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Cândido de Figueiredo
Antônio Cândido Pereira de Figueiredo nasceu em 19 de
setembro de 1846 em Beira Alta, Portugal. Aos treze anos, escreveu uma
descrição de sua aldeia que foi publicada na revista Almanaque. Assim, podemos
perceber sua forte inclinação aos estudos literários. Viveu em sua terra natal
até 1861, ano em que se mudou para Viseu, com o objetivo de estudar no liceu
dessa cidade. Segundo Cabañas (2005:21), Figueiredo foi aprovado com louvor no
exame de português do liceu graças ao seu talento literário.
Aos 21 anos formou-se no curso superior de Teologia
“e, por falta de recursos econômicos, admitia a vida eclesiástica mesmo sem
vocação” (Op.cit.:23). Vivia, no entanto, dividido entre a carreira
eclesiástica e as letras. Em Janeiro de 1868, com a ajuda de seus amigos e do
pai, publicou seu primeiro livro, Quadros Cambiantes.
Ainda segundo informações de Cabañas (2005:23),
pudemos saber que esse livro teve tão boa aceitação que o chefe do partido
reformista do distrito, João Mendes, que era um homem rico e influente, decidiu
financiar os estudos de Figueiredo na Universidade de Coimbra. Assim,
Figueiredo iniciou o curso de direito.
No segundo ano de faculdade, no entanto, Figueiredo
enfrentou sérias dificuldades financeiras para continuar o curso, pois, por
problemas econômicos e familiares, João Mendes não pode mais financiar seus
estudos. Algum tempo depois, o universitário passou a receber auxilio
financeiro da poetisa D. Mariana Angélica de Andrade, conhecedora e admiradora
de seus poemas. Figueiredo e a poetisa passam a ser amigos e confidentes.
Cabañas (2005:24) ainda relata que, durante os anos de
faculdade, Figueiredo publicou outro livro, Poema de Miséria, e manteve-se
próximo aos literatos e jornalistas. Dessa forma, colaborou na revista Folha,
importante revista acadêmica da época, ajudou a fundar a Revista, órgão de uma corporação literária e científica e
assumiu a direção e a gerência do Instituto, nos três últimos anos de faculdade.
Em julho de 1874, Figueiredo conclui o curso de
direito e após a formatura casou-se com D. Mariana Angélica de Andrade, sua
protetora financeira nos anos de faculdade. Por ter recebido ordem
eclesiástica, Cândido de Figueiredo teve que entrar com processo de pedido de
dispensa pontifica para receber a autorização da igreja para casar-se.
Foi inspetor extraordinário das escolas do distrito de
Coimbra, arquivista do Ministério da Justiça e trabalhou na Direção Geral do
Registro Civil e Estatística. Como jornalista, empregou-se no Jornal da Noite, substituiu um amigo por
algum tempo no Jornal Correspondência de Portugal, fundou a revista literária Cenáculo, foi diretor do
Diário de Portugal e fundou e dirigiu os jornais A Capital e O Globo. Também abriu um escritório de advocacia e
seguiu a carreira jurídica, porém nunca deixou as atividades literárias e
jornalísticas.
Em 1880, Figueiredo, após enfrentar várias doenças
graves, ficou cego. Ainda segundo Cabañas (2005:26), o escritor, naquele
momento, “Profundamente deprimido, pois não podia mais ler nem escrever,
isolou-se em sua casa. Com o tempo, entretanto, desenvolveu a habilidade de
escrever, mesmo sem a visão.”. Contrariando as previsões médicas, após muitos
meses, Cândido de Figueiredo começou a recuperar a visão.
Mal havia superado o problema da cegueira, em novembro
de 1882, outro drama aconteceu na vida de Figueiredo, a morte de sua esposa, a
poetisa Mariana Angélica de Andrade, com quem teve duas filhas, Rosalina e
Corina. Algum tempo depois, casou-se com Antônia Piedade Serrano e dessa união
teve quatro filhos: Flávia, Reinaldo, Octávio e Dora. (Cabañas, op.cit.)
Sabemos ainda que Cândido de Figueiredo escreveu
também o Novo Dicionário da Língua Portuguesa e foi um dos precursores dos consultórios gramaticais
e um de seus representantes mais famosos e respeitados. Graças a seus escritos
sobre a língua portuguesa foi membro da Academia das Sciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras. Publicou também
muitos livros, nos quais compilou artigos já publicados na imprensa, escreveu
novos textos e divulgou os consultórios gramaticais.
No final do século XIX e início do século XX, seus
livros sobre a norma tradicional da língua portuguesa eram bastante vendidos e tiveram
diversas edições. Alguns desses livros são: Lições Práticas da Língua
Portuguesa (3 volumes); Problemas da Linguagem (2 volumes); O que se não Deve
Dizer (2 volumes); Os Estrangeirismos (2 volume); Falar e Escrever (3 volumes);
A Ortografia no Brasil (1 volume); O Problema da Colocação dos Pronomes (1
volume) e Vícios da Linguagem Médica (1 volume).
