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A possibilidade de compreender “O Coruja” do ponto
de vista de formação.
“O
Coruja” foi o oitavo romance-folheiras de Aluisio de Azevedo. Inicialmente o autor o publicou em capítulos diários, no
rodapé de “O País”; depois os reuniu no livro em 1890. (AZEVEDO, p. 15, O Coruja)
Esta
obra, embora não se constitua
como um romance de
formação, com os elementos e fins
próprios que o caracterizariam; pode ser explorada na perspectiva da formação. Nesta perspectiva, através da leitura
objetivaremos explorar a formação
do personagem “Coruja” dentro de um período sócio-histórico de transição no Brasil do Império
para a República; como Aluisio de Azevedo situou a formação de Coruja e seu amigo Teobaldo dentro deste contexto. Para, Ângela
Maria Rubel Fanini (2003) doutora em
Literatura, pela UFSC, cuja tese defendida sobre Os romances-folhetins de
Aluísio Azevedo: aventuras periféricas,
“A obra
de Aluísio de Azevedo se
insere em uma orientação
interessada e empenhada da literatura brasileira e é nesse sentido que permite que
as relações entre literatura e sociedade possam ser rastreadas.”
Nesta
perspectiva que poderemos situar como os principais personagens criados por Azevedo, Coruja e Teobaldo, são submetidos no colégio interno
à educação no período de transição entre
o Império e a República. No interior da escola, bem como aos cuidados do Padre, Coruja é encaminhado em sua educação conforme a
pedagogia clerical que preponderava no período imperial. Em contradição
a esta educação formal, Coruja encontra espaços para uma formação aos moldes
mais republicanos: na relação com a
música, com a leitura e as letras, bem como, com a natureza. Relações de
ensino-aprendizagem mediadas por
personagens “marginais” ao ensino formal. Um desses personagens marginais, é o
Caixa d’Óculos, criado da escola, que
abre espaço para o Coruja para sua relação com os livros,
quando conquista o espaço da biblioteca, outra relação se estabelece também com a família
Albuquerque. Assim, situaremos como na formação
de Coruja, preponderou a educação republicana e os desdobramentos para a constituição de sua personalidade.
Nesse
processo de formação, Coruja estabelece
relação de mediação fundamental com Teobaldo, de início no colégio
interno, avançando ao longo de suas vidas. Através de Teobaldo, relaciona-se com a
família deste. Transitando entre a educação
realizada pelo Padre, depois no colégio interno, em
seguida o convívio no interior da
família de Teobaldo, observa-se as características daquele contexto sócio-histórico dentro do qual
ocorre a formação de Coruja. Objetivaremos como Aluísio de Azevedo contextualiza a
formação dos personagens num espaço de
contradição entre uma pedagogia
clerical estabelecida e de
outro, uma pedagogia que se insinua
e necessária para a formação de
um homem republicano. Tratam-se então de constituição de sujeitos ou personalidades distintas,
que se
objetivam nos personagens Teobaldo e Coruja. Colocaremos em relevo, como Coruja
encaminhou-se na direção da constituição de um sujeito republicano, enquanto
Teobaldo num sujeito aos moldes imperialistas.
Para refletir sobre esses aspectos neste romance, faremos uso
do método progressivo-regressivo,
proposto por Jean Paul Sartre em “Questão de M todo”, ou seja, analisar o singular do Coruja, ir ao Universal
do contexto sócio-histórico em que estava inserido, e assim com Teobaldo. Situaremos
como o próprio autor Aluisio de Azevedo se fez no personagem Coruja. O próprio
Aluisio de Azevedo se fez Aluisio de Azevedo nesse contexto sócio-histórico de
transição, numa posição crítica em relação ao Império e ao clérigo.
A geração
realista de intelectuais produz em
um momento histórico
bastante rico e complexo da história brasileira. Esses
intelectuais, em sua maioria, posicionavam-se contra o Segundo Império, criticando as
políticas públicas do Imperador D. Pedro II por intermédio de romances, contos, crônicas,
caricaturas, teatro etc. Boa parte dessa intelectualidade era abolicionista,
republicana e positivista e, por isso, não gozavam da proteção do mecenato palaciano exercido
pelo Imperador. Os escritores realistas, desprovidos de uma política pública de
apoio à sua produção intelectual, lutavam para se inserir no circuito cultural,
publicando em jornais e periódicos, contribuindo desse modo, para estabelecer relações de mercado no
universo cultural.” (FANINI, 2003, p. 2)
Através
de um personagem fictício, Aluisio de Azevedo se fez ver. Sabidamente Aluisio de Azevedo era republicano, divergia
dos padres e da educação clerical. Aluisio de
Azevedo “...acobertou-se sob
pseudônimos (...) para atacar os padres, numa irreverência
descabida(...)” (p. 11, O Coruja). A
posição de Aluisio de Azevedo pode fazer-se reconhecer no personagem Coruja, em
suas qualidades e atitudes. Para refletir sobre as
relações entre esses elementos,
utilizaremos como categorias: mediação,
socialização, sociologização, reciprocidade,
projeto e desejo de ser, episodio, atmosfera humana, clima
antropológico, contexto sócio-antropológico.
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Fonte:
Fonte:
Aluna
Lara Beatriz Fuck : “A possibilidade de compreender “O Coruja” de Aluisio de
Azevedo do ponto de vista de formação”. Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2008.
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