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A
formação de um idealista
Policarpo sustenta
seu nacionalismo através
da leitura e
o defende em um processo quase científico (dentro de um perfil
próximo ao naturalista), conforme conclui o narrador; no entanto, os juízos de valor
emitidos por esse mesmo narrador a respeito das tendências patrióticas de Policarpo
revelam a tensão existente entre as duas visões de
mundo que se
opõem, como pode
ser comprovado no
confronto entre os
dois fragmentos abaixo, ambos
expressos pelo narrador:
[...] o
que o patriotismo
o fez pensar
[Policarpo], foi num conhecimento inteiro
do Brasil, levando-o
a meditações sobre os seus
recursos, para depois
então apontar os
remédios, as medidas
progressivas, com pleno
conhecimento de causa.
(“A lição de violão”, p. 17)
[Policarpo]
Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas
sobre todos os
demais rios do
mundo. Para isso
ia até ao
crime de amputar
alguns quilômetros ao
Nilo [...] (“A lição
de violão”, p. 18)
É possível
observar que a
tentativa de imprimir
ao espírito nacionalista
de Policarpo um caráter
minimamente racional, científico, entra em conflito com o “crime” que ele comete para defender sua posição.
Dessa forma, a visão da verdade fica cindida entre
personagem e narrador,
este revelando a “mentira” por
trás da suposta objetividade pretendida por aquele.
Esse pseudocientificismo e
racionalismo de Policarpo
é retratado ao
longo da primeira
parte do romance,
sedimentando a caracterização que
se deseja fazer
do personagem. Ele serve a um propósito específico: levar o leitor a
criar uma imagem do protagonista para,
posteriormente, comprovar a vacuidade de sua constituição. O fato de sermos levados a rir do personagem junto com o
narrador nesse primeiro momento não impede que esse mesmo narrador nos
enterneça, através de sua construção discursiva, com
os sucessivos fracassos
pelos quais passa
o personagem, pois,
conforme afirma Sônia Brayner, “[...] O riso e a amargura
dorida são os extremos que se tocam na obra de Lima Barreto” (BRAYNER, 1979:157).
A
complexidade de uma obra literária como TFPQ reside no fato de que ela
se articula tanto
através da razão
cínica e crítica
do narrador quanto
da paixão do personagem
que a protagoniza. Embora o nacionalismo de Policarpo, elemento central da
narrativa, por exemplo,
seja identificado e
criticado pelo narrador
por seu caráter utópico, esse patriotismo jamais parece ao
leitor inverossímil ou mesmo simplesmente como um elemento sujeito à galhofa, ao desdém,
e isso se deve, em grande parte, ao fato de
que a paixão
de Policarpo é
plenamente traduzida e realizada
através do mesmo narrador
que a contesta. Isso é possível porque, em vários momentos, o narrador narra não sob o seu ponto de vista, mas sim sob o
ponto de vista do personagem, traduzindo seus
sentimentos e emoções.
Assim, não há a
supremacia absoluta da voz crítica,
do relato consciente e objetivo,
há também a voz do outro, e é exatamente o deslocamento do
ponto de vista
do narrador para
o personagem que
empresta ao texto
a sua carga dramática,
fazendo-nos compadecer do triste fim, do triste destino que se delineia desde o começo.
Ao
caracterizar o ufanismo de Policarpo, em “A lição de violão”, percebe-se que o narrador não só expõe os elementos que
solidificam a formação do personagem como também demonstra a seriedade que o tema pátrio
tem em sua vida. É possível afirmar que há
um respeito pelas
convicções que motivam o
personagem, mesmo que,
para o narrador, elas sejam desprovidas de valor
concreto, porque integram um ideal de pátria e, como tal, pouco se aproximam do real.
[...]
Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos
vinte anos, o amor da pátria
tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério,
grave e absorvente. (“A lição de violão”,
p. 17)
Não há
espaço para se
contestar o sentimento
patriótico de Quaresma,
para se duvidar de sua legitimidade, o que pode ser
comprovado pela seleção de adjetivos que o caracterizam,
“sério, grave e
absorvente”, em oposição
ao que seria,
de fato, um sentimento a
ser criticado, a um nacionalismo
falso, “comum, palrador
e vazio”; é assim que
o narrador constrói
o arcabouço de
uma figura incompreendida. Se o narrador, ao
longo da história, irá
ironizar, satirizar, debochar dos
excessos pátrios de Policarpo, é porque, instituído de seu poder e
estatuto na trama ficcional, a ele cabe o papel de efetuar uma reflexão crítica não só
do protagonista mas de todos aqueles que o
condenam, direta ou indiretamente, à
marginalidade.
