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A obra dramática de
Gonçalves Dias
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A peça Patkull situa-se
no ano de 1707, estende-se de Mecklenburgo a Dresde, e vai até Casimir na
Polônia. Patkull, o herói, é um guerreiro destemido, nativo da Livônia, local
dominado, sucessivamente, por Carlos XII, da Suécia, por Pedro, o Grande, da
Rússia, e por Augusto II, eleito rei da Polônia e posteriormente destronado. Em
defesa de sua terra, Patkull vai para os
campos de batalha deixando a noiva, Namry Romhor. O anti-herói, Paikel, suposto
amigo de Patkull, e antigo namorado de Namry Romhor, com a ausência do
guerreiro tenta recuperar o amor da heroína. Embora Namry mantenha o
compromisso de honra com Patkull, Paikel faz com que pareça que Namry traiu o
noivo, desencadeando uma série de acontecimentos que culmina com a morte do
herói.
[..]
Todas as peças de Gonçalves Dias são, portanto, inspiradas em fatos históricos e têm o desenlace sangrento como ponto comum: em Patkul, o herói morre ao ser incitado por Paikel a lutar nas disputas territoriais; em Beatriz Cenci, o vilão Francisco Cenci é envenenado, mas antes de morrer mata Lucrécia, madrasta e confidente de Beatriz; em Leonor de Mendonça, a protagonista é acusada de adultério e, apesar de inocente, é assassinada pelo marido; e, em Boabdil, o amor de Zoraima e Aben-Hamet é descoberto, e o casal condenado à morte. Além disso, as peças apresentam, de alguma forma, personagens femininas sujeitas ao domínio do pai e do marido. Namry Romhor abdica do amor a Paikel em respeito ao pai que a prometeu a Patkull; Beatriz deixa-se seduzir pelo pai; Zoraima casa-se com Boabdill por imposição paterna, e Leonor de Mendonça é castigada pelo marido, por um crime que não cometeu.
Todas as peças de Gonçalves Dias são, portanto, inspiradas em fatos históricos e têm o desenlace sangrento como ponto comum: em Patkul, o herói morre ao ser incitado por Paikel a lutar nas disputas territoriais; em Beatriz Cenci, o vilão Francisco Cenci é envenenado, mas antes de morrer mata Lucrécia, madrasta e confidente de Beatriz; em Leonor de Mendonça, a protagonista é acusada de adultério e, apesar de inocente, é assassinada pelo marido; e, em Boabdil, o amor de Zoraima e Aben-Hamet é descoberto, e o casal condenado à morte. Além disso, as peças apresentam, de alguma forma, personagens femininas sujeitas ao domínio do pai e do marido. Namry Romhor abdica do amor a Paikel em respeito ao pai que a prometeu a Patkull; Beatriz deixa-se seduzir pelo pai; Zoraima casa-se com Boabdill por imposição paterna, e Leonor de Mendonça é castigada pelo marido, por um crime que não cometeu.
Ao analisarmos as peças de Gonçalves Dias
sob uma linha cronológica, observamos que as duas primeiras, Patkull
e Beatriz Cenci, frutos
de um espírito jovem, apresentam alguns problemas na estruturação e no
entendimento do enredo. Em Patkull,
drama composto por cinco atos, o protagonista desaparece no final do ato I e
reaparece em cena nos dois últimos atos, quando já está sendo julgado e
condenado à morte. Neste entremeio, o triângulo Patkull – Namry – Paikel é
substituído por Namry – Paikel – Berta, esta última, dama de companhia de
Namry, que havia sido seduzida e abandonada, por Paikel, no passado. Os três
habitam a mesma casa na ausência de Patkull, e vivem se acusando uns aos
outros. Desta forma, o leitor não tem acesso a um fato muito importante, de
perspectiva política, que seria o período de ausência de Patkull enquanto
lutava em defesa da Livônia. Além de não ter relatado os fatos históricos
ocorridos no período, o autor usa, para preencher a lacuna, um segundo
triângulo amoroso de baixo valor dramático. Outro problema da peça, que
prejudica o entendimento do leitor, é a forma como Gonçalves Dias refere-se a
Namry Romhor, ora tratando-a pelo nome e ora pelo sobrenome, como se fosse uma
outra personagem.
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Fonte:
Fonte:
Ana Cláudia Rôla Santos: “A obra dramática de Gonçalves
Dias”. Belo Horizonte, v. 9, p. 11-19, dez. 2005, disponível em: http://www.letras.ufmg.br
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