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A vida de D. Joao da Câmara
João da Câmara, nome pelo qual
ficou conhecido na literatura portuguesa o dramaturgo, poeta e ficcionista João
Gonçalves Zarco da Câmara, nasceu em Lisboa, a 27 de dezembro de 1852.
Descendia de nobres, pois seu pai — d. Francisco Gonçalves Soares da Câmara —
era marquês da Ribeira Grande, e sua mãe, a marquesa d. Ana da Piedade Brigida
Senhorinha Francisca Mascarenhas da Silva.
Estudou, em princípio, no Colégio
de Campolide e, posteriormente, matriculou-se no Colégio Nossa Senhora da
Conceição.
D. João da Câmara não foi aluno
brilhante, pois desde cedo sua principal preocupação era a literatura. Dessa
fase da sua vida são algumas peças, entre as quais O Diabo, escrita na época em
que freqüentava as classes do Campolide.
Passados alguns anos, foi estudar
na Bélgica, em Loavânia, em cuja universidade iniciou o curso de engenharia que
teve de interromper em 1872, por ocasião da morte de seu pai. Regressou, então,
a Portugal e matriculou-se na Escola Politécnica, a fim de dar prosseguimento
ao curso iniciado no estrangeiro. Paralelamente aos estudos, d. João da Câmara
inicia intensa atividade literária.
Em 1873, escreveu, para uma festa
do Colégio de Campo/ide, o drama em 1 ato Nobreza. Nesse mesmo ano compôs o
monólogo em prosa e verso Charada e Charadistas.
Para o Carnaval de 1874, escreveu
a peça Bernarda no Olimpo.
Casou, em 1874, com d. Eugênia de
Mel/o Breyner, também nobre, pois era filha dos condes de Mafra.
A sua estréia como autor
dramático se verificou no ano de 1876, com a comédia em 1 ato, Ao Pé do Fogão,
encenada no Teatro D. Maria II. Todos esses trabalhos, desde O Diabo, são
destituídos de valor artístico e nenhuma importância apresentam para a evolução
da obra de d. João da Câmara. São peças de iniciante.
Após concluir o curso de
engenharia no Instituto Industrial, para onde se transferira, entrou para o
serviço de obras públicas, realizando alguns trabalhos fora de Lisboa, como a
construção do ramal de Cáceres.
O trabalho exaustivo foi,
entretanto, o responsável pela queda de sua produção literária, nessa época.
De 1879 a 1886, d. João da
Câmara ocupou-se da construção da linha de Sintra, indo depois para os
trabalhos da linha de Torres Vedras, concluída em fins de 1887.
Regressou a Lisboa e prestou
serviço na construção da linha de Cascais até que, em
1888, foi nomeado chefe de
repartição na Administração Central dos Caminhos de Ferro.
A primeira peça teatral de grande
importância, escreveu-a d. João da Câmara em 1890. Trata-se do drama em 5 atos,
D. Afonso VI, de assunto histórico, em verso, e que foi representado no Teatro
D. Maria II. Três anos depois, fazia representar no mesmo palco sua obra-
prima, a comédia Os Velhos, em 3 atos, cuja ação é “alicerçada sobre o
estabelecimento da linha férrea através da charneca alentejana”, mostrando-nos
“as reações dos proprietários rurais — agarrados às tradições seculares,
apegados à terra — perante o progresso e a civilização
Por ocasião da morte de Gervásio
Lobato, jornalista e escritor português, autor de uma obra importante acerca da
cidade de Lisboa, Lisboa em Camisa, em 1895, d. João da Câmara passou a
substituí-lo na redação da revista Ocidente, onde exerceu por mais de 12 anos o
cargo de cronista literário.
Nessa revista, escreveu algumas
crônicas, na seção Crônicas Ocidentais, destacando-se a que estampou em 1895
sobre o relacionamento público e arte: “Neste círculo vicioso do que o público
quer e do que se lhe deve dar sofre a arte inocente, a arte redentora, a arte
refúgio. O mau gosto, o desejo de fazer crer o que não é, de dar na vista, são
vícios vulgares neste fim - de século, e mormente na sociedade em que o nível
intelectual desceu a uma mediocridade assustadora”.
Em 1900, d. João da Câmara passou
a ocupar, por nomeação, o cargo de chefe da repartição dos Caminhos de Ferro
Ultramarinos.
Em 1904, aproveitando o assunto
da novela de Camilo Castelo Branco, compôs o drama em 7 quadros Amor de
Perdição, representado a 11 de março no D. Maria II e, mais tarde, em quase
todos os teatros de Portugal e do Brasil. Foi d. -João da Câmara vogal do
Conselho de Arte Dramática, professor da Arte de Representar no Conservatório
de Lisboa e, na mesma cidade, sócio da Academia Real das Ciências.
D. João da Câmara faleceu, em
Lisboa, sua cidade natal, a 2 de janeiro de 1908. Bulhão Pato, poeta e
teatrólogo do 30 momento do Romantismo em Portugal, dedicou-lhe um soneto,
escrito em 1909, em Monte de Taparica, Torre, onde se lê: “Não morreu. Ele vive
palpitando / Em nossos corações, sombra adorada, / Como quando nos dias da
alvorada / Lhe fulgia a pupila rutilando! /” e, no terceto final, “/Se nos
turva uma lágrima um instante... / É dele, que no pálido semblante, / Olhando
para nós, sorrindo chora!”
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Fonte:
D. João da Câmara: Obras Imortais da nossa Literatura. Editora Três. São Paulo, 1974.
Fonte:
D. João da Câmara: Obras Imortais da nossa Literatura. Editora Três. São Paulo, 1974.
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