Para baixar este livro gratuitamente em
formato PDF, acessar o site do “Projeto
Livro Livre”: http://www.projetolivrolivre.com/
(Download)
↓
(Download)
↓
Os livros estão em ordem alfabética: autor/título (coluna à esquerda) e título/autor (coluna à direita).
---
Philomena Borges
A história de Philomena Borges se passa no Rio de
Janeiro, no século XIX. Considerada a “flor
das moças do Catete”, ela é filha de D. Clementina de Araújo e de um burguês conselheiro do império.
Acostumada à vida
relativamente confortável e
também de exposições sociais,
Philomena cresce presenciando
os gastos sem
previdências do pai
com jogos, chás
da tarde e,
nas palavras de
Aluísio Azevedo, confeitarias.
Apesar dos esbanjamentos,
o político português sabia como conservar as conveniências de sua posição social e proporcionava reuniões
famosas pelos seus requintes.
Philomena
apreciava passar horas,
afastada em jardins,
olhando o céu estrelado
a sonhar. Era a típica moça sonhadora que aos quinze anos vivia rodeada por novelas românticas a ler madrugada
adentro.
Sempre
bonita e de
olhar ausente, ela
apenas marcava presença
nas reuniões de sua casa como um
bibelô no canto da sala, às vezes tocando piano, na maioria das outras apenas com olhar distante,
o cabelo ora preso sobre a nuca, ora solto sobre
os ombros, o
pescoço levemente à
mostra, o corpo
obedecendo às regras do espartilho e as mãos cruzadas em
descanso sobre o ventre.
Pela época de seus dias de debutante, o pai de Philomena
falece, vítima de uma apoplexia
e a deixa,
ela e a
mãe, com um amontoado de
dívidas. Apenas o prédio
onde moram não é constado na lista de penhores, pelo fato de ser herança da
órfã. Além disso,
antes de falecer,
seu pai havia
sido amigo do
Imperador, portanto, este acaba
por beneficiar as duas.
A partir de
então, D. Clementina
acredita que apenas
um bom casamento para
sua filha pode salvá-las de um rebaixamento social. E não cogita a hipótese de trabalhar para sobreviver, pois, para ela isso
seria vergonhoso.
É nesse momento
que a progenitora
inicia uma caçada
incansável por um marido para
Philomena. Para tal
investida, elas trocam
a casa, por
uma inferior e gastam
o mínimo que ainda lhes resta, por parte das ajudas do imperador, em festas em casas de condes e, às vezes, em seu próprio
lar, assim como em vestidos para a moça
ser vista pelos pretendentes.
or esta época, João Borges, um homem de meia idade,
também conhecido como João
Touro, casualmente faz
uma visita à
casa de D.
Clementina, para acompanhar
o amigo Guterres.
De imediato, o
homem pacato e
rústico, filho de português e
conhecido na Praça
do Comércio como
um exímio trabalhador
que acumulou fortuna
razoável, vê-se encantado
como nunca pela
pequena que, naquele momento, cantava ao piano, um romance
de Tosti. Desse
momento em diante,
o homem caturro,
que tinha fama
de jamais ter olhado uma
mulher com interesse,
fixa a idéia
de pedir a mão de
Philomena em casamento.
A mãe da jovem sonhadora, preocupada com o futuro da
filha, expunha-a aos seus pretendentes
durante as reuniões
sociais, na expectativa
de que algum pudesse
se tornar esposo da moça. Porém, as recusas de Philomena (ora pelo fato de
o pretendente ser
alto demais, ora
por ser gordo,
ora por não
ter postura de lorde),
acabavam por intensificar a angústia da mãe pela pobreza iminente.
Mesmo diante
da angústia, a
própria mãe, de
certa forma, acabava incentivando
a jovem a
se comportar assim,
ensinando-lhe que havia
algumas “classificações” para
a escolha de um bom
partido. Tais classificações variavam desde
o tipo de
marido ‘ótimo’, ‘bom’
até o ‘ruim’.
Diante disso, D.
Clementina afirmava que
haveria de aparecer
um homem rico,
acima da média
dos que procuravam
pela filha. E nessas
considerações, ao conhecer
João Touro, a mãe inicia
sua corrente de argumentos à filha na esperança de que ela decidisse por ele mesmo, pois, era o mais abastado do que todos
os outros.
Mas,
Philomena ainda teve
que assistir à
morte da mãe
e esperar, depois disso, seis meses para aceitar o pedido e se
casar com Borges. Mesmo não sendo ele
seu ideal de marido, ela decide contrair núpcias para poder sobreviver na selva
burguesa. Tomada
esta decisão, a moça traça algumas
metas para transformar
o marido, a todo custo, no seu
projeto do homem ideal.
E a demonstração de seus planos começa já na noite de
núpcias, quando ela o expulsa
do leito, obrigando-o
a dormir fora
do quarto. Durante
muito tempo a situação
permanece sem alteração, mesmo com os agrados constantes de Borges à esposa, do cumprimento de todas as exigências
dela, as quais, finalmente, acabam por modificar
profundamente o pacato
marido, além de
levá-lo à ruína
econômica.
Quando, então, o casamento é concretizado.
Borges faz tudo pelo sentimento que dedica à esposa, mas
nunca chegará a desfrutar do
que deseja acima
de tudo: paz
e tranquilidade ao
lado de sua Philomena.
---
Fonte:
Giane Taeko Mori Rodella: “A representação feminina nas obras de Aluísio Azevedo e Júlia Lopes de Almeida – O ethos dos autores pelos enunciadores”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Semiótica e Linguística Geral. Orientador: Prof. Dr. Antonio Vicente Seraphim Pietroforte). São Paulo, 2010
Fonte:
Giane Taeko Mori Rodella: “A representação feminina nas obras de Aluísio Azevedo e Júlia Lopes de Almeida – O ethos dos autores pelos enunciadores”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Semiótica e Linguística Geral. Orientador: Prof. Dr. Antonio Vicente Seraphim Pietroforte). São Paulo, 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário