26/01/2014

Mistérios de Lisboa, de Camilo Castelo Branco

 Mistérios de Lisboa, de Camilo Castelo Branco
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No que diz respeito a Mistérios de Lisboa, como o próprio título o confirma, trata-se de uma paródia aos romances-folhetins franceses, onde não falta o castelo de Cliton, que nos faz pensar em Morne au diable, de Eugène Sue, bem como nos das histórias de Ann Radcliffe, conforme podemos perceber através deste diálogo entre Pedro da Silva e o visconde de Armagnac:

« – De quem é aquele palácio?
– Da duquesa de Cliton.
– A casa é lindíssima!...
– Por fora... Ali há mistérios horríveis entre aquelas paredes [...], os mortos dão ali os seus bailes e saltam por esses prados, com as suas mortalhas, como ursos brancos [...]. A vossa predileta Radcliffe, se conhecesse aquele castelo, dava-vos mais vinte romances... »

com intrigas múltiplas e diversificadas que se entrelaçam no conjunto dos três volumes da obra, como nessa passagem aqui transcrita:

« Enganei-me. É que eu não conhecia Lisboa... Cuidei que os horizontes do mundo fantástico se fechavam nos Pirinéus e que não podia ser-se peninsular e romancista, que não podia ser-se romancista sem ter nascido Cooper ou Sue... os romances são uma enfiada de mentiras desde a famosa Astreia, de Urfé, até ao choramingas Jocelyn, de Lamartine... »
(grifos nossos)

Como vimos, Camilo parodia o gênero, os autores, sacode a perspicácia do leitor através das intervenções do narrador no meio da narrativa, levando-nos a observar uma sátira aos costumes e uma paródia aos romances-folhetins, o que já o aproxima e muito do romance realista.

Confirmando ser este livro realmente um folhetim e com bastante semelhança aos franceses de Sue e Hugo, vejamos o que afirma Alexandre Cabral, no tocante aos protagonistas da obra de Camilo:

« ... os protagonistas desse romance-folhetim são personagens estranhas que têm em comum a faculdade exótica de mudarem de nome com a mesma facilidade como quem muda de camisa. »
(grifos nossos)


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Fonte
Ocenilda Santana de Sousa:  "A luta de classes e a ascensão social  à época do Romantismo".  UNIVERSITÉ DE LIÈGE FACULTÉ DE PHILOSOPHIE ET LETTRES SECTION DE PHILOLOGIE ROMANE. Disponível em: http://home.scarlet.be/

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