No mesmo
capítulo, “A lição de
violão”, a oposição entre a
visão do narrador em relação ao país, metonimicamente
representado através da caracterização do jardim de Policarpo,
e a do
personagem se comprova
através da escolha
lexical, mais especificamente dos
adjetivos selecionados. A
estrutura discursiva apresenta
uma sobreposição das
impressões do narrador
com as de
Policarpo, a qual
se evidencia através
de uma contraposição
semântica, demonstrada pela
utilização de adjetivos
de valor positivo, refletindo a
perspectiva de Policarpo, e de valor negativo, associados à perspectiva
do narrador. A
oposição dos pontos
de vista é
ainda mais acentuada
pela utilização irônica das
reticências como elemento de ênfase às críticas do narrador.
Acabado o jantar [Policarpo,
Adelaide e Ricardo]
foram ver o jardim.
Era uma maravilha;
não tinha nem
uma flor... Certamente não se podia tomar por tal míseros
beijos-de-frade, palmas-de-santa-rita, quaresmas lutulentas, manacás
melancólicos e
outros belos exemplares
dos nossos campos
e prados. [...] (“A lição de violão”,
p. 24)
No segundo
capítulo da primeira
parte do romance,
“Reformas radicais”, o major Quaresma
encontra-se em pleno
período de frutificação
de suas idéias nacionalistas.
O narrador reforça
a composição patriótica
do personagem novamente através
do uso anafórico
de advérbios de
intensidade, do uso
de adjetivos, que funcionam
como uma estratégia hiperbólica de construção positiva da imagem do país:
[O Brasil]
Tinha todos os climas, todos
os frutos, todos
os minerais e animais úteis, as
melhores terras de cultura, a gente mais
valente, mais hospitaleira, mais inteligente e mais doce do mundo [...] (“Reformas radicais”, p.30)
Ainda assim,
desde o início
do capítulo, anuncia-se
o que o
título já avisa
de antemão aos leitores: não há
possibilidade de um final feliz para o personagem tendo ele uma
visão tão fantasiosa
da realidade. O
que o narrador
coloca em xeque
a todo momento não é a veracidade dos sentimentos de
Policarpo, mas sim a sua possibilidade de
realização em um mundo em que os interesses pessoais se sobrepõem aos interesses coletivos. Desse modo, no início do capítulo,
a aparente tranqüilidade do espaço físico, antes de ser uma demonstração real de calma,
prenuncia os tumultos que virão: “[...] Na sua
meiga e sossegada
casa de S.
Cristóvão[...]” (“Reformas radicais”,
p. 29
Essa estratégia
de compor uma
caracterização positiva do
ambiente em contraponto ao que se encontrará na narrativa
do ponto de vista dos eventos é constante em
todo o romance.
O leitor é
levado a desacreditar
das descrições favoráveis
feitas porque, ao longo do texto,
elas se mostram pistas falsas; quase sempre quando há um ambiente
físico harmonizado é
porque haverá uma
desarmonia pessoal para o
protagonista. Essa
desarmonia aparece, nesse primeiro
momento, sob a forma
de uma necessidade
do personagem de
reagir frente à
perda das tradições,
após tentativa infrutífera de resgatar aspectos da cultura
afro-brasileira com tia Maria Rita:
[...] Como
é que o povo não guardava as tradições de trinta anos passados? Com que rapidez morriam assim na sua
lembrança os seus folgares e as suas
canções? Era bem um sinal de fraqueza, uma demonstração
de inferioridade diante
daqueles povos tenazes
que os guardam
durante séculos! [...]
(“Reformas
radicais”,
p. 35)
É
interessante observar que os dois primeiros períodos — em que se encontram as
perguntas, os questionamentos, quase
retóricos — parecem,
através do uso do
discurso indireto livre, vir de
reflexões de Quaresma. No entanto, a avaliação, a opinião negativa que segue parece mais adequada ao
narrador do que ao ufanista Policarpo. As “vozes”, nesse caso, se misturam; há uma
estrutura reflexiva: ao mesmo tempo em que o
narrador reflete o
pensamento do personagem
e o traduz,
emite sobre ele um
julgamento, uma conclusão que rebate a
perplexidade de Quaresma, por meio de uma constatação quase que óbvia da inferioridade
pátria em relação aos outros povos.
É a
partir desse momento
que o trágico
destino de Policarpo
começa a se delinear, através
de seu desejo
de reação, que
será um traço
característico de seu processo
de sucessivos fracassos; é a sua vontade de sair do conhecimento livresco para a ação que
determina a sua trajetória em direção
ao seu “triste fim”: “[...]
