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Folhetim da Escravidão: o Caso de Bernardo Guimarães
Já em O garimpeiro, de 1872,
Bernardo Guimarães tocou no problema do cativeiro
africano entre nós, embora buscando relativizar as dicotomias senhor escravo,
explorador x explorado, ao apresentar relações de afetividade e acomodações individuais não predominantes no regime servil
brasileiro. Nesse âmbito, reconhecendo uma
rara convivência pautada pela lealdade e proteção mútua entre cativos e os seus
donos, no romance O garimpeiro, Hélio
Lopes fez esta anotação:
Cumpre assinalar ao lado de
Simão, o fiel amigo de Elias, a escrava Joana,
fiel amiga de Lúcia. São confidentes dos amantes. Joana é alforriada aos rogos de Lúcia. O Major, em
suas aperturas econômicas, não a poderá
vender. O amor da branca vem a conservar, a seu lado, a escrava. O amor da escrava-livre
a faz conservar-se ao lado da
branca-senhora. É otimista o relacionamento entre senhores e as poucas escravas negras no sítio do Major
(1991, p. 6-7).
Ao contrário do que constatamos
nos romances A escrava Isaura e Rosaura, a enjeitada, em relação a O garimpeiro,
identificamos, entre proprietário e escravaria, a representação de um relacionamento não marcado
pelo conflito, e sim pela sintonia entre
ambos. Inclusive, na dedicação de Joana e Simão aos seus donos,
respectivamente, a Lúcia e a Elias, vimos a
possibilidade de interpretá-la como uma prova da forte afetividade atribuída à etnia africana. Aliás,
entre os negros, particularmente, os dois mencionados, Bernardo Guimarães assinalou a
nobreza de caráter, a inclinação para o bem.
Através da voz narrativa, ele reverteu o padrão de certos valores sociais então
vigentes, ao valer-se, para combater a
instituição servil, de uma postura digna de nota, revelada por cativos negros. Lembremos que,
como um deus ex-machina, foi o escravo Simão
quem descobriu e doou a Elias a mina de diamantes que, pelo final da obra, viabilizou a felicidade do protagonista de O
garimpeiro junto à mocinha.
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Fonte:
Hugo Lenes Menezes (Universidade de São Paulo - USP): “Folhetim da Escravidão: o Caso de Bernardo Guimarães”. http://www.brasa.org
Fonte:
Hugo Lenes Menezes (Universidade de São Paulo - USP): “Folhetim da Escravidão: o Caso de Bernardo Guimarães”. http://www.brasa.org
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