Os livros, Lições Práticas da Língua Portuguesa
(volume I), O que se não Deve Dizer (volume I) e Falar e Escrever (volume III),
analisados para o presente trabalho, possuem, entre os escritos, diversas
consultas gramaticais. A seguir falaremos sobre cada um desses livros.
Lições Práticas da Língua Portuguesa, obra publicada
em três volumes, com primeira edição no primeiro semestre de 1891, teve tiragem
de mil exemplares e foi esgotada em poucas semanas. Foi reeditada, então, em
setembro de 1891 em segunda edição e em 1904 e 1911 em quarta e quinta edições,
respectivamente.
No “Antelóquio” da primeira edição do primeiro volume
de Lições Práticas da Língua Portuguesa, Cândido de Figueiredo mostrou-se
incomodado com as “incorreções linguísticas” veiculadas pela imprensa, deu a si
o nome fictício de Caturra Junior e explicou como surgiu e em que consiste o
livro em questão:
Viu isto Caturra
Junior, um ingênuo e obscuro cultor da língua pátria, e consagrou algumas horas
de ócio ao respigo das numerosas incorreções, que passam, sem contestação nem
reparos, através do jornalismo e do povo que lê.
Essa colheita,
com as respectivas correções, foi o assunto de algumas dezenas de cartas que,
divulgadas pela imprensa, acarearam a mais lisonjeira aceitação, e sugeriram
consultas, dúvidas e discussões, que dilataram o plano do autor, e converteram
o seu trabalho num curso regular de linguagem prática (Figueiredo, 1911: 6).
Assim, em Lições Práticas da Língua Portuguesa (1911),
primeiro volume, Figueiredo compilou tanto suas cartas, escritas com o
pseudônimo de Caturra Junior e dirigidas ao redator do jornal Português, em que
comentou as constantes incorreções linguísticas na mídia (revistas e jornais),
quanto as cartas dos leitores, com suas respectivas respostas. Acreditamos que
as cartas publicadas nesse livro foram recebidas e respondidas por Figueiredo
enquanto produzia seu trabalho de crítica à imprensa.
Por haver, no primeiro volume de Lições Práticas da
Língua Portuguesa (1911), aqui analisado, a interlocução entre Caturra Junior
(Cândido de Figueiredo) e os leitores, que lhe escreviam para fazer-lhe
perguntas ou comentários sobre a norma prescritiva formal da língua portuguesa,
podemos dizer que parte desse livro já se constituía como um consultório
gramatical.
No livro O que se não deve dizer, que teve primeira
edição em 1903 e terceira e quinta edições, respectivamente, em 1916 e 1929,
Figueiredo mesclou novamente artigos em que comentou problemas linguísticos,
como por exemplo, os constantes artigos que discutiam ortografia (tema
recorrente na época, como já mencionamos), com textos típicos dos consultórios
gramaticais, em que ele respondia a perguntas dos leitores (consulentes).
No “prefácio” da primeira edição do primeiro volume de
O que se não deve dizer), denominado “Em vez de Prefácio”, o autor justificou o
título desse livro, quando disse que esse poderia ser o título de qualquer uma
de suas obras, pois tudo que havia feito nos últimos anos era apontar “o que se
não deve dizer ou escrever”. Em seguida, falou sobre o subtítulo “Notas de
Filologia”, justificado, segundo ele, pela variedade e natureza dos estudos
desse livro. Dessa forma, apontou a não uniformidade dos textos presentes nessa
obra.
O primeiro volume de O que se não deve dizer (1929) se
divide em duas partes, denominadas “Princípios e Fatos” e “Crítica Suave”, a
primeira parte é composta por artigos e consultórios gramaticais e a segunda,
por respostas a diversas críticas feitas ao consultor por outros estudiosos da
linguagem ou por falantes comuns. “Princípios e Fatos” inicia-se na página 13 e
termina na página 183 e “Crítica Suave” vai da página 187 à página 306.
O livro seguinte de Figueiredo, Falar e Escrever,
possui os seguintes subtítulos: “Novos Estudos Práticos de Língua Portuguesa” e
“Consultório Popular de Enfermidades da Linguagem”. O segundo subtítulo do
livro sugere que temos um livro quase inteiro de consultórios gramaticais, em
que os consulentes fizeram perguntas sobre os usos “corretos” e “incorretos” da
língua portuguesa e o consultor Figueiredo, ao respondê-las, apontou os
problemas (enfermidades) de nossa língua.
Falar e Escrever, que é um livro constituído por três
volumes, com primeiro edição em 1906, segunda e quarta
edições, respectivamente, em 1917 e 1929, também pode ser considerado uma
retomada de Lições Práticas da Língua Portuguesa, como o primeiro subtítulo do
livro sugere, pois muitas das características de um livro aparecem no outro.
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Fonte:
Fonte:
Iara Lucia Marcondes: "Os consultórios gramaticais: um estudo de preconceito
e intolerância linguisticos". (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Língua Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
para a obtenção do título de Mestre em Letras. Orientador: Profa. Dra. Marli
Quadros Leite). São Paulo, 2008.
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
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