26/10/2013

Casa de Pensão, de Aluísio Azevedo

 Aluísio Azevedo - Casa de Pensão
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Casa de Pensão: um romance que ficou no meio e serviu como meio

Escrito em forma de folhetim e, posteriormente, publicado em 1884, Casa de pensão situa-se, no tocante à data de publicação, entre O mulato, de 1881, e O cortiço, de 1890. Nessa tríade, essa obra de Azevedo, pelo menos nas histórias da literatura, foi a que menos recebeu atenção. No máximo, há comentários indicando que o romance possui qualidades elevadas, quando é comparado às outras obras do autor (as mais românticas). Josué Montello (1986, p. 79) destaca que: “Casa de pensão e O cortiço (...) situam-se no ponto mais alto da curva que descreve a evolução da obra de Aluísio Azevedo”. Ademais, os historiadores citam que Casa de pensão foi um alicerce para a construção de O cortiço, esta considerada a principal obra do autor.

Dito isso, fica claro o porquê de Casa de pensão ser um romance que ficou no meio, dado que, além de ter sido publicado entre O mulato – obra que é o marco do naturalismo no Brasil – e O cortiço, o romance analisado neste trabalho, no viés da história literária, serviu apenas de escada para uma obra, cujas características naturalistas são mais evidentes. Casa de pensão foi inspirado em um fato ocorrido no Rio de Janeiro, “a questão Capistrano”. Amplamente divulgada nos jornais na seção de notícias policiais, a tragédia envolvia o estudante Capistrano, o qual foi morto por Antônio Alexandre Pereira, irmão de Júlia, a jovem seduzida por aquele (WALDMAN apud AZEVEDO, 2006, p. 4). A “questão Capistrano” é interessante na medida em que ajuda a pensar que Azevedo, como um bom realista-naturalista, buscava os pontos que ele considerava doentes na sociedade, e que, por isso, mereciam uma atenção maior de seus leitores. Entre essas partes enfermas estariam as habitações coletivas e a vinda, feita de modo errado, de um provinciano para a capital, que alteravam a ordem da sociedade. Não seria errôneo afirmar que o fato de a obra ter sido baseada em um caso acompanhado com fervor pelos cariocas, provavelmente, teria alavancado as vendas do folhetim que depois foi publicado em formato de livro. A trama do romance consiste na ida de Amâncio, o protagonista, para a Corte. O rapaz, oriundo do Maranhão, chega à capital fluminense com o intuito de estudar medicina, hospedando-se na casa de um amigo de sua família. Porém, sua estada nessa residência é curta, dado que, persuadido por João Coqueiro, ele se muda para uma pensão. A ampla casa é controlada por Coqueiro e sua esposa, Mme. Brizard, uma mulher bem mais velha que o marido. Os quartos são ocupados por figuras diferentes: um homem que sofre com a tísica; um casal, cuja esposa depois se apaixona por Amâncio, entre outras personagens. Moram também na casa: a irmã de João Coqueiro – Amélia – César e Nini, esta última persona, uma moça histérica que é filha de Mme. Brizard.

Na casa de pensão, Coqueiro e a esposa valem-se de várias estratégias para casar o estudante maranhense com Amélia. Apesar de todos os esforços empreendidos pelo casal, o rapaz toma a jovem somente como amante, pois fica claro no decorrer do romance que ele não deseja se casar com ela.

Revoltado com a situação, Coqueiro entrega Amâncio à Justiça, alegando que o estudante de medicina havia desonrado Amélia. O rapaz vai a julgamento e é absolvido. Revoltado com a decisão do júri, Coqueiro invade o hotel em que Amâncio se achava hospedado e mata o rapaz que falece clamando pela mãe.


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Fonte:
Leonardo de Andrade Castilho: “Pensões eCortiços: o espaço nos romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo e Suor, de Jorge Amado”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa. Orientadora: Profa. Dr. Ivete Lara Camargos Walty). Belo Horizonte, 2011

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