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Afonso Celso: uma personalidade parlamentar
O sr. visconde de Ouro Preto é um
cavalheiro amabilíssimo e, como não ignoram os que conhecem a política do
Brasil, foi um dos estadistas mais influentes do Imperio. Physicamente é um
homem dos seus cincoenta annos, alto, ligeiramente trigueiro, suissas e bigodes
brancos. O seu trato é ao mesmo tempo affavel e nobre as suas maneiras
distinctas.
(O TEMPO, jornal de Lisboa, 15 de dezembro de
1889)
Filho de João Antônio Afonso e de
D. Maria Madalena de Figueiredo, Afonso Celso de Assis Figueiredo (Ouro Preto,
21 de fevereiro de 1836 – Petrópolis, 21 de fevereiro de 1912) concluiu os
estudos primários e secundários na cidade natal e matriculou-se na Faculdade de
Direito de São Paulo, onde colou grau de bacharel, em fins de 1858. Fixou-se
algum tempo na capital da província como secretário da Polícia de Minas, onde
permaneceu até 1864, quando se elegeu deputado à Assembleia-Geral tendo, porém,
curto exercício na Câmara. Seu curto exercício deveu-se à convocação, em 1866,
para o Ministério da Marinha, no Gabinete de 3 de Agosto, presidido por
Zacarias de Góis e Vasconcelos. Nesse momento, vivia o país uma penosa guerra
contra Solano Lopez – ditador paraguaio. Era a Guerra do Paraguai, ocorrida
entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), durante os
anos de 1864 e 1870.
Segundo Augusto de Lima Júnior
(1966, p. 9-10), no panfleto Afonso Celso de Assis Figueiredo – ministro da
marinha na hora amarga, “Tais eram a retidão de sua conduta, o seu amor ao
estudo e o brilho de sua inteligência, que Teófilo Otoni o chamava de ‘Afonso
Excelso’”. Em 13 de junho de 1888, recebeu o título de Visconde de Ouro Preto.
Atuou por quase trinta anos no
parlamento brasileiro como deputado e senador do Império, sendo três vezes
ministro: da Marinha, durante a Guerra do Paraguai; da Fazenda, em 1879; e do
último ministério do Segundo Reinado – o Gabinete 7 de Junho de 1889. Nesse
atuou como presidente a pedido de D. Pedro II. Entretanto, esse gabinete durou
apenas cinco meses, pois no mesmo dia em que a República foi proclamada no
Brasil o gabinete foi dissolvido, o Visconde foi preso e, em seguida, exilado
para a Europa, com destino a Hamburgo, na Alemanha. Todas essas ações foram
expedidas por ordem do Marechal Deodoro da Fonseca.
De acordo com Lima Júnior (1966),
o Visconde de Ouro Preto pode ser considerado o representante da última geração
da nobreza ouro-pretana. Outro dado interessante a seu respeito: o Visconde é o
pai de Affonso Celso de Assis Figueiredo Júnior (Ouro Preto, 1860 – Rio de
Janeiro, 1938) – o Conde de Ouro Preto. Entre dezembro de 1881 e 15 de novembro
de 1889, o Conde de Ouro Preto exerceu a função de deputado ao parlamento como
representante do então 20º Distrito Eleitoral de Minas Gerais. Portanto, governou
quase oito anos e, como registro da vida política, deixou a obra Oito annos de
Parlamento: reminiscências e notas, escrita em 1901. Apesar de ter tido,
naquela conjuntura política, participação político-parlamentar menos densa que
a do pai, foi eleito aos vinte e um anos de idade. Em suas palavras, quem lhe
“[...] abriu as portas dessa carreira foi Visconde de Ouro Preto [...] devo-as
a elle exclusivamente” (AFFONSO CELSO JÚNIOR, 1901, p. 16). Affonso Celso
Júnior reconhecia a importância em ter sido apoiado pelo pai, pois se “[...]
não fôra o amor paterno, sempre suspeito, – contrariar-se-há, – e tão cedo não
conseguirieis a cadeira” (AFFONSO CELSO, 1901, p. 10)
Além do Parlamento, Affonso Celso
Júnior atuou como professor, historiador, escritor; fundou o Jornal do Brasil,
no qual colaborou por mais de trinta anos; foi membro fundador da Academia
Brasileira de Letras e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. Note-se que sua atuação política, assim como a de seu pai,
encerrou-se em 15 de novembro de 1889, dia da Proclamação da República. Affonso
Celso Júnior foi considerado, pelos republicanos, um “[...] dos filhotes,
característicos da corrupção monarchica.” (AFFONSO CELSO, 1901, p. 16) e, na
época, foi considerado também pelo então Ministro da Fazenda Ruy Barboza
abominável no Brasil tanto quanto o pai.
Vê-se, assim, que se trata de uma
família ouro-pretana bastante representativa do cenário de fim de regime
monárquico e primeira década do regime republicano.
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Fonte:
Fonte:
NÁRLLEN DAYANE ADVÍNCULA MIGUEL: "DISCURSO
E REPRESENTAÇÕES DA MEMÓRIA NO MANIFESTO O VISCONDE DE OURO PRETO AOS SEUS
CONCIDADÃOS, DO VISCONDE DE OURO PRETO - 1891" (Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos da Linguagem da Universidade
Federal de Ouro Preto.Orientador: Dr. William Augusto Menezes). Mariana, 2014.
Nota:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
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