19/01/2014

Contos de D. João da Câmara

 D. João da Câmara - Contos - Iba Mendes
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A vida de D. Joao da Câmara

João da Câmara, nome pelo qual ficou conhecido na literatura portuguesa o dramaturgo, poeta e ficcionista João Gonçalves Zarco da Câmara, nasceu em Lisboa, a 27 de dezembro de 1852. Descendia de nobres, pois seu pai — d. Francisco Gonçalves Soares da Câmara — era marquês da Ribeira Grande, e sua mãe, a marquesa d. Ana da Piedade Brigida Senhorinha Francisca Mascarenhas da Silva.

Estudou, em princípio, no Colégio de Campolide e, posteriormente, matriculou-se no Colégio Nossa Senhora da Conceição.

D. João da Câmara não foi aluno brilhante, pois desde cedo sua principal preocupação era a literatura. Dessa fase da sua vida são algumas peças, entre as quais O Diabo, escrita na época em que freqüentava as classes do Campolide.

Passados alguns anos, foi estudar na Bélgica, em Loavânia, em cuja universidade iniciou o curso de engenharia que teve de interromper em 1872, por ocasião da morte de seu pai. Regressou, então, a Portugal e matriculou-se na Escola Politécnica, a fim de dar prosseguimento ao curso iniciado no estrangeiro. Paralelamente aos estudos, d. João da Câmara inicia intensa atividade literária.

Em 1873, escreveu, para uma festa do Colégio de Campo/ide, o drama em 1 ato Nobreza. Nesse mesmo ano compôs o monólogo em prosa e verso Charada e Charadistas.

Para o Carnaval de 1874, escreveu a peça Bernarda no Olimpo.

Casou, em 1874, com d. Eugênia de Mel/o Breyner, também nobre, pois era filha dos condes de Mafra.

A sua estréia como autor dramático se verificou no ano de 1876, com a comédia em 1 ato, Ao Pé do Fogão, encenada no Teatro D. Maria II. Todos esses trabalhos, desde O Diabo, são destituídos de valor artístico e nenhuma importância apresentam para a evolução da obra de d. João da Câmara. São peças de iniciante.

Após concluir o curso de engenharia no Instituto Industrial, para onde se transferira, entrou para o serviço de obras públicas, realizando alguns trabalhos fora de Lisboa, como a construção do ramal de Cáceres.

O trabalho exaustivo foi, entretanto, o responsável pela queda de sua produção literária, nessa época.

De 1879 a 1886, d. João da Câmara ocupou-se da construção da linha de Sintra, indo depois para os trabalhos da linha de Torres Vedras, concluída em fins de 1887.

Regressou a Lisboa e prestou serviço na construção da linha de Cascais até que, em
1888, foi nomeado chefe de repartição na Administração Central dos Caminhos de Ferro.

A primeira peça teatral de grande importância, escreveu-a d. João da Câmara em 1890. Trata-se do drama em 5 atos, D. Afonso VI, de assunto histórico, em verso, e que foi representado no Teatro D. Maria II. Três anos depois, fazia representar no mesmo palco sua obra- prima, a comédia Os Velhos, em 3 atos, cuja ação é “alicerçada sobre o estabelecimento da linha férrea através da charneca alentejana”, mostrando-nos “as reações dos proprietários rurais — agarrados às tradições seculares, apegados à terra — perante o progresso e a civilização

Por ocasião da morte de Gervásio Lobato, jornalista e escritor português, autor de uma obra importante acerca da cidade de Lisboa, Lisboa em Camisa, em 1895, d. João da Câmara passou a substituí-lo na redação da revista Ocidente, onde exerceu por mais de 12 anos o cargo de cronista literário.

Nessa revista, escreveu algumas crônicas, na seção Crônicas Ocidentais, destacando-se a que estampou em 1895 sobre o relacionamento público e arte: “Neste círculo vicioso do que o público quer e do que se lhe deve dar sofre a arte inocente, a arte redentora, a arte refúgio. O mau gosto, o desejo de fazer crer o que não é, de dar na vista, são vícios vulgares neste fim - de século, e mormente na sociedade em que o nível intelectual desceu a uma mediocridade assustadora”.

Em 1900, d. João da Câmara passou a ocupar, por nomeação, o cargo de chefe da repartição dos Caminhos de Ferro Ultramarinos.

Em 1904, aproveitando o assunto da novela de Camilo Castelo Branco, compôs o drama em 7 quadros Amor de Perdição, representado a 11 de março no D. Maria II e, mais tarde, em quase todos os teatros de Portugal e do Brasil. Foi d. -João da Câmara vogal do Conselho de Arte Dramática, professor da Arte de Representar no Conservatório de Lisboa e, na mesma cidade, sócio da Academia Real das Ciências.

D. João da Câmara faleceu, em Lisboa, sua cidade natal, a 2 de janeiro de 1908. Bulhão Pato, poeta e teatrólogo do 30 momento do Romantismo em Portugal, dedicou-lhe um soneto, escrito em 1909, em Monte de Taparica, Torre, onde se lê: “Não morreu. Ele vive palpitando / Em nossos corações, sombra adorada, / Como quando nos dias da alvorada / Lhe fulgia a pupila rutilando! /” e, no terceto final, “/Se nos turva uma lágrima um instante... / É dele, que no pálido semblante, / Olhando para nós, sorrindo chora!”

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Fonte:
D. João da Câmara: Obras Imortais da nossa Literatura. Editora Três. São Paulo, 1974.

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