15/02/2014

Surpresas (Contos), de Medeiros e Albuquerque

 Surpresas - Medeiros e Albuquerque
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Vida de um homem dinâmico

Medeiros e Albuquerque (José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque) foi jornalista, funcionário público, professor, político, contista, poeta, romancista, orador, ensaísta, teatrólogo, memorialista, conferencista e crítico. Ele achava seu nome completo parecido a um trem com muitos vagões e, consequentemente, resolveu sempre assinar somente Medeiros e Albuquerque, nome com o qual entrou para a lista dos autores nacionais relevantes.

 Nasceu em Recife em 4 de setembro de 1867 e faleceu no Rio de Janeiro em 9 de unho de 1934. Quando adoeceu, preferiu já redigir a notícia do seu previsível  falecimento em um artigo, com dados biográficos, pedindo, com grande antecedência, que o enterrassem em caixão de terceira classe e recomendando aos parentes abstenção de luto. Aliás, nesse texto, Medeiros também expressou ponto de vista negativo referente à reforma ortográfica portuguesa de 1911, ao afirmar que esse dado apressou a
sua morte, liquidando-o.

 Medeiros destacou-se pela sua participação não somente na vida social e política do Brasil, mas também como homem de letras, trabalhando nas áreas do magistério, do jornalismo e da literatura. Ele, sendo um homem inserido em diversas áreas do conhecimento do século XIX, consegue, embora com teor genérico, trabalhar com vários temas sempre com uma postura esclarecedora e crítica.

 Era filho de Joaquim José de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (1825-1892) e de Ana Joaquina Dornelas Pessoa. Joaquim bacharelou-se e depois se tornou doutor em Direito pela Faculdade do Recife. Foi também diretor na Secretaria de Estado dos negócios imperiais. Ademais, teve a presidência da Comissão Brasileira de Permutações Internacionais.

 Posteriormente ao fato da mãe ter lhe ensinado as primeiras letras, Medeiros estudou no famoso Colégio Pedro II. Aliás, graças à dedicação de sua mãe, que brincando, o educava, surpreendentemente, já aos 4 anos, ele conseguiu ler. De modo que, com 9 anos de idade, Medeiros almejava entrar para a segunda série do Colégio Pedro II, mas como essa idade possibilitava-lhe apenas cursar a primeira série, foi obrigado a dar documentos falsificados, para fingir ser mais velho.

Conseguindo a matrícula no Colégio Pedro II, começou a publicar semanalmente um pequeno jornal intitulado O Patusco, que representava “um quarto de fôlha de papel, com 17 quadrinhas sôbre os acontecimentos do Colégio” (ALBUQUERQUE, 1942, p. 18). No entanto, Medeiros e Albuquerque sabia desde o primeiro número do respectivo periódico que ele teria vida efêmera, visto que não o julgava importante.

 Medeiros e Albuquerque teve quatro filhos e também cuidou de quatro irmãos pequenos, de cuja educação se apoderou desde o início da alfabetização. Desses oito parentes, conseguiu diplomar cinco, sendo três em Medicina e dois na Escola Normal. Ele sempre se julgou um pai de família bastante eficiente, pois constantemente afirmou: “toda essa ninhada cresceu e emplumou debaixo de minhas azas. Para levar a cabo essa tarefa, tive de trabalhar formidavelmente” (ALBUQUERQUE, 1934, p.240).

Ademais, em uma viagem aos Estados Unidos, Medeiros recebeu uma notícia bastante traumatizante: a da morte de seu filho Paulo, o que mais era apegado ao pai. Além disso, o próprio autor relatou o sofrimento que passou ao receber a notícia de que Paulo faleceu de apendicite, revelando o seu sofrimento:

 Como se vê, Paulo era mesmo um filho bastante estimado por Medeiros e Albuquerque, além de ser o mais parecido com ele, visto que sempre “mostrava a sua inteligência lúcida e perspicaz” (ALBUQUERQUE, 1934, p.60). Paulo fez um curso preparatório de Medicina e no último ano se interessou pelo estudo da tuberculose.

Medeiros também tinha apreço por assuntos relacionados a essa área específica. Consequentemente, por possuírem, de fato, várias afinidades, Medeiros e Albuquerque e Paulo conheciam “a fundo toda a vida um do outro” (ALBUQUERQUE, 1934, p.60).

Evidentemente, a morte desse filho para o autor foi a maior tristeza de sua vida, tanto é que, depois do acontecido, ele escreveu: “Quanto a mim, entretanto, fiquei na minha experiência única. Fechei a porta do paraíso artificial e atirei fóra a chave” (ALBUQUERQUE, 1934, p.141). Essa perda foi tão traumatizante para o escritor, que o  levou a tratá-la em várias obras, tais como em Quando era vivo, Poemas sem versos e O perigo americano.
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Fonte:
Vitor Celso Salvador: “A “crônica literária” de Medeiros e Albuquerque:  resenhas e notícias literárias publicadas no vespertino A Notícia de 1897 a 1908”. (Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis - UNESP -  Universidade Estadual Paulista para a obtenção  do título de Mestre em Letras (Área de  Conhecimento: Literatura e Vida Social. Orientador: Dr. Álvaro Santos Simões Junior). Assis,  2012.

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