exemplo, a produção do café e a do
charque, no Sul; e ainda a Lei de Terras, que termina com a concessão de
sesmarias, possibilitando a venda da terra, como qualquer outra riqueza. Essas
duas leis põem fim ao sistema colonial e contribuem para o fortalecimento da
campanha abolicionista, com várias correntes, desde a mais radical até aquela
mais moderada de Joaquim Nabuco, que busca sensibilizar as elites, como acentua
Lopez (1980, p.13). Acrescente-se a erupção de insurreições republicanas, que
denotam a insatisfação de algumas províncias (como o Rio Grande do Sul) com o
governo central do Império.
Os dez anos da Revolução Farroupilha prejudicam
economicamente o Sul que, a partir da pacificação, precisa se reconstruir, em
termos financeiros, políticos, sociais, culturais e educacionais.
Politicamente, o Rio Grande do Sul acompanha a divisão partidária brasileira entre
conservadores e liberais. Os primeiros defendem a manutenção da propriedade, da
monarquia, da centralização do poder, do elitismo e da escravidão, enquanto os
últimos postulam um estado forte, mas controlado pelo legislativo, através do
sistema parlamentar.
No Rio Grande do Sul, segundo Maria Eunice
Moreira, não há um ambiente propício para o desenvolvimento de uma vida
literária, pois, desde as origens, a região é marcada por situações litigiosas
e de contenda, o que se mantém até mesmo após o término da Revolução
Farroupilha. O crescimento cultural dá-se apenas nas cidades responsáveis pela
sustentação econômica da Província, Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre, locais
onde, mesmo durante as lutas, continuam a ser realizadas as atividades
culturais, como saraus poéticos e encenações dramáticas.
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Fonte:
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Fonte:
Laísa Teixeira de Aguiar: “A poesia de Apolinário José
Gomes Porto Alegre: recuperação e estabelecimento de texto”. (Tese apresentada
como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Letras, na área de
concentração em Teoria da Literatura. Orientadora Dra. Maria Eunice Moreira. Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Porto Alegre, 2011
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