20/11/2013

Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo

 Alvares de Azevedo - Noite na Taverna
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Resumo de a Noite na Taverna, de Álvares Azevedo

O “quadro” em que se imbricam as estórias de NOITE NA TAVERNA é o seguinte: jovens embriagados — todos com nomeseuropeus: Solfieri, Bertran, Johann, Gennaro, Claudius Hermann e Arnold — se acham numa taverna em noite escura de tormenta com relâmpagos. As mulheres dormem ébrias pelos cantos. Depois de discutirem sobre a vida e emitirem opiniões filosóficas sobre o amor, o vinho, etc., resolvem contar “uma história sanguinolenta, um daqueles contos fantásticos como Hoffmann os fazia”. Solfieri recusa a idéia e propõe se contem casos verdadeiros. Todos o apóiam e, assim, vem à tona todo o mundo insólito da inconsciência da embriaguez com as tintas mais fortes de uma imaginação eroticamente dominada pelo irregular. Os casos mais impossíveis são sempre apresentados como “lembrança do passado”.

 No que diz respeito ao conto “verdadeiro” de Johann, devemos saber que todo ele se constrói em torno da dupla relação com o mesmo objeto. A confusão serve de procedimento fundamental à composição da estória. Esta confusão, no enredo, é operada por incidentes engenhosamente dispostos pelo destino de Johann, que, inadvertidamente, desvirgina a própria irmã e mata o irmão empenhado em protegê-la. Este incesto, ponto culminante do conto, e o fraticídio são, no entanto, resultados de um incidente sem importância em si: o desentendimento inicial com Artur, no bilhar, que parece ser o centro de interesse da ação e não é. O duelo que se segue entre os dois marginais é apenas uma falsa pista para manter em suspense a atenção do leitor até o horror imprevisível do acontecimento final.

Sob o ponto de vista crítico, poderíamos exigir do jovem autor de 20 anos que foi Álvares de Azevedo um maior índice de verossimilhança. Seria, no entanto, pedir demais: sua estória é muito bem arquitetada e a confusão que gera a catástrofe final pode muito bem se explicar pela ausência de luz em que tudo se passa. Psicologicamente isto encontra correlato convincente: o estado de ansiedade e embriaguez que se apoderava de Johann enquanto agia. Por outro lado, a atmosfera poética que domina todo o texto justifica qualquer inverossimilhança possível. Álvares de Azevedo instaura em seus textos o mundo da fantasia da realidade: onde tudo o que não pode acontecer acontece, porque tudo pode acontecer.

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Fonte:
A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan P. Teixeira: “Antoloia da Literatura Brasileira”, Volume I. Marco Editorial. São Paulo, 1979.

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