10/11/2013

A Crítica Completa de Machado de Assis

 Machado de Assis - Critica Completa -- Iba Mendes
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MACHADO DE ASSIS:  O CRÍTICO COMO ROMANCISTA  
  

Machado de Assis, em sua crítica literária, antecipa linhas de encaminhamento  que realizará em sua produção romanesca, ainda que seja pelo negativo: o que vai  condenar na crítica servirá como modelo negativo para o que ele vai empreender como  escritor. Ou seja, ele evitará o que condena no modelo negativo.

Machado, como sabemos, foi crítico antes de ser romancista. "O passado, o  presente e o futuro da literatura brasileira" é de 1858, mas seu primeiro romance,  Ressurreição, só surge em 1872. Assim, torna-se importante acompanhar a evolução do  pensamento crítico de Machado, talvez menos para chegar a conclusões sobre a justeza  ou não de suas opiniões do que para entender como se foram estruturando as opções do  escritor em sua própria obra, no diálogo com seu pensamento crítico.

De fato, em sua maturidade Machado aproveitará mais seu tempo em criações  próprias, e não na crítica literária, embora no início de sua carreira ele ainda a praticasse  de um modo e com um objetivo especiais. Tratava-se de um crítico que acreditava que a  crítica tinha uma missão a cumprir, e pretendia não apenas produzir comentários sobre o que foi escrito, mas apontar caminhos para os escritores, como veremos.

Por questão estratégica, vamos nos concentrar brevemente em alguns  momentos de seu trabalho crítico, tentando configurar como aparecem pontos de vista  sobre os supostos fundamentos da crítica em geral, sobre escolas e procedimentos  literários e especificamente sobre Eça de Queirós.

Em relação ao autor português, apesar de eu considerar importantes todos os  trabalhos que buscaram e buscam tecer considerações sobre a justeza ou pertinência dos  argumentos desenvolvidos por Machado de Assis em sua crítica a O primo Basílio,  creio que é importante chamar a atenção para o fato de que Machado (nesta crítica e em  outras) está produzindo uma justificativa para o projeto literário que vai empreender em  sua chamada fase madura, projeto que se baseia numa certa compreensão do sentido da herança romântica e do Realismo/Naturalismo, para produzir em relação a ambos uma  diferenciação que será a marca dos seus romances da maturidade.

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Fonte:
José Luís Jobim  (UERJ – UFF): Machado de Assis em linha,  ano 3, número 5, junho 2010.

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