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Resumo de a Noite na Taverna, de Álvares Azevedo
O “quadro” em que se imbricam as
estórias de NOITE NA TAVERNA é o seguinte: jovens embriagados — todos com
nomeseuropeus: Solfieri, Bertran, Johann, Gennaro, Claudius Hermann e Arnold —
se acham numa taverna em noite escura de tormenta com relâmpagos. As mulheres
dormem ébrias pelos cantos. Depois de discutirem sobre a vida e emitirem
opiniões filosóficas sobre o amor, o vinho, etc., resolvem contar “uma história
sanguinolenta, um daqueles contos fantásticos como Hoffmann os fazia”. Solfieri
recusa a idéia e propõe se contem casos verdadeiros. Todos o apóiam e, assim,
vem à tona todo o mundo insólito da inconsciência da embriaguez com as tintas
mais fortes de uma imaginação eroticamente dominada pelo irregular. Os casos
mais impossíveis são sempre apresentados como “lembrança do passado”.
No que diz respeito ao conto “verdadeiro” de
Johann, devemos saber que todo ele se constrói em torno da dupla relação com o
mesmo objeto. A confusão serve de procedimento fundamental à composição da
estória. Esta confusão, no enredo, é operada por incidentes engenhosamente
dispostos pelo destino de Johann, que, inadvertidamente, desvirgina a própria
irmã e mata o irmão empenhado em protegê-la. Este incesto, ponto culminante do
conto, e o fraticídio são, no entanto, resultados de um incidente sem
importância em si: o desentendimento inicial com Artur, no bilhar, que parece
ser o centro de interesse da ação e não é. O duelo que se segue entre os dois
marginais é apenas uma falsa pista para manter em suspense a atenção do leitor até
o horror imprevisível do acontecimento final.
Sob o ponto de vista crítico,
poderíamos exigir do jovem autor de 20 anos que foi Álvares de Azevedo um maior
índice de verossimilhança. Seria, no entanto, pedir demais: sua estória é muito
bem arquitetada e a confusão que gera a catástrofe final pode muito bem se
explicar pela ausência de luz em que tudo se passa. Psicologicamente isto
encontra correlato convincente: o estado de ansiedade e embriaguez que se
apoderava de Johann enquanto agia. Por outro lado, a atmosfera poética que
domina todo o texto justifica qualquer inverossimilhança possível. Álvares de
Azevedo instaura em seus textos o mundo da fantasia da realidade: onde tudo o
que não pode acontecer acontece, porque tudo pode acontecer.
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Fonte:
Fonte:
A. Medina Rodrigues, Dácio A. de
Castro e Ivan P. Teixeira: “Antoloia da Literatura Brasileira”, Volume I. Marco
Editorial. São Paulo, 1979.
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