Tornava-se preciso reagir,
desenvolver o culto
das tradições, mantê-las
sempre vivazes nas memórias
e nos costumes...” (“Reformas radicais”, p. 35).
Policarpo
não é um
medíocre, embora sustente
suas opiniões em idéias
medíocres, porque
cristalizadas, fomentadas em seu escritório,
à base de
leituras que desejavam transmitir uma idéia de pátria
perfeita, a que ele deseja. É essa ausência de mediocridade
que o torna
não um personagem
que simplesmente é
subjugado pelos acontecimentos, mas sim alguém que determina o
seu destino através de uma série de ações.
O desejo
de manutenção de
nossas tradições leva-o
a resgatar o
costume da saudação em Tupinambá, resultado de um estudo
das suas tradições por Policarpo. Tal atitude, representada
pelo narrador de
forma satírica, ridícula,
cômica até, contraria
a austeridade, a seriedade de
Policarpo e, por isso mesmo,
intensifica a sua tragicidade, levando outros a questionarem pela primeira
vez a sanidade do personagem:
Desde dez
dias que se entregava a essa árdua tarefa, quando (era domingo)
lhe bateram à
porta, em meio
de seu trabalho
[os estudos]. Abriu, mas não
apertou a mão. Desandou a chorar, a berrar,
a arrancar os cabelos, como se tivesse perdido a mulher ou um filho. A irmã correu lá de dentro, o
Anastácio também, e o compadre
e a filha,
pois eram eles,
ficaram estupefatos no limiar
da porta. (“Reformas radicais”, p. 39)
O retrato
cômico, satírico de
Policarpo ganha aqui
em humor por
ele fazer a estranha saudação
a sério, e não em
uma brincadeira, como
na representação do “Tangolomango”. A
encenação da saudação
destoa do perfil
sério do personagem, intensificando o risível retratado,
exemplicando o que Sônia Brayner afirma a respeito do papel da sátira na obra de Lima Barreto:
A sátira
em Lima Barreto
possui um conteúdo
que, pelo seu lado hiperbólico,
extremado, excessivo, cai
no grotesco, suportando
implicitamente o reconhecimento de uma norma ética, utópica
no estado social
cotidiano que descreve,
suporte básico de sua fatura
literária militante. [...] próximas sempre do cômico,
as situações de
confronto entre duas
formas de sociedade
— a vivenciada
e a idealizada
— atacam com o objetivo de corrigir através do desnudamento
ridículo as normas preconceituosas
e rígidas. (BRAYNER, 1979:157)
O inocente
evento do cumprimento
em Tupinambá, associado
à idéia fixa
da necessidade de fazer algo pelo
resgate das origens culturais, é que leva Policarpo a uma sucessão
de atitudes que
culminam em seu
enlouquecimento e sua
conseqüente internação.
Nesse momento, a
simpatia do narrador
pelo personagem se
evidencia, o tom de galhofa cede espaço a uma respeitosa
admiração, embora as diferenças de ponto
de vista se mantenham. Não há lugar para
a inocência no discurso engajado e crítico do narrador, a quem nada nem ninguém escapa, a
não ser os poucos personagens por quem nutre
algum tipo de enternecimento (como Policarpo ou Ricardo Coração dos Outros) ou alguma semelhança
de perspectiva (como
Olga), como se
vê a propósito
do requerimento de Policarpo
solicitando a implementação do tupi como língua oficial:
Quem soubesse
o que uma
tal folha de
papel representava de esforço,
de trabalho, de sonho generoso e desinteressado, havia de
sentir uma penosa
tristeza, ouvindo aquele
rir inofensivo diante dela. Merecia raiva, ódio, um deboche
de inimigo talvez, o documento que chegava
à mesa da Câmara, mas não aquele recebimento
hilárico, de uma
hilaridade inocente, sem
fundo algum, assim
como se se
estivesse a rir
de uma palhaçada,
de uma sorte
de circo de
cavalinhos ou de
uma careta de clown.(“Desastrosas
conseqüências de um requerimento”, p. 61)
O narrador,
a despeito de não partilhar
das opiniões de
Policarpo, toma claramente partido do personagem, destaca o
seu esforço, o seu trabalho, o seu “sonho generoso
e desinteressado”, em
um mundo em
que até o
riso é de
uma “hilaridade inocente”, porque vindo de pessoas incapazes
de analisar profundamente o que quer que seja. A oposição aos ideais do major seria
aceitável se fosse sustentada por argumentos de
pessoas respeitáveis, íntegras
como o próprio
personagem. Apesar de o próprio narrador
discordar da mentalidade
patriótica do personagem
e permitir que
o leitor partilhe de sua opinião, como se fosse alguém
que também possuísse estofo moral para avaliar Policarpo da mesma forma que
ele, não admite o desrespeito daqueles por quem nutre aversão, dos representantes públicos do
poder, a quem critica duramente durante toda
a narrativa.
