15/03/2014

O Vaqueano, de Apolinário Porto-Alegre

 O Vaqueano, de Apolinário Porto-Alegre
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Até as vésperas do Partenon Literário: 1844-1867

Faltando apenas um ano para terminar a Revolução Farroupilha, provocada pelo descontentamento do governo provincial em relação à política econômica do Império, nasce, em Rio Grande, Apolinário José Gomes Porto Alegre, em 29 de agosto de 1844, filho de Antônio José Gomes Porto Alegre e de Joaquina Delfino da Costa Campelo Porto Alegre. Seu pai acrescenta o nome da cidade em que nasceu ao seu próprio, para se diferenciar de um homônimo. Por isso, Apolinário é conhecido por esse último sobrenome, como seus irmãos, Apeles e Aquiles José Gomes Porto Alegre. Apeles é o criador do primeiro diário republicano do Rio Grande do Sul, A Imprensa, e autor do romance Georgina; Aquiles, o fundador do Jornal do Comércio de Porto Alegre e escritor de inúmeros poemas e crônicas sobre a capital do Rio Grande do Sul.

Apolinário, como seus irmãos, dedica-se às letras e à cultura, como também à vida pública: é poeta, romancista, contista, teatrólogo, filólogo, biógrafo, crítico, historiógrafo, professor, político, enfim, um homem em sintonia com seu tempo, tanto nos temas escolhidos para seus textos, como em sua postura idealista e ativa frente ao mundo, que o faz exercer várias atividades, com o fito de concretizar seus objetivos.

Na primeira metade do século XIX, o Brasil vive em permanente instabilidade política, pois esse é o período em que se consolida a independência do País e se organizam as instituições sociais modernas. Do ponto de vista econômico, o café passa a ser o principal produto de exportação, tomando conta de toda a região Sudeste. À medida em que o Brasil se desenvolve, o trabalho escravo vai se tornando cada vez mais antieconômico, sendo necessária uma transformação no sistema de produção cafeeira, de modo que o País possa participar do capitalismo internacional. Tal situação dá origem à decadência definitiva do modelo escravagista, como afirma Luís Roberto Lopez.

A revolução tecnológica e a necessidade de maior especialização fazem com que aos poucos a utilização do trabalho escravo vá se tornando ineficiente. No entanto, o crescimento tardio do capitalismo no Brasil impede que a escravatura termine mais cedo. Em 1850, são promulgadas duas leis: a Lei Eusébio de Queirós, que extingue o tráfico negreiro, inviabilizando a reposição da mão-de-obra escrava, o que é um golpe contra as economias que dela dependem, como, por exemplo, a produção do café e a do charque, no Sul; e ainda a Lei de Terras, que termina com a concessão de sesmarias, possibilitando a venda da terra, como qualquer outra riqueza. Essas duas leis põem fim ao sistema colonial e contribuem para o fortalecimento da campanha abolicionista, com várias correntes, desde a mais radical até aquela mais moderada de Joaquim Nabuco, que busca sensibilizar as elites, como acentua Lopez (1980, p.13). Acrescente-se a erupção de insurreições republicanas, que denotam a insatisfação de algumas províncias (como o Rio Grande do Sul) com o governo central do Império.

Os dez anos da Revolução Farroupilha prejudicam economicamente o Sul que, a partir da pacificação, precisa se reconstruir, em termos financeiros, políticos, sociais, culturais e educacionais. Politicamente, o Rio Grande do Sul acompanha a divisão partidária brasileira entre conservadores e liberais. Os primeiros defendem a manutenção da propriedade, da monarquia, da centralização do poder, do elitismo e da escravidão, enquanto os últimos postulam um estado forte, mas controlado pelo legislativo, através do sistema parlamentar.

No Rio Grande do Sul, segundo Maria Eunice Moreira, não há um ambiente propício para o desenvolvimento de uma vida literária, pois, desde as origens, a região é marcada por situações litigiosas e de contenda, o que se mantém até mesmo após o término da Revolução Farroupilha. O crescimento cultural dá-se apenas nas cidades responsáveis pela sustentação econômica da Província, Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre, locais onde, mesmo durante as lutas, continuam a ser realizadas as atividades culturais, como saraus poéticos e encenações dramáticas.
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Fonte:
Laísa Teixeira de Aguiar: “A poesia de Apolinário José Gomes Porto Alegre: recuperação e estabelecimento de texto”. (Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Letras, na área de concentração em Teoria da Literatura. Orientadora Dra. Maria Eunice Moreira. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Porto Alegre, 2011

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