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Biografia de Paulo Setúbal
Paulo
Setúbal nasceu em Tatuí, no dia 1º de janeiro de 1893 com nome de Paulo de Oliveira
Leite Setúbal. Era filho de Antônio de Oliveira Leite de Setúbal e de Maria
Teresa Nobre Setúbal, que tiveram mais oito filhos. O pai, comerciante, morre
em 1898 e a família se muda para São Paulo em busca de melhores condições de vida junto a
família de sua mãe.
Sua vida
foi marcada pela tuberculose, que o perseguiu desde os tempos do Largo de São
Francisco, quando iniciou seu curso de direito. Teve que abandonar o curso para
se tratar, primeiro de volta à Tatuí e depois em Campos do Jordão.
Recuperado,
volta a São Paulo e conclui em 1915 o bacharelado em direito. Torna-se promotor
público, interino, mas se exonera do cargo e começa a advogar. Deixa São Paulo
novamente e se estabelece em Lages, Santa Catarina, para novo tratamento de saúde, junto a seu irmão
João Batista.
Como já havia feito antes, em Lages retoma sua prática de
jornalista, profissão que era mais afeito, graças a sua facilidade de escrever
de modo incisivo, direto e franco,
como afirma Nereu Corrêa:
“Os jornais existentes em Lages, em 1919, eram O Planalto e O
Lageano, que abriam
maior espaço para os assuntos de interesse regional [...]. Mas raro era o n
mero em que não apareciam colaborações de cunho literário...”
Neles, a
presença de Setúbal se percebe desde a edição de 25 de janeiro de 1919 com a Correspondência
de Lages.
Seu retorno a São Paulo é marcado pela publicação de Alma
Cabocla em 1920, o primeiro
e único livro de poesia de sua produção, editado por Monteiro Lobato, que já havia
publicado alguns de seus poemas na Revista do Brasil.
Casa-se em 1922 com Francisca de Souza Aranha com quem teve três
filhos: Olavo, Maria
Vicentina, e Maria Teresinha.
Publica em 1925 A Marquesa de
Santos e em 1926 O Príncipe de Nassau, mesmo ano em que leva ao
palco do Teatro Municipal a peça Um Sarau no Paço de São Cristovão,
obra que não foi publicada nem que consta em suas “obras completas”, publicadas
por anos pela Companhia Editora Nacional.
Em 1927
publica As Maluquices do Imperador e no ano seguinte uma espécie de continuação,
Nos Bastidores da História.
Elege-se
deputado estadual em 1828, mesmo ano da publicação de A Bandeira de
Fernão Dias, mas não se adaptou a vida política. Acabou se tornando o
orador oficial da Casa, graças a sua verve, mas enquanto parlamentar teve uma
atuação apagada. Após dois
anos de mandato, renunciou ao cargo.
A saída
da Câmara coincidiu com nova crise de tuberculose e com sua viagem, no início
de 1930 à Suíça onde passou por uma cirurgia em seu enfermo pulmão. Retorna ao Brasil e, em
1932, participa ativamente como orador do movimento constitucionalista paulista
contrário a Getúlio Vargas em pleno vale do Anhangabaú.
Seus
discursos inflamados de “paulistanidade” eram frequentes na rádio. O Ouro de Cuiabá
e Os Irmãos Leme saem em 1933, dando continuidade aos livros com teor bandeirante iniciado com
a publicação da biografia de Fernão Dias. Ainda nesta linha, publica El-Dorado em
1934, O Sonho das Esmeraldas e O Romance da Prata, ambos em 1935.
Em 1934 torna-se membro da Academia Brasileira de Letras, sendo
levado para tal casa pelas
mãos de Alcântara Machado50 que em seu discurso, na posse de Setúbal, afirma:
“Poeta, sois o cantor comovido e suave do que São Paulo encerra de
mais extreme e
castiço - o interior, a fazenda, o caboclo. Romancista buscais inspiração nas crônicas, em que se
conta ingênua ou enfaticamente como se edificou o Brasil. De sorte que até hoje
nenhuma página escreveste em que não lateje o sentimento de nacionalidade.”
Os problemas de saúde, ampliados por sua participação ativa nos
comícios durante o levante
paulista, agravaram-se e uma nova crise pulmonar o atingiu em 1936. Viajou para São José dos
Campos, aquela que seria sua última tentativa de cura. Publica neste ano seu
último livro, Ensaios Históricos, afastando-se da narrativa (alegórica)
da História e se aproximando
de um texto mais reflexivo, na forma de ensaio. Morreu em 1937, vitimado pela
tuberculose, deixando o livro Confiteor, autobiografia publicada nesse
mesmo ano. Monteiro Lobato, seu editor e amigo escreveu um texto, quase um
epitáfio, sobre sua morte:
“E está
morto Setúbal!... A morte sabe escolher; pega de preferência o que é bom, as
pestes ficam aqui até o finzinho. Morreu Setúbal e com isso nossa terra está podada de algo
insubstituível. Onde, em quem, aquele fogo olímpico, aquela bondade gritante e
extravasante como champanhe, aquele dar-se loucamente a todas as ideias nobres,
ricas de beleza? Onde, em quem, a coisa maravilhosamente linda, e boa, e saudável, e reconfortante, que foi a
breve passagem de Setúbal pela terra? Desse Paulo tão generoso, nobre a
despreocupado no dar-se, que em quatro décadas queimou uma reserva de vida que para outro, mais
calculista, daria para oitenta anos? Sim, o céu ontem fez muito bem em chover.
Setúbal mereceu grandemente essa homenagem, esse misturar das lágrimas do tempo com as dos seus
amigos...”
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Fonte:
Fonte:
Gerson Donato: “Pompa e
circunstância Memória e História na São Paulo de 1926.” (Tese de Doutorado. FFLCH
- Departamento de História Programa de História Social - USP - Universidade de
São Paulo. Orientadora: Profa. Nanci Leonzo. São Paulo, 2013. Disponível em: www.teses.usp.br/
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