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Imagem: o símbolo como recurso
Esphinge é considerado por muitos
estudiosos da literatura como um romance essencialmente simbolista; de acordo
com Causo (2003, p. 114) pelas alusões orientalistas, no modo maneirista da
descrição de ambientes e na “condenação da Era da Máquina” feita por um dos
personagens. Lúcia Miguel Pereira (1988) esclarece que as produções simbolistas
se expressam em “frases retorcidas”, “de tonalidades crepusculares” e nisso
encontra-se sólida confirmação na narrativa. Os problemas mais recorrentes do
Simbolismo na prosa dizem respeito à chamada “literatice”, que é o excessivo
jogo de palavras cujo mérito principal parece ser o de demonstrar a perfeita
articulação verbal que provava a capacidade do poeta. Instaurando-se através de
uma narrativa divagatória e subjetiva, carecia de enredo. Segundo Broca (1952
apud BOSI, 2006, p. 293), “era a assimilação do pior Simbolismo pelo pior
Parnasianismo”, por isso, “se tornou um dos principais alvos dos modernistas”.
No caso de Esphinge, é possível
encontrar alguns elementos que conduzem à literatice, porém, o ritmo da
narrativa conduz a um enredo que provoca e motiva à elucidação.
O Simbolismo (mais
especificamente, o “símbolo”) encontra-se disseminado por toda a obra, desde
nomes, a objetos, em geral96. Alguns exemplos: o manuscrito entregue por James
ao narrador, em si, constitui a essência da escola em questão: é um material cujas
páginas trazem riscos sinuosos, zigue-zagues, teias intrincadas de escrita,
letras em espirais – de tal modo enigmáticas que “perdiam o caracter graphico
tornando-se necessario adivinhal-as” (Es., p. 64); à capa do outro livro (o que
continha os segredos da criação de James Marian), uma ilustração com dois
lírios, um “airoso” e outro “murcho”, a que o próprio James alude a presença do
símbolo: “Não havia duvida – era um symbolo encerrando todo o mysterio daquelle
escripto arrevesado” (Es., p. 139); James Marian é visto vestido em uma túnica branca
quando de suas aparições; Miss Fanny, quando vista no jardim, também exibe
vestes brancas: “a cor branca” foi considerada “obsessão, porquanto resumia o
ideal de arte simbolista: a vaguidão, a languidez, o mistério, a
espiritualidade, a pureza, o etéreo, o oculto” (MOISÉS, 1988, p. 12); as
estátuas no jardim de Arhat representam o hibridismo à que submeteu James
Marian, mostrando ao convívio do mesmo a existência de outros “seres plurais”:
“uma mulher com cabeça de elephante, um monstruoso idolo de cujo tronco partiam
numerosos braços [...]” (Es., p. 71); e, mais adiante na narrativa, percebe-se
a crítica à religião da inglesa Miss Fanny (protestante) dada a precariedade de
símbolos, o que incomoda Frederico Brandt:
Chegamos á capela – núa, sem um
symbolo a não ser a cruz triste, de ferro […]. […].
Brandt - Não! Não compreendo religião sem ritual, nem ritual sem
pompa. […] Tudo isto é a creação, não é Deus. E esta capel a é uma casa
deserta, corpo morto a que falta...
Narrador - Um idolo...
Brandt - […] o symbolo, o symbolo, o eterno e necessario symbolo.
(Es., p. 149/151-2).
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Fonte:
Claudia Jane Duarte Maydana: “Decifrando
os enigmas da Modernidade em Esphinge, de Coelho Neto”. (Dissertação
apresentada como requisito parcial e último para a obtenção do grau de Mestre
em Letras Área de concentração: História
da Literatura Orientadora: Profa. Dra.
Claudia Luiza Caimi - Universidade Federal do Rio Grande – FURG). Rio Grande, 2010.
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