12/08/2014

Ensaio sobre a História da Literatura do Brasil, de Gonçalves de Magalhães

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Biografia de  Gonçalves de Magalhães

Gonçalves de Magalhães viu-se cercado, no seu tempo, de honrarias, aplausos e louvores. Durante pelo menos um decênio a atividade literária do país parecia girar ao seu redor. Hoje, no entanto, o julgamento crítico reduz-lhe o valor ao plano histórico. Assim, importa às nossas letras porque, com “Suspiros Poéticos e Saudades”, publicado em Paris no ano de 1836, trouxe o Romantismo da Europa para o Brasil; integrou o grupo inovador da revista “Niterói”, editada também na França e empenhada em difundir o novo ideário estético; preocupou-se em dotar a literatura pátria de novos gêneros ou cultivados entre nós de modo incipiente, como o teatro, o romance, a crítica e os estudos históricos; interessou-se pelos problemas da filosofia, cogitação esta mais rara nos meios cultos do país. Destaca-se, assim, em Gonçalves de Magalhães, a sua vocação pioneira, a sua tendência para abrir ou ampliar caminhos, e, ainda, a sua personalidade estimuladora, atuante e reformista. Faltava-lhe, porém, o poder criador, o mérito artístico, o talento, em suma, que transfigurasse a sua obra num valor permanente e transcendesse a sua influência pessoal.

Também a prosa de ficção atraiu o espírito inquieto e construtivo do poeta de “Urânia”. Sílvio Romero classifica-o como um dos iniciadores do romance e do conto brasileiros. “Amância”, que é a sua contribuição à novelística nacional, foi publicada em 1844 com o subtítulo de novela. Trata-se de página de interesse, hoje, puramente documental, história melodramática, “de uma fraqueza incontestável”, como anotou o crítico sergipano, em que o autor se perde em veredas, recuos, contradições, picadas inúmeras que desviam a narrativa da necessária concentração. No próprio texto de “Amância”, a certa altura, o narrador é interrompido por uma de suas ouvintes, que o adverte: “Está bom, senhor doutor, basta de preâmbulo; conte a história e deixe-se de poesias”. Autocrítica subconsciente que Magalhães não aceita, pois esclarece que estava nos “prelúdios para dispor o auditório” e que, ao assim proceder, obedecia às regras da retórica. Amigo da prosa, conversador por índole, conforme depõem contemporâneos, escrevia com excessiva facilidade, e, dessa forma, tornava-se tagarela...

“Amância”, apesar de seus defeitos, de sua tosca estrutura, de sua vulgaridade como concepção, proporciona, ao leitor atual, não só a visão do esforço que historicamente o gênero exigiu para chegar a se caracterizar, mas dá também o conhecimento dos conceitos que regiam a sociedade de então quanto aos problemas éticos que convencionalmente regulavam as relações amorosas. Seu propósito moral é mesmo abalar as regras que obstavam as liberdades do sentimento.

Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu no Rio de Janeiro em 1811. Formou-se em medicina e foi aperfeiçoar-se na Europa. Ingressou depois na carreira diplomática, exerceu o magistério e chegou a ser eleito deputado. Dedicou, porém, o melhor e a maior parte de sua vida à literatura. Faleceu em Roma, no ano de 1882. O Imperador, de quem era amigo, conferiu-lhe o título de Visconde de Araguaia.


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Referência bibliográfica:

Panorama do Conto Brasileiro: O Conto Romântico. Seleção e notas de Edgard Cavalheiro e Mário da Silva Brito. Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 1961.

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