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Três críticos, duas histórias 
Três foram
os principais críticos literários desse período de emergência do  ofício e, concomitantemente, da produção do
sumo da obra machadiana, do final do  século
XIX ao início do século XX: Araripe Júnior, Sílvio Romero e José Veríssimo.
Os  três 
autores  enfrentaram  a 
obra  de  Machado 
de  Assis  com 
coragem  intelectual  e 
instrumentos  críticos  pouco sofisticados  (FERNANDES, 
2001),  em  trabalhos circunstanciais ou sistemáticos.
Araripe Jr. teceu suas considerações em  trabalhos  pontuais, 
analisando este  ou  aquele 
livro de  Machado,  quando 
da  publicação; inicialmente,  procurou 
nas  criações  do 
escritor as evocações do        ethos nacional
(VENTURA, 1991: 101), mas terminou por enveredar pelo impressionismo  crítico 
e  render-se  aos 
desafios  das  - 
ainda  que  tênues, 
segundo ele  -  relações  entre os personagens, situações e o
característico da vida brasileira (GUIMARÃES,  2004: 275-8). Todavia, foi com Sílvio Romero e
José Veríssimo que a análise crítica  da  obra 
de  Machado  de 
Assis  teve  um 
tratamento amplo e  sistemático;
também  produziram  críticas 
pontuais,  de  circunstância,  mas 
deram  –  ademais 
-  um  tratamento intensivo ao autor  e 
à  obra,  mormente 
em  seus  trabalhos 
críticos  de  maior 
fôlego: suas  histórias  da 
produção literária 
brasileira,  ambas  nomeadas  História  da  literatura 
brasileira, 
publicadas  em  1888 
(Sílvio  Romero) e  em 
1916  (José Veríssimo). 
As  histórias da 
literatura  brasileira de  Sílvio 
Romero  e  de José 
Veríssimo  podem  ser 
consideradas  as  mais 
importantes  criações  do 
gênero até  o início do  século 
XX.  Até  então, 
vários  autores  já 
haviam  esboçado relatos  da 
produção literária 
brasileira,  dentre  os 
principais,  alguns  autores 
(estrangeiros) tomaram  a  literatura 
brasileira  como  um 
ramo da  literatura  portuguesa: M.  M. 
Bouterwek  (alemão,  em  História 
da  literatura  portuguesa,  de 
1804),  Sismonde  de 
Sismondi  (genebrino, Literaturas do meio-dia da Europa, 1819). Outros já identificavam certa  autonomia 
da  produção  brasileira 
e  mesmo  alguma 
linha  de  criação, 
como  Ferdinand  Denis 
(francês,  Resumo da 
história  da  literatura 
de  Portugal,  1825) e  Ferdinand 
Wolf  (austríaco,  O  Brasil  literário,  1863). 
Os  brasileiros  também 
se  empenharam  na 
tarefa,  alguns  analisaram 
somente  a  produção poética,  como  Norberto
Silva  (“Bosquejo  da 
história  da  poesia 
brasileira”,  em             Modulações  poéticas, 1841), Gonçalves de Magalhães (“Ensaio sobre a história da
literatura no  Brasil”,  na 
revista Niterói,  1836); outros  abordaram 
a produção literária  de modo  localizado, como Antonio Joaquim  de 
Melo (Biografias de
alguns poetas e homens  ilustres  da 
Província  de  Pernambuco,  1858), 
Antonio Henriques  Leal  (Panteon  maranhense,  1873) etc.  Outros 
tantos  ainda  se 
limitaram  a  juntar 
biografias,  nomear um punhado de
autores e, principalmente, enfileirar autores sem uma linha  de 
análise  que  desse 
coesão à  produção em  termos 
de períodos,  escolas, estilos,  influências e relações com o país e suas
condições histórico-culturais. Uma possível  exceção, apontada por José Veríssimo (1977:
130), seria Varnhagen - “o instituidor  da
nossa história literária” - em sua monumental História geral do Brasil, de 1854,  e em Florilégio da poesia brasileira, ou coleção das mais notáveis
composições dos  poetas brasileiros
falecidos, contendo as biografias de muitos deles, tudo precedido  de 
um  ensaio histórico  sobre 
as  letras  no Brasil,  de 
1850  (ROMERO,  1953;  VERÍSSIMO,
1977; CANDIDO, 1969; NUNES, 1998)
Sílvio  Romero 
produziu  “a  primeira 
visão  orgânica  das 
nossas  letras”  (BOSI, 
1997: 281; NUNES,  1998:
230),  sendo seguido por  Veríssimo 
que,  aproveitando-se da
experiência daquele, promoveu uma mais cuidadosa seleção e  organização dos autores conforme períodos e
estilos. Escritas por críticos de ofício e  instrumental, as histórias de Romero e de
Veríssimo distinguiam-se por abordar a  história  literária 
brasileira  com  vistas 
à  análise  e 
síntese,  compor  uma 
totalidade  orgânica a partir da
imbricação de todos os seguintes componentes:
I  - 
separação  da  literatura 
brasileira  da  portuguesa, 
concedendo  autonomia  - 
ainda  que  restrita 
ou  problemática  em 
dado período ou  autor  -  à  criação cultural nacional; 
II - menção
a razoável número de escritores da literatura brasileira; 
III  - 
menção  a  autores 
não  necessariamente  prosadores, 
poetas  e  teatrólogos, mas cronistas, oradores, críticos
etc. 
IV -
seleção e organização representativa dos autores; 
V  - 
organização  cronológica,  evolutiva 
e  hierarquizada  em 
termos  de  méritos literários e importância cultural; 
VI - visão
das obras e de seus autores alicerçada em instrumental teórico-crítico e
canônico; 
VII  - 
disposição,  classificação e  agrupamento 
dos  autores  de 
modo a  organizá-los em períodos
literários, escolas, estilos e fases (dos autores);  
VIII -  relação da produção literária com a vida
social; 
IX - visão
totalizadora – orgânica - de modo a esboçar, ainda que de modo  incipiente, 
uma  explicação do  processo de 
formação  (criação,  evolução 
e  autonomização) da literatura
brasileira como complexo cultural particular. 
No que se
refere à obra de Machado de Assis, a importância das histórias  de Romero e Veríssimo na análise da produção
do escritor fluminense reside no fato 
de  abordá-la, 
de  modo  amplo 
e  sistemático,  a 
partir  de  um 
instrumental  teórico-crítico  conforme 
os  cânones  da 
época  (obviamente  adaptados 
à  realidade brasileira), gestados
como coroamento do exercício crítico (‘amadurecido’) daqueles autores  e 
imbricados  com  as 
leituras  que  fizeram 
da  evolução da  literatura brasileira  - 
de  modo  a 
inserir  a  obra 
machadiana  no  que 
consideravam  ser  seu lugar nessa evolução.
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Fonte:
Edison Bariani (Doutor em Sociologia pela UNESP, Araraquara-SP): "Machado de Assis e as críticas de José Veríssimo e Sílvio Romero"
Fonte:
Edison Bariani (Doutor em Sociologia pela UNESP, Araraquara-SP): "Machado de Assis e as críticas de José Veríssimo e Sílvio Romero"
http://www.achegas.net
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