Embora dele
discorde, o narrador
admira o espiríto
de Quaresma, o
que se expressa
no uso dos
adjetivos com que
o caracteriza: “desinteressado, terno,
ingênuo, inocente”. Revela-se aí,
e em vários outros momentos, a relação ambígua, contraditória que
há entre narrador
e personagem: embora
o satirize, vista-o
com as cores
da comicidade, até o
ridicularize, o narrador não deixa de ter simpatia, ternura e admiração pelo
nacionalismo sincero e
livre de ambições
de Policarpo. Mesmo
porque, se o narrador não
se coloca a
favor do posicionamento utópico
de Quaresma, coloca-se menos ainda a favor do status quo; na verdade, empreende uma crítica às duas
posturas, conforme destaca Silviano
Santiago (1982:172):
[...] se
o romance faz
uma crítica violenta
às forças que impedem
o desabrochar das idéias de Policarpo, por outro lado traz
ele também [...] uma
crítica à noção
idealizante de pátria que Policarpo tenta pôr em prática. [...]
Assim, o
fato de Policarpo
pecar por excesso
de ingenuidade não
desmerece a sua luta.
Na verdade, ao ser a
consciência crítica dessa ingenuidade,
o narrador nos mostra a
impossibilidade da sinceridade
em um mundo
de egoísmo e
interesses, destacando, assim,
que melhor seria
o mundo se
houvesse mais policarpos
e menos “inocentes” arrogantes. Isso se evidencia no
trecho em que, após a internação do major Quaresma, o narrador reflete a respeito da
loucura que acometeu o personagem, a partir de considerações feitas por
Olga:
“[...] as
portas dos nossos infernos sociais [...] Não é só a morte que nivela;
a loucura, o
crime e a
moléstia passam também
a sua rasoura
pelas distinções que
inventamos” (“O bibelot”, p.77)
Nesse momento,
o narrador se
assume como um
tradutor dos pensamentos
de Olga e, de certa forma, usa a
personagem para marcar posições que ele mesmo defende. Daí
muitas vezes haver
uma intersecção de
vozes, indicada pelo
uso da 1ª
pessoa do plural,
que inclui não
só o narrador
como elemento que
possui uma visão
comum à apresentada,
mas também o
leitor, levando-o a
uma reflexão crítica.
Essa intersecção não permite que se defina, que se limite a
quem pertencem as reflexões feitas:
E ela
[Olga] pensava como esta nossa vida é variada e diversa, como ela é mais rica de aspectos tristes que
de alegres, e como na variedade da vida
a tristeza pode mais variar que a alegria e como que dá o próprio movimento da vida. (“O
bibelot”, p. 78)
Essa estratégia
de intersecção de
vozes é utilizada
ao longo da
narrativa, especialmente como
elemento de contraposição
entre os discursos
do narrador e
o de outros
personagens. Como afirma
José Luiz Fiorin
(2004:80), todo discurso apresenta mais de
uma
visão de mundo,
dependendo de quantos
pontos de vista
forem apresentados:
[...] todo
discurso desvela uma ou várias
visões de mundo existentes
numa formação social. [...] Quando o
discurso tem, em seu interior,
um único enunciador,
revela apenas uma
visão de mundo.
[...] No entanto, num romance há vários enunciadores de
segundo grau (personagens) a
quem o narrador
delega voz. Essas personagens
podem manifestar diferentes visões de mundo. [...] Além das
diferentes visões de
mundo apresentadas pelos personagens,
o narrador pode ou não tomar partido por uma das ideologias reveladas na obra. [...]
Em TFPQ,
pontos de vista
diferentes e conflitantes
são mostrados com o propósito de
evidenciar a positividade
do protagonista e
a postura sempre
crítica do narrador, que não toma partido por nenhuma
ideologia.
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Fonte:
Marta Rodrigues: “Entre a crítica e a paixão: os discursos do narrador e do protagonista em Triste fim de Policarpo Quaresma”.(Dissertação de Mestrado em Literatura Brasileira apresentada à Coordenação dos Cursos de Pós-graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos. Faculdade de Letras – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ). Rio de Janeiro, 2007
Fonte:
Marta Rodrigues: “Entre a crítica e a paixão: os discursos do narrador e do protagonista em Triste fim de Policarpo Quaresma”.(Dissertação de Mestrado em Literatura Brasileira apresentada à Coordenação dos Cursos de Pós-graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos. Faculdade de Letras – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ). Rio de Janeiro, 2007
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